2018 não começou muito animador para a Spin. No primeiro semestre, a média mensal de vendas era de pouco mais de 1.600 unidades, uma queda de 20% em relação ao que a minivan vendia em 2017. Até que, em julho, foi apresentado um “facelift” do modelo. O sucesso dos aprimoramentos estéticos é bem representado pelos dados de emplacamentos. De agosto para cá, a média saltou para 2.633 unidades mensais – uma elevação de 60%. Só em novembro, foram 4.179 unidades emplacadas, número que fez a Spin fechar o mês em um inédito 14º lugar no ranking. Na linha 2019, a função de “topo de linha” é dividida entre a configuração “aventureira” Activ7, com seu estilo rústico, e a LTZ, que realça o requinte com cromados na moldura da grade do radiador, no friso traseiro e nas rodas de 16 polegadas.
Na remodelação visual apresentada em julho pela linha Spin, as mudanças foram pontuais, mas precisas. O estilo dos utilitários esportivos da Chevrolet, como o Tracker e o Equinox, foi a fonte de inspiração. O capô ficou sutilmente mais inclinado e a grade adota a atual identidade visual dos SUVs da marca. Os novos faróis são mais “esculpidos” e fluidos, com uma faixa de leds. Esperava-se que eles passassem a ser biparabólicos como os adotados no Cobalt após a reestilização do sedã, mas ganharam apenas um filete de leds, que atua como luz de posição. Na traseira, o vidro passou a ocupar a carroceria de ponta a ponta, abaixo do novo aerofólio integrado. Como ocorre no Cobalt, as lanternas invadem a tampa do porta-malas. Se não transformaram a Spin em um carro bonito – a estética da minivan jamais foi uma unanimidade –, as mudanças tornaram o estilo indiscutivelmente mais contemporâneo.
Na linha 2019, as configurações “top” concentraram mais novidades. Assim como a Activ7, a Spin LTZ traz a segunda fileira de bancos corrediça, montada sobre trilhos. Conforme necessidade dos usuários, pode ser movimentada 5 centímetros para frente e 6 centímetros para trás. Quando não há passageiros no sexto e sétimo bancos, recuar a segunda fileira amplia expressivamente o conforto dos passageiros que ali viajam. Já se a necessidade é ampliar o espaço para cargas, a segunda fileira de bancos pode ser posicionada mais à frente, o terceiro banco para dois passageiros, que agora é bipartido, pode ser totalmente “rebatido” para ficar recolhido junto ao encosto da segunda fileira de assentos. O resultado é um imponente porta-malas para até 756 litros. Com os sete lugares ocupados, restam apenas 162 litros no compartimento.
Sob o capô, todas as versões da Spin continuam a ser equipadas com o mesmo motor 1.8 bicombustível, que foi recalibrado e atinge 111 cavalos de potência abastecido com etanol e 17,7 kgfm de torque. Na versão LTZ, o câmbio pode ser manual – R$ 78.490 – ou automático – R$ 81.990. Na versão automática, com câmbio de 6 velocidades, as marchas podem ser engatadas manualmente por meio de um botão na manopla. Em termos de conectividade, a Spin explora os trunfos habituais da Chevrolet, como a central multimídia MyLink2 com tela de 7 polegadas touchscreen, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, e o sistema de telemática OnStar.
Experiência a bordo
Mudanças na superfície
Na nova Spin LTZ, alguns plásticos duros da versão anterior deram lugar a materiais de texturas e acabamentos mais sofisticados. A alternância de tons marron e preto em revestimentos do painel tentam dar um aspecto mais moderno ao interior. Os bancos também recebem a cor marron na frente e preto no verso, com costura pespontada na cor da carroceria – no caso da versão testada, o vistoso Azul Caribe, cor exclusiva da versão LTZ. Embora os ajustes do banco sejam manuais, não é difícil encontrar uma boa posição para dirigir – na Spin, o motorista fica mais elevado do que nos hatches e sedãs. Já o volante é preto, com aplique metálico sob a travessa central e a indefectível “gravatinha” dourada, e também recebe as costuras no tom da lataria. “Black piano” na moldura e no pomo da alavanca de câmbio e apliques metálicos na moldura do multimídia reforçam a ampla diversidade de tons e texturas. O quadro de instrumentos se inspira no Tracker – a tela totalmente digital dá lugar relógios analógicos com uma tela para computador de bordo.
O trilho por onde “corre” a segunda fileira é uma solução inegavelmente prática e inteligente. Com recuo máximo, é possível até se cruzar as pernas. A terceira fila deve ser reservada para crianças, não apenas pelas dimensões restritas como também pelo acesso, desaconselhável a portadores de problemas lombares, dor ciática e outros achaques que vêm com a idade. Pelo menos os sete bancos contam com cintos de três pontos e encostos de cabeça. Pontos de ancoragem para cadeirinhas infantis do tipo Isofix são de série. E, quando há necessidade de levar maiores volumes do porta-malas, a segunda fileira pode ser deslocada para a frente, o que permite rebater totalmente a terceira fileira para ampliar o espaço no bagageiro. Todos os passageiros contam com porta-copos, algo importante para um carro familiar. Mas falta um apoia-braço para o motorista. Em termos de conectividade, a central multimídia MyLink2 é compatível com Android Auto e Apple CarPlay. E a já conhecida tecnologia OnStar dá acesso a serviços de segurança, “concierge”, emergência e navegação.
Impressões ao dirigir
Sete em movimento
O motor da Spin 2019 é o mesmo da versão anterior – o veterano 1.8 flex, de quatro cilindros, 8V e injeção eletrônica multiponto. Segundo a General Motors, foi recalibrado para tornar a minivan mais econômica e mais forte nas reacelerações. A transmissão automática de 6 velocidades também foi reescalonada para conferir mais torque e trocas mais imperceptíveis. Mesmo com os sete lugares ocupados, o conjunto desempenha bem e move a Spin com razoável desenvoltura, tanto no trânsito urbano quanto nas estradas, dentro da proposta familiar do modelo. As trocas de marchas sequencias podem ser feitas manualmente, mas apenas no botão na manopla, algo que não chega a ser nada intuitivo. A versão LTZ oferece câmera de ré, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva e luzes de posição de leds de série.
Controles eletrônicos de estabilidade e tração e assistente de partida em rampas – desejáveis para qualquer modelo nesta faixa de preços e com proposta familiar – não estão disponíveis na Spin. A suspensão teve evoluções e ganhou um ajuste mais rígido, que permite baixa rolagem da carroceria, ajudando a manter o modelo estável e com maior agilidade nas curvas, apesar da altura elevada. Como “efeito colateral” desse enrijecimento, a suspensão “bate” um pouco além do esperado nos pisos desnivelados, lamentavelmente cada vez mais comuns na maioria das grandes cidades brasileiras.
Pelos dados do Inmetro, a minivan da Chevrolet registra números de 10,3 km/l (gasolina) e de 7 km/l (etanol) na cidade e de 12 km/l (G) e de 8,3 km/l (E) na estrada. Um sistema do tipo Start/Stop – que inativa o motor quando o carro para no trânsito urbano e reativa quando o motorista tira o pé do freio – também seria bem-vindo. Mas provavelmente essa tecnologia ficará para a próxima geração do modelo, que certamente incorporará um “powertrain” mais contemporâneo.