Geely Emgrand GS GT

Há pouco mais de uma década, os primeiros automóveis chineses desembarcaram no Mercosul – mais especificamente, no Uruguai. De lá para cá, foram comercializadas 27 marcas de carros, vans e caminhões leves chineses no mercado uruguaio, que emplaca anualmente cerca de 50 mil unidades. Esse volume equivale a menos de 2% dos carros comercializados no Brasil todos os anos. Hoje, apenas as marcas chinesas de melhor qualidade continuam a atuar no Uruguai. Apesar de pequeno, o mercado do país platino tem uma função estratégica para as marcas chinesas – serve para testarem a aceitação de seus produtos no Mercosul. Entre as chinesas que atuam no Uruguai está a Geely, que no último mês de abril deixou o Brasil, após dois anos de uma atuação opaca. A alta do dólar e as fracas vendas do sedã médio EC7 e do subcompacto GC2 inviabilizaram o negócio, mas a Geely garante que a saída do mercado brasileiro é temporária e trabalha para retornar logo. A marca acaba de lançar no Uruguai sua nova família Emgrand de crossovers compactos, um segmento que não para de crescer no Mercosul. E o Emgrand GS, especialmente sua variante “top” GT, pode ser uma das apostas da Geely em seu retorno ao mercado brasileiro.

Geely Emgrand GS GT

Desenvolvido sob a influência da sueca Volvo Car, controlada pela Geely desde 2010, o Emgrand GS nasceu da caneta de Peter Horbury, vice-presidente de design da Volvo e Geely, e Guy Burgoyne, ex-chefe de design da Volvo e atual diretor de design da Geely em Xangai. Sua chegada ao Mercosul aconteceu no Salão de Buenos Aires, em junho do ano passado. A variante GT é o topo da gama do crossover compacto e utiliza um motor a gasolina de quatro cilindros com 1.799 cc, 16 válvulas, injeção multiponto sequencial e distribuição de válvula variável Dual VVT. Gera 142 cavalos em 6.600 rpm e torque de 17,3 kgfm em 4.400 rpm. Funciona em parceria com uma caixa automática de seis velocidades, com modo sequencial.

Geely Emgrand GS GT

O modelo mede 4,44 metros de comprimento, 1,83 metro de largura e 1,56 metro de altura, com um entre-eixos de 2,70 metros. A frente é robusta, dominada pela grade invertida e pela grande entrada de ar inferior também central, integrada ao para-choque. Na parte superior os conjuntos óticos cobrem um setor amplo, com uma linha de leds de luzes diurnas na borda superior. De perfil, o teto desenha uma curva descendente bastante íngreme, que continua com a linha inclinada da porta traseira. Destacam-se também rodas de alumínio de 18 polegadas com pneus 225/45, que mostram as pastilhas de freio vermelhas e os discos de freio ventilados na frente e sólidos na traseira, e os grandes espelhos externos, rebatíveis ​​eletricamente. Já na traseira, a tampa do bagageiro exibe um spoiler generoso na parte superior. Na linha inferior do para-choque, duas saídas de escape largas reforçam o estilo esportivo. Na prática, a duplicação cumpre uma função puramente estética, já que apenas uma delas funciona.

O interior é onde o Emgrand GS GT surpreende. A versão tem revestimentos de couro de qualidade, combinados em dois tons e um design elegante. Longe do estilo habitual dos carros chineses, nota-se um cuidado de design tanto para as linhas do painel frontal quanto para cada um dos detalhes, com insertos metálicos de bom gosto. No console central, a tela “touchscreen” multifuncional de 8 polegadas fica acima do comandos do sistema de climatização. A alavanca da transmissão automática vem com modo sequencial de seis velocidades e é ladeada por botões que controlam o modo de condução (Eco ou Esportivo), o freio de estacionamento elétrico e o Autohold – quando o carro é freado até parar, o sistema mantém a pressão aplicada nos freios e o motorista pode tirar o pé do pedal do freio sem que as rodas sejam liberadas, o que só acontece quando o acelerador é acionado. O volante, também com revestimento de couro, é multifuncional com comandos de áudio, telefonia e controle de cruzeiro, e tem uma borda plana. Atrás está um painel de instrumentos bastante sóbrio, com duas esferas de ponteiros analógicos nas extremidades. No centro, uma tela LCD de 3,5 polegadas mostra várias informações geradas pelo computador de bordo, incluindo a pressão do ar dos pneus. Já o console de teto abriga os comandos para abrir e fechar a placa extensível que cobre o vidro do teto panorâmico e lhe dá uma aparência de chapa metálica.

Geely Emgrand GS GT

Mesmo para aqueles que ainda têm reservas em relação aos automóveis de origem chinesa fica claro que, independentemente do salto de qualidade que a Geely alcançou com base na incorporação de Volvo, toda a indústria automotiva da China já está em um estágio superior. O sinal dado pelo governo chinês para permitir em breve a instalação de novas fábricas sem precisar formar parcerias com empresas locais é uma mensagem clara para a indústria automotiva chinesa. Agora, terão de competir em igualdade de condições com marcas tradicionais em todos os mercados mundiais. E a Geely quer assumir a liderança nesse processo.

Impressões ao dirigir

Em alto nível

Geely Emgrand GS GT

Montevidéu/Uruguai – O Emgrand GS GT vem com sistema keyless – se a pessoa estiver com a chave no bolso, um sensor de proximidade desbloqueia as portas, bastando puxar a maçaneta. A primeira impressão é agradável, pois a atmosfera é espaçosa, com um design de bom gosto. Os materiais aparentam qualidade, com diferentes áreas acolchoadas nas portas, no painel e nos revestimentos internos. Os assentos são macios e o corpo imediatamente encontra uma posição confortável. Ambos os assentos dianteiros podem ser aquecidos, enquanto os ajustes do banco do motorista são feitos por comandos elétricos. Com eles e o ajuste de altura da coluna de direção, é fácil encontrar uma posição de dirigir adequada.

Graças ao sistema sem chave, ligar e desligar o motor é feito através do botão correspondente. Uma vez em movimento, percebe-se que há um bom trabalho no isolamento acústico. O barulho do motor é suave. Mesmo com o botão do modo Eco ativado, o motor responde com disposição. A transmissão atua em harmonia e oferece transições suaves, com mudanças quase imperceptíveis de marchas. Já no modo esportivo e com mudanças sequenciais, o Emgrand GS GT entrega um grau aceitável de esportividade, o suficiente para gerar um pouco mais de adrenalina. Sua capacidade de recuperação de velocidade é muito correta, com boas respostas toda vez que o motorista pressiona o acelerador.

Geely Emgrand GS GT

O sistema de suspensão é independente do tipo McPherson com barra estabilizadora no eixo dianteiro, enquanto a traseira é com barra de torção semi-independente e barra estabilizadora. Tem uma calibração muito correta e é capaz de passar por estradas irregulares sem transmitir choques ou golpes para as pessoas que viajam, absorvendo bem as irregularidades. Nas estradas em bom estado, o Emgrand GS GT demonstra um alto nível de conforto, desliza com total serenidade e é muito bem “plantado” no asfalto. O conforto é reforçado pelo assistente de arranque em subida e pelo Autohold, que evita que o motorista precise manter o pé no freio por um longo tempo. A segurança conta com controles de estabilidade e tração, além de seis airbags e Isofix para fixação de cadeirinhas de bebê.

Sem dúvida o Geely Emgrand GS GT é um crossover bastante interessante, com bom nível de equipamentos. Com alguns elementos mais, como um ar-condicionado de duas zonas, espelhos anti-reflexo ou mesmo Start & Stop, poderia se posicionar em um patamar ainda mais elevado. Mas, para um veículo que custa no Uruguai pouco mais de 33 mil dólares – cerca de R$ 124 mil –, é um produto competitivo.

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