Luiza Kreitlon/AutoMotrix

O deserto de Moab, no Estado norte-americano de Utah, sempre foi um dos lugares preferidos dos aficionados pelo off-road. É conhecido por ser extremamente árido e pelas paisagens únicas, que parecem ser de outro planeta. Não por acaso, tornou-se um autêntico laboratório ao ar livre para o desempenho fora-de-estrada e é usado pela Jeep para experimentar seus modelos. Em outubro, quando resolveu lançar no Brasil uma versão mais básica com motor a diesel do utilitário esportivo compacto Renegade, a marca norte-americana se inspirou em seu “campo de provas” preferido. Produzido na fábrica pernambucana de Goiana, o Renegade Moab é oferecido por R$ 141.790 – é o SUV a diesel mais barato do país e se posiciona abaixo dos R$ 152.090 cobrados pela Longitude turbodiesel, que anteriormente era o Jeep mais acessível com esse tipo de motorização. O objetivo da versão é ampliar ainda mais o leque de compradores potenciais do Renegade, o utilitário esportivo mais vendido no Brasil em novembro, com 6.543 unidades.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Por fora, o Renegade Moab ostenta o mesmo estilo apresentado pelo primeiro Jeep produzido no Brasil em 2015, com as discretas evoluções estéticas na grade e no para-choque apresentadas no “facelift” de 2018. A versão Moab não é uma série especial do Renegade e chegou para fazer parte do portfólio do jipe compacto. É equipada com o mesmo motor 2.0 turbodiesel com 170 cavalos de potência a 3.750 rotações por minuto e torque de 35,7 kgfm a 1.700 rpm que move os outros modelos da linha com esse tipo de motorização desde o lançamento do modelo, em 2014. Trabalha associado ao câmbio automático de 9 marchas e dispõe de um sistema de tração com opções 4×2, 4×4, 4×4 com reduzida e 4×4 com bloqueio do diferencial. O Jeep Active Control oferece configurações selecionáveis para neve, areia, lama e pedra, que adaptam a performance do motor e do câmbio, e um modo automático alternando a tração entre frontal e integral, de acordo com a demanda.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Emblemas “Moab” no alto dos para-lamas da frente e na tampa do porta-malas se encarregam de identificar a versão. Em termos de conforto e estilo, a mais recente configuração do Renegade vem com central multimídia Uconnect de 7 polegadas com conexão para Apple CarPlay e Android Auto, ar-condicionado dual zone, sensor de estacionamento traseiro, faróis de neblina, pneus de uso misto, ganchos em preto na dianteira e na traseira e visual escurecido nas rodas de liga leve de 17 polegadas e da grade do radiador. Os faróis não são em leds, como os que equipam as versões mais caras do Renegade.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Os R$ 141.790 pedidos pela configuração Moab ficam bem acima dos R$ 124.190 cobrados pela Limited, a “top” com motor 1.8 16V flex. Mas como um motor a diesel e tração 4×4 são óbvios “sonhos de consumo” de dez em cada dez compradores de utilitários esportivos, se torna competitiva. A Jeep aposta que a versão é atraente o suficiente para roubar clientes de SUVs compactos flex concorrentes em suas configurações de topo de linha, como o Volkswagen T-Cross Highline (que parte de R$ 125.690) e o Chevrolet Tracker Premier 1.2 turbo (começa em R$ 122.490).

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            O Jeep Renegade Moab está disponível em cinco cores: as sólidas Verde Recon (a do modelo testado) e Branco Ambiente e as metálicas Prata Billet, Cinza Antique e Preto Carbon. A cor branca soma R$ 780 ao preço e as metálicas aumentam o valor base em R$ 1.700. A versão não oferece opcionais, porém, a ampla linha de acessórios da Mopar permite várias possibilidades de personalização. Contudo, em um segmento tão competitivo quanto o dos SUVs compactos, é importante ficar atento às eventuais promoções. No início de dezembro, o Renegade Moab aparecia no site da Jeep oferecido por R$ 134.790 – uma economia de R$ 7 mil em relação ao preço-base.

Experiência a bordo

Rústico e básico

            Não é difícil de se encontrar uma boa posição de dirigir no Renegade Moab – além do banco do motorista ter boa ergonomia, as regulagens de altura e profundidade do volante ajudam bastante. Na frente, há bom espaço para pernas e cabeça, e atrás, duas pessoas viajam confortavelmente. Sutilmente mais despojados que os das configurações Longitude e Trailhawk, os revestimentos internos priorizam superfícies rígidas, mas aparentam qualidade.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            O Renegade é um SUV bem dotado de porta-objetos. O volante é multifuncional e os comandos no console são de fácil manuseio. O multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas da Moab é menor que o de 8,4 polegadas das versões Longitude e Trailhawk e oferece conexão Android Auto ou Apple CarPlay via entrada USB. A telefonia e os aplicativos de música podem ser conectados também via Bluetooth.

Impressões ao dirigir

Pedaços de mau caminho

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            No Renegade Moab, o habitual ronco dos motores a diesel se faz notar – para boa parte dos compradores da versão, isso é uma atração à parte. O 2.0 turbodiesel MultiJet de 170 cavalos e 35,7 kgfm, apesar de não ser nenhum primor de modernidade, tem força de sobra para mover os 1.627 quilos do mais leve modelo a diesel da Jeep. O robusto torque, disponível já em 1.750 rpm, viabiliza retomadas decididas. Nas acelerações, o câmbio automático de 9 velocidades aproveita os recursos do motor – não surgem “buracos” e o nível de vibração é reduzido. As marchas podem ser trocadas manualmente na alavanca de câmbio – não há “paddles shifts” atrás do volante, como nas versões Longitude e Trailhawk. Segundo o Inmetro, o consumo fica em 10,1 km/l na cidade em 12,5 km/l na estrada, o que rendeu uma nota “B” na categoria e “D” no geral. Na cidade e nas estradas asfaltadas, em velocidades mais elevadas, a carroceria rola pouco, apesar do 1,72 metro de altura do SUV. A direção com assistência elétrica é eficiente e se mostra leve nas manobras e progressivamente precisa conforme aumenta a velocidade.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Mas é nas trilhas que o Renegade Moab se sente em casa. A tração com reduzida e utilização dos diferentes modos oferecidos pelo lúdico Jeep Active Control – neve, areia, lama ou pedra – permitem ao pequeno SUV transpor obstáculos de nível mediano de dificuldade com algum desembaraço. A suspensão independente nas quatro rodas absorve as irregularidades com eficiência e o controle de estabilidade e de tração ajudam o motorista a manter tudo “na mão”. Os pneus de uso misto Pirelli Scorpion ATR na medida 215/60 colaboram efetivamente para que o pequeno Jeep encare de forma destemida terrenos esburacados, arenosos, pedregosos ou enlameados – topografia lamentavelmente encontrável em ruas de algumas grandes cidades brasileiras. Seja nas ruas ou no off-road, o Renegade Moab é um modelo divertido e que dá para se levar a qualquer lugar, sem medo de fazer feio.

Ficha técnica

Jeep Renegade Moab

Luiza Kreitlon/AutoMotrix
Utilitário esportivo em monobloco com 4,23 metros de comprimento, 1,80 metro de largura (sem espelhos), 1,72 metro de altura e 2,57 metros de entre-eixos
Motor: a diesel, 1.956 cm³, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, dianteiro transversal, turbo, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 16,5:1
Tração: 4×4 com reduzida e bloqueio do diferencial
Potência: 170 cavalos a 3.750 rpm
Torque: 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão: automática de 9 marchas
Freios: disco ventilado na frente e sólido atrás
Direção: elétrica
Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Oferece controle de estabilidade
Rodas: liga leve escurecidas de 17 polegadas
Pneus: 215/60 R17
Porta-malas: 320 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.627 quilos
Preço: R$ 141.790 na cor sólida Verde Recon do modelo testado. A versão não oferece opcionais

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

Veja Também:

Colabore de verdade para a qualificação do jornalismo automotivo independente – torne-se assinante, prestigie e divulgue suas publicações preferidas! A revista Roda Rio está disponível gratuitamente até o final de dezembro – para receber todas as semanas, basta enviar nome completo, e-mail, cidade e telefone para contato@rodario.com.br, com o cabeçalho “Quero receber grátis até dezembro!“. A partir de janeiro de 2021, a assinatura anual de Roda Rio será oferecida por R$ 50 – menos de um real por edição semanal!

DEIXE UMA RESPOSTA