Ford EcoSport Storm

O Ford EcoSport chegou reestilizado às concessionárias em julho do ano passado, mas guardou um trunfo na manga para a apresentação da linha 2019, que aconteceu em fevereiro desse ano: a volta da versão com tração integral. A nova versão Storm – tempestade, em inglês – ocupa a vaga da antiga 4WD, que não apostava em diferenças visuais e sempre teve uma pífia trajetória de vendas. Criado pelo departamento de design da Ford no Brasil, o estilo da Storm traz detalhes que evocam o visual robusto da picape F-150 Raptor norte-americana, como a grade dianteira bem pronunciada e com acabamento escuro, onde se destaca uma barra horizontal com o nome Storm em relevo. O “look” frontal é complementado pelos faróis de xenônio, com máscara negra e filetes de luzes diurnas em leds, e pelo para-choque mais parrudo. Na traseira, destaque para a capa de estepe rígida, também com o nome da versão em destaque. Para aumentar a percepção de tamanho, as rodas de liga leve de 17 polegadas com desenho exclusivo foram deslocadas em 1 cm para fora, o que torna o Storm 2 cm mais largo que as outras versões do EcoSport. Alguns adesivos no capô e nas laterais ajudam a explicitar a novidade.

Ford EcoSport Storm

Paralelamente às alterações estéticas criadas para a versão, a Ford enxergou o óbvio e decidiu passar a oferecer a opção 4WD do EcoSport com um câmbio automático. Algo que nunca havia sido oferecido em versões de tração integral do modelo até o lançamento da versão Storm – antes, apenas uma caixa manual de seis marchas era associada à versão 4X4. Sempre causou estranheza o fato de que quem pagava pelo modelo mais caro da linha era obrigado a dispensar o conforto da caixa automática, item que se tornou uma exigência da grande maioria dos consumidores brasileiros do segmento. Agora, a transmissão automática de seis marchas é de série na versão Storm. O câmbio é um automático “raiz” e não o automatizado de dupla embreagem Powershift, que deixou de equipar a linha EcoSport. É o mesmo que equipa os demais EcoSport automáticos, com opção de trocas manuais por meio de borboletas no volante. Trabalha associado ao motor 2.0 16V com injeção direta, de 176 cv, adotado no EcoSport partir da linha 2018.

Ford EcoSport Storm

A tração integral do EcoSport Storm é similar à usada na versão integral anterior, atua sob demanda e está sempre em funcionamento. Embora a tração seja prioritariamente dianteira, o sistema pode enviar até 50% da força do motor para as rodas traseiras. Tal sistema não é recomendável para um off-road mais radical, mas aumenta a segurança ao rodar sobre pisos com baixa aderência. O 4WD da versão Storm conta com um controle inteligente de torque, ou ITCC. Ele reúne sensores que analisam as condições de uso e distribuem o torque entre as rodas dianteiras e traseiras de acordo com a demanda em menos de um décimo de segundo, segundo a Ford. As rodas aro 17” são calçadas em pneus 205/50 de perfil baixo, idênticos aos da versão Titanium, que inspiram um uso mais urbano. Mas quem pretende desfrutar dos benefícios da tração 4X4 nas trilhas conta com um ângulo de ataque de 23,6º e 27,6º de saída, enquanto a altura em relação ao solo é de 20 cm.

Ford EcoSport Storm

A versão sai de fábrica com suspensão traseira independente do tipo multibraços, que também facilita o uso “lameiro”. Na dianteira, o sistema McPherson tradicional recebeu nova calibração de amortecedores, molas e buchas, o que permitiu aumentar o curso em 17 mm. Segundo a Ford, a capacidade de absorção de impactos na Storm é 15% melhor e a assistência elétrica da direção também foi recalibrada, o que faz com que o nível de vibração do volante tenha sido reduzido em 40% em relação às demais versões do EcoSport.

Ford EcoSport Storm

Ciente de sua importância como versão aspiracional da linha EcoSport, a Storm oferece itens de segurança importantes como controles de tração e estabilidade, sete airbags e faróis com lâmpadas de xênon, além da própria tração integral. Já o conforto é reforçado por itens de série como revestimento interno de couro, ar-condicionado automático digital, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e tetos solar. A conectividade tornou-se um dos pontos de destaque em todos os modelos da Ford e não havia de ser diferente na versão Storm, que vem com uma central multimídia Sync 3 com câmera de ré e navegador integrados. O sistema de som é um Sony com 9 alto-falantes.

Em termos de espaço no porta-malas, o EcoSport está entre os menores da do segmento de SUVs compactos, com 356 litros. A tampa do porta-malas é um tanto pesada por carregar o estepe pendurado como se fosse um “crachá de off-road”, uma opção em franco desuso. Ela se abre para a esquerda e não para cima, o que exige uma boa área livre atrás do veículo para conseguir acessar o bagageiro.

O preço de R$ 99.990 – mais conhecido como “quase cem mil” – está longe de ser barato, mas faz do EcoSport Storm o automóvel com tração integral e câmbio automático mais acessível o mercado brasileiro. É também o único utilitário esportivo compacto com tração nas quatro rodas, câmbio automático e motor flex. Já basta para dar algum trabalho a modelos como Jeep Renegade, Hyundai Creta, Chevrolet Tracker, Renault Duster, Nissan Kicks, JAC T40 e outros concorrentes no disputado rally dos SUVs compactos no Brasil.

Experiência a bordo

O lado mais bonito

Ford EcoSport Storm

Por fora, o estilo um tanto espalhafatoso do EcoSport Storm, explicitado principalmente pela palavra Storm escrita em letras garrafais na grade frontal e no estepe na tampa traseira, pode incomodar aos mais discretos. Por dentro, o modelo é mais sóbrio. Com um interior baseado na versão Titanium, as principais diferenças do Storm são o acabamento preto na forração do teto e no painel. Os detalhes em laranja na moldura do console, na parte inferior da central multimídia e nos puxadores de porta, reforçam o aspecto de esportividade e iluminam o ambiente. O acabamento da linha EcoSport melhorou na reestilização do ano passado e os materiais aparentam maior qualidade. O painel traz um agradável “soft touch”, um diferencial num segmento onde os plásticos duros imperam. O padrão de montagem evoluiu, mas ainda dá para detectar folgas em alguns encaixes.

O pacote de equipamentos de série do EcoSport Storm impressiona. Entre os mais relevantes estão sete airbags (frontais, laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista), ar-condicionado automático, chave presencial com botão de partida, teto solar com acionamento elétrico, central multimídia Sync 3 com tela “touchscreen” de oito polegadas e navegador GPS, sistema de som Sony de alta-fidelidade com nove alto-falantes e bancos com revestimento de couro.

As rodas aro 17” calçadas em pneus de perfil baixo não impedem o EcoSport Storm de ser um veículo com rodar confortável. Segundo a Ford, a capacidade de absorção de impactos na versão é 15% melhor e o nível de vibração do volante foi reduzido em 40%. A evolução nesse aspecto é perceptível.

O banco do motorista dispõe de regulagem em altura e oferece um posicionamento correto e ergonômico. Os instrumentos proporcionam leitura fácil, os comandos são bem-posicionados e o volante é ajustável em altura e em profundidade e oferece ótima pegada. A retrovisão é prejudicada pelas colunas traseiras largas e pelo estepe externo. Nas manobras de estacionamento, a câmera de ré facilita a vida do motorista. No banco traseiro, os espaços para as pernas são limitados e pessoas altas devem evitar viajar ali para não terem seus joelhos espremidos. Mas todos os ocupantes usufruem de cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça, algo bastante positivo em termos de segurança.

 

Impressões ao dirigir

Carro de passeio

Ford EcoSport Storm

O Storm é o melhor EcoSport que já existiu até hoje, tanto em termos mecânicos quanto de acabamento. Conta com o já conhecido motor quatro-cilindros 2.0 DirectFlex, que entrega 176/170 cavalos e 22,5/20,6 kgfm, com etanol e gasolina. Graças ao sistema de injeção direta, que foi adotado no EcoSport partir da linha 2018, e o bom torque de até 22,5 kgfm com etanol, o Storm oferece respostas bastante interessantes. É um SUV ágil e de acelerações espertas. De acordo com a Ford, o modelo acelera de zero a 100 km/h em 10,7 segundos e a velocidade máxima fica em 180 km/h, em ambos os casos com etanol. O consumo, segundo o Inmetro, é de 6,1 km/l na cidade e 8,3 km/l na estrada com etanol. Com gasolina, as médias ficam em 8,8 km/l e 12 km/l, respectivamente.

No asfalto, o EcoSport Storm vai bem, empurrado com desenvoltura pelo motor 2.0. No trânsito, é bem-disposto em subidas e arrancadas. Na estrada, permite fazer ultrapassagens sem sustos. Mas o motor só mostra maior ímpeto com o giro alto, embora não chegue a ser ruim em rotações mais baixas. Os 176 cavalos surgem a elevadas 6.500 giros e o torque máximo também só aparece a 4.500 rpm. Quaisquer pretensões off-road que pudessem ser estimuladas pela tração integral, pela suspensão com curso 1,7 cm  maior e pelos 20 cm de vão livre do solo são desestimuladas pelos pneus voltados para asfalto da versão. Mesmo sem ser um “lameiro” propriamente dito, a tração integral sempre garante melhor dirigibilidade e segurança em piso molhado.

O câmbio automático é suave, mas eventualmente faz trocas de marchas excessivas. Fazer reduções por conta própria, usando a função sequencial da transmissão através dos “paddle-shifts” no volante, pode resolver a questão, além de ser divertido. A direção elétrica é progressiva e os freios, com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, atuam corretamente.

Ford EcoSport Storm

Para um veículo de altura elevada, o SUV da Ford transmite segurança em curvas. O conjunto suspensivo, formado por sistemas independentes do tipo McPherson na dianteira e multilink na traseira, consegue proporcionar um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. Quando o motorista exagera na velocidade nas curvas, os controles eletrônicos entram em ação antes mesmo de o EcoSport Storm ameaçar “sair da linha”.

Ficha técnica

Ford EcoSport Storm

Motor: Dianteiro, transversal, 1.999 cm³, com quatro cilindros em linha, 16 válvulas e injeção direta de combustível, aspirado, flex
Potência: 170 cv (gasolina) e 176 cv (etanol), a 6.500 rpm
Torque: 20,6 kgfm (gasolina) e 22,5 kgfm (etanol) a 4.500 rpm
Transmissão: automática de seis velocidades, tração integral com atuação sob demanda
Suspensão: McPherson na dianteira e multilink na traseira
Pneus: 205/50 R17.
Freios: disco ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS
Direção: assistida eletricamente
Dimensões: 4,37 m de comprimento, 1,69 m de altura, 2,52 m de distância entre-eixos, 1,78 m de largura, 20 cm de altura livre do solo; ângulo de ataque de 23,6º e ângulo de saída de 27,6º
Peso: 1.469 kg
Tanque de combustível: 52 litros
Porta-malas: 356 litros
Preço: R$ 99.990.

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