Desde o final de 2014, muitos setores da economia nacional mergulharam em profundas crises – e alguns não conseguiram sair delas até hoje. Mas também existem segmentos que ignoraram as oscilações do poder em Brasília e continuaram a crescer como se nada tivesse acontecido. É o caso do setor madeireiro, que já responde por um em cada sete reais exportados pelas empresas brasileiras do agronegócio e cresce sistematicamente nos últimos anos, graças especialmente às exportações de celulose. Para atender às demandas específicas do segmento madeireiro, o Centro de Customização para Clientes (CTT) da Mercedes-Benz desenvolveu uma versão do caminhão extrapesado Axor 3344 com segundo eixo dianteiro direcional. O modelo foi um dos destaques no estande da marca alemã na Expoforest – Feira Florestal Brasileira, realizada em abril em Santa Rita do Passo Quatro, no interior paulista. Segundo a Mercedes, a plataforma fora de estrada oferece mais capacidade de carga, permite aumento de produtividade e reduz custos operacionais.

O Brasil tem mais de 7,8 milhões de hectares de florestas plantadas de eucalipto, pinus e demais espécies, que abastecem as indústrias de celulose e papel, painéis reconstituídos, siderurgia e produtos de madeira processada em todo o mundo – especialmente na China, Europa e América do Norte. Transportar essa madeira da forma mais rentável é uma preocupação constante das empresas do setor. Para atender a uma solicitação específica da Breda Logística, transportadora paulista especializada no setor madeireiro, a Mercedes-Benz criou uma versão customizada do Axor. O modelo 3344, que sai de fábrica como 6×4, ganhou um segundo eixo dianteiro direcional elaborado pela Suspensys/Randon, empresa gaúcha de implementos rodoviários. A customização do modelo inclui ainda a suspensão de quatro lâminas e o sistema de direção, além de itens disponibilizados opcionalmente, como escapamento vertical, limpador na posição vertical, acendimento automático dos faróis, proteção da chave geral, proteção traseira e sinalizador “Giroflex”. Com as alterações, tornou-se o caminhão 8×4 com mais capacidade de carga – chega a 56.000 quilos de PBTC na utilização com semirreboque de três eixos do tipo “romeu e julieta”.

“Sempre ouvimos o que os clientes e as estradas nos dizem para buscar novas soluções e o aprimorar aquelas que já são consagradas no mercado”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. Vinte e três unidades do novo Axor 3344 8×4 já foram adquiridas pela Breda Logística. Os caminhões da empresa atuam entre as várias áreas de produção de eucalipto na região no Vale do Paraíba, para atender à crescente demanda global por produtos sustentáveis, extraídos de florestas plantadas. Uma das preocupações da transportadora era reduzir a tara de todo o conjunto caminhão+reboque, para otimizar o ganho de carga útil. “Isso é fundamental para nossa operação, porque o Axor 8×4 plataforma com carroçaria ‘romeu e julieta’ irá recolher o eucalipto no interior das fazendas, passando por muitos aclives e terrenos irregulares, e depois pegará estrada até a indústria. Ou seja, tínhamos que ganhar capacidade de carga dentro da Lei da Balança e a solução com o Axor 3344 8×4 atendeu plenamente à necessidade”, explica Henry Hardt, diretor de manutenção da Breda.

Primeiras impressões

Pau para toda obra

Santa Rita do Passo Quatro/SP – A tarefa era dirigir um Axor 3344 8×4 com semirreboque de três eixos do tipo “romeu e julieta”, um conjunto de 28,45 metros de comprimento em uma trilha no meio de uma floresta de eucaliptos, carregado com 74 toneladas de toras. Pode parecer mais complicado do que de fato é. Assim que o motorista entra na cabine, se apercebe do elevado padrão de conforto, bem distante do estilo espartano que imperava no setor de transporte de cargas há tempos. O banco do motorista é surpreendentemente macio e permite achar sem dificuldades uma posição agradável para dirigir. Itens de tecnologia e segurança se fazem presentes para garantir ao motorista um alto nível de bem-estar a bordo e uma condução facilitada.

Apesar de todo o conforto e a tecnologia embarcados, evidentemente manobrar um conjunto assim exige cuidados redobrados, até pela movimentação diferenciada das “julietas” nas curvas. Mas o Axor 3344 8×4 com semirreboque de três eixos revela uma docilidade que o faz parecer menor do que é. O motor 12 litros de 6 cilindros e 439 cavalos  esbanja força em qualquer giro e o câmbio automatizado cumpre com eficiência a tarefa de manter o caminhão sempre “esperto” e pronto a retomar velocidade assim que o motorista pressiona o acelerador. O freio-motor ajuda a adequar a velocidade antes das curvas sem ter de acionar o pedal– frear bruscamente é uma tarefa delicada em composições desse tipo. E o dispositivo “down hill” impede que o caminhão “despenque” quando é necessário parar e depois arrancar em aclives – outra circunstância normalmente tensa em caminhões com tanta carga. O segundo eixo direcional facilita a performance nas curvas e, com algumas dicas providenciais de um motorista experiente, não é difícil fazer que as “julietas” carregadas de toras de madeira contornem os trechos sinuosos no centro da trilha e de forma comportada, sem esbarrar em nada. Afinal, qualquer ligeiro toque com um veículo desse porte e peso é algo que todos querem evitar.