Os tempos já foram mais prósperos para a JAC Motors no Brasil. Lançada no país em 2011, a marca chegou a ter 70 pontos de vendas e iniciou a construção de uma fábrica na Bahia. Mas as sucessivas crises econômicas a fizeram desistir do projeto da fábrica própria e levaram ao fechamento de diversas concessionárias – hoje, são 26 em 21 cidades. No início de novembro, o Grupo SHC, representante da marca chinesa de veículos no Brasil, pediu recuperação judicial. Segundo os representantes da empresa, o pedido se justifica pelas dificuldades relacionadas ao fechamento de concessionárias de outras marcas que o grupo mantinha. A representação da JAC Motors no Brasil, na qual agora o Grupo SHC concentra seus esforços, é considerada viável pela empresa e com bom potencial de crescimento. Para deixar claro que segue apostando no mercado nacional, a marca chinesa acaba de lançar o JAC T50, uma versão reestilizada do T5, lançado por aqui em 2016. Além de um estilo alinhado à atual identidade visual da marca, o utilitário trocou o motor 1.5 por um novo 1.6, sempre associado ao câmbio CVT. Mas o forte do novo modelo é a ampla relação de itens de série, alguns inéditos no segmento. As primeiras unidades do novo SUV importado da China começarão a ser entregues ainda em novembro.
O objetivo do lançamento é ampliar o espaço conquistado pela JAC Motors no segmento mais competitivo do mercado automotivo brasileiro, o dos utilitários esportivos abaixo de R$ 90 mil. Os principais concorrentes apontados pela marca chinesa são o Honda HR-V, o Ford EcoSport, o Jeep Renegade, o Hyundai Creta, o Renault Captur, o Nissan Kicks e o Chevrolet Tracker. Na “parte baixa” desse segmento já se posiciona o atual carro-chefe de vendas da marca, o T40, lançado no Brasil em setembro do ano passado. Em abril, o crossover compacto ganhou uma versão com câmbio CVT. Em termos de dimensões, o T50 tem 4,35 metros de comprimento, 1,77 metro de largura e 1,64 metro de altura, com entre-eixos de 2,56 metros. Em relação ao T40, o T50 é 21 centímetros mais comprido, 2 centímetros mais largo, 7 centímetros mais alto e tem entre-eixos 7 centímetros maior. O motor 1.5 de 127 cavalos que movia o T5 dá lugar à motorização 1.6 16V DVVT de 138 cavalos, sempre com caixa automática tipo CVT, com 6 marchas programadas eletronicamente – é o mesmo trem de força do T40 CVT.
Segundo os representantes da JAC Motors no Brasil, em relação ao T5, o T50 recebeu um “facelift à chinesa”. A explicação do termo vem do fato de que, como as vendas de automóveis na China em um mês equivalem às brasileiras em um ano, a escala de produção maior viabiliza remodelações mais aprofundadas do que as feitas por aqui. Na frente, em relação ao T5, faróis, grades, para-choque, para-lamas e capô são novos. A grade em formato de trapézio é caracterizada por aletas largas, na qual uma barra preta une os dois faróis e sustenta o logotipo da marca. O capô em forma de cunha e o para-choque envolvente, com luzes de neblina, complementam o conjunto, que passou a incluir luzes diurnas de leds. Atrás, lanternas, tampa do porta-malas e para-choque deram lugar a versões esteticamente mais atualizadas. O pequeno aerofólio montado na extremidade do teto reforça o ar esportivo. Por dentro, o painel foi totalmente modificado e ganhou um novo kit multimídia com Mirror Link e tela de 8 polegadas. Todo o habitáculo tem um aspecto mais moderno – apenas a maçaneta da porta e o acendedor de cigarros permanecem os mesmos. “Além do kit multimídia, o grande destaque do T50 é o design. Salta aos olhos o estilo elegante, o ar de sofisticação do SUV da JAC. Mas isso não é tudo. Itens como ESP, assistente de partida em rampas, câmbio CVT com 6 marchas, luzes diurnas de leds e uma extensa lista de equipamentos fazem do T50 uma opção extremamente atraente ao cliente dessa faixa de preços”, explica Sergio Habib, presidente do Grupo SHC e da JAC Motors.
De fato, a lista de equipamentos de série do T50 impressiona. São duas versões de equipamentos – Pack 2 e Pack 3. Na versão inicial Pack 2, que será vendida por R$ 83.990, os principais itens de série são ar-condicionado digital e automático, vidros das quatro portas com antiesmagamento, trava central e retrovisores com acionamento elétrico e função one-touch para subir/descer os vidros, alarme antifurto, Assistente de Partidas em Aclives, Controle Eletrônico de Estabilidade, TPMS, sistema que identifica quando algum dos pneus está com calibragem 20% abaixo da recomendada, banco traseiro com Isofix, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível, coluna de direção ajustável na altura, computador de bordo, faróis com regulagem elétrica de altura, banco traseiro bipartido 60/40, bancos revestidos em material sintético que imita couro, chave “smart”, que proporciona o fechamento remoto dos vidros, faróis de neblina, luzes de conversão estática (cornering lights), rodas de liga leve aro 16, volante multifuncional, duas entradas USB, tomada 12V no console central e no porta-malas e direção com assistência elétrica. Já a versão “top” Pack 3, que sai por R$ 87.990, incorpora câmera frontal, câmera de imagem panorâmica 360 graus, câmera de ré, rebatimento elétrico dos retrovisores, função “follow me home”, faróis com sensor crepuscular, luzes diurnas em leds, rack no teto, volante revestido em couro, cruise control, kit multimídia com mirror link com tela de 8 polegadas e espelhamento de sistemas Android e IOS.
A JAC Motors foi uma das marcas que ganharam “market share” no mercado brasileiro nos 10 primeiros meses de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 3.430 unidades vendidas de janeiro a outubro de 2018 ante as 2.825 emplacadas nos 10 primeiros meses de 2017 – cresceu de 0,16% para 0,17% de participação. Pode parecer pouco, mas apenas um terço das marcas que atuam no país conseguiram ganhar “market share” nesse período, em que as vendas cresceram 14,35% em relação ao ano anterior. Ganhar participação em um mercado em recuperação após uma longa crise é, sem dúvida, um sinal positivo. A JAC Motors pretende aproveitar esse sinal para avançar mais. E o T50 tem papel importante nesse estratégia – a expectativa é vender mil unidades do modelo em seu primeiro ano no Brasil.
Experiência a bordo
Moderno e agradável
A evolução do interior do T50 em relação ao T5 salta aos olhos. Tudo mudou e a evolução estética do conjunto é notável. A proposta da JAC com o T50 é oferecer ao comprador do “SUV abaixo de R$ 90 mil” a experiência só vivida até então por consumidores de modelos que custam acima de R$ 110 mil. O kit multimídia, com mirror link e tela de 8 polegadas, posicionado no alto do painel, garante ótima visualização e ampla conectividade. O quadro de instrumentos tem dois grandes mostradores circulares de velocímetro e conta-giros. A parte central de cada instrumento revela o nível do tanque e o termômetro de água do motor. No meio dos mostradores, estão as luzes-espia e o computador de bordo. Superfícies pretas, outras imitando fibra de carbono ou revestidas em couro (soft touch) compõem o restante do painel.
O volante é multifuncional e incorpora diversos controles. Sem tirar as mãos da direção, é possível comandar das funções do rádio, atender o telefone celular, acionar o cruise control e os controles do computador de bordo. O sistema de ar-condicionado é digital e automático. Basta definir a temperatura desejada e fixá-la no mostrador. Logo abaixo, o motorista encontra a tomada USB, que é utilizada para espelhamento do telefone celular ao kit multimídia. O multimídia com mirror link e tela de 8 polegadas incorpora, também, as câmeras 360 graus, de ré e frontal. Intuitivo e em português, tem conexão Bluetooth, leitor de MP3 e entrada USB. A novidade fica por conta da função “Carbit”, que permite conectar, espelhar e operar todas as funções de alguns modelos de smartphones ou tablet por meio de toque na tela HD de 8 polegadas, reconhecendo sistemas Android e IOS. Os espaços são bons para quatro adultos – um “quinto elemento”, se for um adulto, torna a vida dos “colegas” do banco traseiro menos confortável. O porta-malas leva 600 litros, um volume de bagagem bom para o segmento.
Impressões ao dirigir
Evolução oriental
Campinas/SP – O novo JAC T50 adota o mesmo trem de força do T40 CVT. O motor 1,6 litro tem quatro válvulas por cilindro e variador de fase no comando de admissão e no de escape – daí a designação DVVT (Dual Variable Valve Timing). Segundo a JAC Motors, o sistema garante torque nos baixos regimes e potência nas altas rotações, pois altera o tempo de abertura e fechamento das válvulas de acordo com a necessidade instantânea do motor. Movido a gasolina, o motor desenvolve a potência de 138 cavalos a 6.000 rpm e 17,1 kgfm a 4.000 rpm de torque máximo. Em relação aos concorrentes com transmissão CVT, que normalmente é um pouco ruidosa, a do T50 até que não é das mais escandalosas, além de não ter muito “delay”. De acordo com a marca chinesa, o SUV atinge 198 km/h de velocidade máxima e faz de zero a 100 km/h em 11,3 segundos – dados coerentes com a performance exibida no teste de apresentação do modelo, realizado entre a capital paulista e a cidade de Campinas.
Em relação ao motor anteriormente adotado no T5, o do T50 entrega mais torque, principalmente em baixas rotações. Nas altas velocidades, os 11 cavalos a mais fazem diferença e o carro acelera com mais disposição. É possível manter velocidades de cruzeiro de 120 km/h com conforto. O câmbio automático do tipo CVT que simula convincentemente seis marchas, que podem sem mudadas na alavanca da transmissão de forma sequencial. O volante com assistência elétrica é bastante suave nas manobras de estacionamento, mas, nas velocidades mais elevadas, um pouco mais de rigidez ampliaria a sensação de segurança do motorista – às vezes, o volante parece mais leve do que deveria ser em altas velocidades. O fato do motor do T50 usar apenas gasolina reduz as possibilidades do proprietário explorar as eventuais variações nos preços do combustível fóssil e do etanol na hora de abastecer. Um motor flex é uma possibilidade para o futuro, segundo a JAC Motors.
Ficha técnica
JAC T50
Motor dianteiro, transversal, 1.590 cm3, com comando de válvulas DOHC 16V DVVT a gasolina
Diâmetro e curso: 75,0/90,0 mm
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência Máxima: 138 cavalos a 6.000 rpm
Torque Máximo: 17,13 kgfm a 4.000 rpm
Transmissão: Automática, tipo CVT, com 6 marchas virtuais
Dimensões: 4,35 metros de comprimento, 1.77 metro de largura e 1,64 metro de altura, com 2,56 metros de comprimento
Peso em ordem de marcha: 1.220 kg.
Capacidade do porta-malas: 600 litros.
Capacidade do tanque de combustível: 42 litros.
Suspensões: Dianteira independente, tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, eixo de torção, com molas helicoidais e barra estabilizadora
Freios: Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus: 205/55 R16, em rodas com liga de alumínio 16″
Preços: R$ 83.990 na versão Pack 2 e R$ R$ 87.990