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Em 2013, o mercado brasileiro emplacou 3,76 milhões de automóveis e comerciais leves. Na época, muitos acreditavam que, para uma marca se manter competitiva no Brasil, seria necessário abrir fábrica no país. Enquanto alguns tradicionais “players” do segmento de luxo – Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land Rover – inauguraram unidades industriais em território nacional, a Volvo optou por continuar a importar veículos da Europa. As expectativas de crescimento do mercado automotivo local se frustraram após alguns anos de crise – em 2022, foram emplacados no Brasil apenas 2,10 milhões de automóveis e comerciais leves. Enquanto isso, a marca sueca é uma das que exibem melhor performance no país. “Uma decisão de criar uma nova fábrica não pode ter como base apenas o momento do mercado. Quando as concorrentes abriram suas fábricas no país, a Volvo tinha acabado de ser adquirida pela chinesa Geely, e ainda estava expandindo suas produções para mercados maduros. A montadora já tinha fábricas na própria Suécia e na Bélgica. Mais recentemente, abriu unidades industriais na China e nos Estados Unidos”, explica o paulistano Luis Rezende, presidente da Volvo Cars no Brasil. Aos 43 anos, Rezende é um dos mais jovens gestores de empresas automotivas da América Latina. Formado em Economia na Fundação Santo André, no ABC Paulista, com MBA pela Fundação Getúlio Vargas, passou por Maxxium e Philips antes de entrar na Volvo, em 2008, como diretor financeiro para a América Latina. Em 2014, foi nomeado presidente para as operações no Brasil e, há um ano, passou a acumular a função de Head of Latin America da Volvo Cars. 

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Duas apostas, aparentemente, foram determinantes para o bom desempenho da Volvo no país. A primeira foi concentrar esforços no segmento de utilitários esportivos – o que mais cresce no mundo e também no Brasil. A segunda foi investir nos modelos eletrificados. Em março de 2017, começou a importar para o Brasil o SUV grande XC90 T8 Plug-In Hybrid – no ano seguinte, o mesmo “powertrain” híbrido plug-in foi agregado ao médio XC60, o modelo mais vendido da marca. Em setembro de 2021, chegou ao mercado nacional o XC40 Pure Electric, o primeiro Volvo 100% elétrico. Atualmente, o “line-up” da marca no Brasil é composto por quatro SUVs eletrificados, sendo dois híbridos plug-in – XC90 e XC60 – e dois puramente elétricos – o XC40 e sua versão SUV-cupê C40, que desembarcou no Brasil há um ano. A Volvo liderou os emplacamentos de híbridos plug-in em 2022 com o XC60 – responsável por um quarto das vendas do segmento – e o XC40 representa um em cada dez automóveis elétricos comercializados no país. Até o ano que vem, dois novos SUVs 100% elétricos terão lugar nas vitrines das concessionárias brasileiras da marca: o grande EX90 e o compacto EX30. “A eletrificação não é o nosso futuro – ela é o presente na Volvo. O Brasil é apenas o segundo país onde a Volvo vende somente carros recarregáveis – o primeiro é a Noruega”, comemora Rezende. Dentro da estratégia, a Volvo acaba de inaugurar seu nono eletroposto de recarga rápida para veículos 100% elétricos, localizado no Posto Metano – no km 275 da Rodovia Presidente Dutra, na cidade fluminense de Barra Mansa. Só na primeira fase, serão 13 pontos de recarga rápida. Na segunda fase, recentemente anunciada, serão mais 15 locais, totalizando 10 mil quilômetros de estradas cobertas em sete Estados.

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P – No Brasil, a Volvo saiu na frente ao eletrificar totalmente sua linha de produtos. Como avaliam o resultado dessa decisão?

Luis Rezende – O resultado foi fantástico. Atualmente, no que a gente se propõe a competir, somos líderes. Somos a marca premium que mais vende SUVs, concorrendo inclusive com as que produzem SUVs no Brasil. O SUV de luxo mais vendido no país é o XC60 Hybrid Plug-In, uma tecnologia que o mercado brasileiro já adotou. E o XC40 se posiciona entre os líderes dos modelos 100% elétricos. A Volvo é uma marca futurista, que entrega tecnologia de ponta. Os mesmos carros que são comercializados lá fora são oferecidos aqui. Para nós, assumir o protagonismo na eletrificação foi ótimo. A marca conseguiu uma relevância nacional inquestionável.

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P – O que esperar dos próximos Volvo anunciados para o mercado nacional, o EX90 e o EX30?

Luis Rezende – O EX90, SUV de sete lugares apresentado mundialmente em novembro do ano passado, será nosso novo modelo topo de linha. Já aparece no site da marca no Brasil e em breve estará disponível para pedidos online. Estará em uma faixa acima do XC90 Recharge híbrido plug-in (que parte de R$ 519.950). Já o EX30 terá sua apresentação global no dia 7 de junho. Ficará posicionado em uma faixa de preços abaixo do Volvo mais acessível oferecido atualmente no mercado nacional, o XC40 Pure Electric (R$ 329.950). É um SUV que chegará para mudar o patamar de vendas da Volvo no Brasil e agregará novos consumidores à marca. É externamente mais compacto que o XC40, mas tem espaço interno similar, pois é um modelo já concebido como 100% elétrico, que demanda menos espaços para a motorização e pode distribuir as baterias por todo o veículo. Na faixa de preços em que virá, o EX30 entregará coisas únicas. Além dos benefícios da eletrificação, aprofunda bastante a “smartificação” – vem com sistema operacional Google Automotive Services, que integra o carro aos recursos da Google, já presente no XC40 e no C40 –, e trará itens de segurança inéditos na faixa de preços em que atuará. As pré-vendas serão abertas no segundo semestre deste ano, e as entregas se iniciam no primeiro trimestre de 2024.

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P – A segurança automotiva é um tema historicamente valorizado pela Volvo. Quais as novidades do EX30 e no EX90 nesse aspecto?

Luis Rezende – No EX30, dentro de um grupo de tecnologias que chamamos de “Safe Space”, apresentamos um sistema que impede os ocupantes de abrirem a porta por dentro e acertarem, inadvertidamente, alguma bicicleta ou motocicleta. O modelo também inclui um airbag lateral dentro do banco do motorista, projetado para ajudar a reduzir lesões na cabeça e no peito em caso de impacto lateral. No EX90, temos o LiDAR, uma tecnologia que combina um radar supersônico e sensores hipersensíveis. O sistema faz um escaneamento permanente da estrada à frente, que permite detectar problemas com uma capacidade maior em comparação ao radares e sensores atuais. Ele consegue identificar um buraco na pista a 250 metros de distância. Entendendo a deformação no piso, avisa ao motorista que ele está na rota do buraco. 

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P – A Volvo acaba de inaugurar seu nono ponto de recarga rápida para veículos 100% elétricos no Brasil, na cidade de Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Como a expansão desses postos se encaixa na estratégia da marca para o mercado brasileiro?

Luis Rezende – Consideramos que o Brasil é um país que tem as credenciais completas para a eletrificação. Tem um povo antenado, que busca as novas tecnologias. Por isso, estamos investindo em criar mais pontos de carregamento, para permitir que a eletrificação se expanda no território nacional. A rota Rio-São Paulo é muito importante para nossa estratégia, que busca permitir viagens interestaduais para cada vez mais longe. Barra Mansa é um local estratégico tanto para quem está indo a São Paulo quanto para o Rio de Janeiro. Mais do que apenas comercializar os veículos, temos de oferecer a segurança de uma viagem tranquila para os consumidores. A Volvo se posiciona cada vez mais como uma empresa de eletromobilidade.

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P – Como está a atual rede de concessionárias Volvo Car no Brasil? Há previsão de expansão?

Luis Rezende – Atualmente, temos 44 concessionárias em todas as regiões do Brasil e abriremos novas lojas ainda este ano. Como o EX30 chegará em uma faixa de preço mais baixa em relação à linha atual, trazendo novos consumidores, certamente haverá uma ampliação da rede nacional. 

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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