A Jeep está bem, obrigado! Dos cerca de 730 mil automóveis vendidos pela marca a nível global em 2013, espera-se aumentar essa quantidade para algo perto de 1,9 milhões de unidades até final de 2018. E a intenção é manter o ritmo, até para tirar partido da “febre” de utilitários esportivos que se alastra pelo Velho Continente. Enquanto a chegada de três modelos inéditos não acontece, o Renegade assume particular importância para a sua operação europeia. Lançado em 2014 sobre a mesma plataforma do Fiat 500X, foi pioneiro em diversos aspectos: primeiro Jeep produzido na Itália; primeiro Jeep destinado ao segmento B-SUV; primeiro modelo global da Jeep, por ser produzido em três continentes (também é fabricado no Brasil e na China); primeiro modelo da FCA desenvolvido em conjunto por designers e engenheiros norte-americanos e italianos. É o modelo da Jeep de maior sucesso na Europa, com 73 mil unidades vendidas em 2017.
Só que a Jeep preferiu não descansar à sombra dos louros e acaba de fazer uma importante renovação do Renegade, que teve sua estética atualizada e recebeu novas soluções em termos de conectividade e segurança – que deverão chegar à versão brasileira ainda esse ano. O Renegade europeu recebe novos motores já cumpridores da nova norma Euro 6/D – no Brasil, como as normas ambientais são menos rígidas, os atuais 1.8 Flex com 139 cavalos e Multijet 2.0 litros Turbo Diesel de 170 cavalos devem ser mantidos. A chegada do novo Renegade aos principais mercados europeus está marcada para outubro. No Brasil, sua apresentação será provavelmente no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em novembro.
Esteticamente, as modificações visam a valorizar a capacidade do Renegade para se sentir tão à vontade fora de estrada quanto em viagem, ou mesmo em ambiente urbano, e ainda aproximar a sua aparência exterior à do novo Wrangler. Na frente, destacam-se os conjuntos óticos integralmente em leds (incluindo os faróis de nevoeiro), e a redesenhada grade. Na traseira, a principal nota vai para as lanternas de leds com novo grafismo. Ao mesmo tempo, o Renegade passa a poder receber rodas de 19 polegadas (exclusivamente no nível Limited), sendo as barras de teto pretas em todos os níveis de equipamento, exceto na versão Sport, de acesso à gama. Continuam a existir ainda as versões Longitude e Trailhawk.
As novidades que se encontram sob o capô são bem mais significativas. O Renegade foi o modelo escolhido pela FCA para estrear a sua nova família de motores a gasolina de baixa cilindrada e alta performance, que em breve estarão em outros modelos do grupo ítalo-americano. Com uma cilindrada unitária de 330 cc, conta com unidades de três ou quatro cilindros, dotados de um turbo de pequenas dimensões e baixa inércia, injeção direta, construção integralmente em alumínio e quatro válvulas por cilindro. Em uma primeira fase, estarão disponíveis no Renegade três unidades da nova família de motores: 1.0 litro de três cilindros, com 120 cavalos e 19,4 kgfm; 1.3 litro de quatro cilindros, com 150 cavalos ou 180 cavalos, sempre com 27,5 kgfm de torque máximo. Serão complementados na oferta do modelo com três opções turbodiesel da família Multijet II: 1.6 de 120 cavalos, 2.0 de 140 cavalos e 2.0 de 170 cavalos, em qualquer um dos casos com sistema AdBlue.
Algumas características contribuem para otimizar a eficiência energética e assegurar um elevado desempenho em estrada e fora dela: bloco e motor construídos em alumínio para reduzir o peso; cárter em liga de alumínio fundido a alta pressão, desenvolvido em conjunto com a Teksid; camisas dos cilindros em ferro fundido, para incrementar a robustez estrutural, com 1,8 milímetros de espessura e revestimento exterior em alumino; câmara de combustão bem compacta, para melhorar a performance e a economia (até menos 20% de consumo em comparação aos seus antecessores) e filtro de partículas, para reduzir as emissões. Estes motores são os primeiros a fazer uso da terceira geração do sistema MultiAir de distribuição variável, em que as válvulas de admissão abrem muito cedo em carga reduzida, e fecham muito tarde em carga elevada, para diminuir a contra-pressão, otimizar a resposta e melhorar o consumo.
O que também não falta são opções de transmissão. O motor 1.0 só está disponível com caixa manual de seis velocidades, o 1.3 de 150 cavalos é proposto exclusivamente com caixa pilotada DDCT de dupla embreagem e seis velocidades, o 1.3 de 180 cavalos está sempre associado à caixa automática com conversor de torque e nove velocidades. Na oferta a diesel, o leque de escolha é maior: o 1.6 Multijet II pode ser combinado com a caixa manual de seis velocidades, ou a opcional DDCT; o 2.0 Multijett II pode ter acoplada à caixa manual de seis velocidades, ou à automática de nove relações.
A transmissão da potência ao solo varia de acordo com as motorizações. Entre as versões a gasolina, as movidas pelos motores 1.0 de 120 cavalos e 1.3 de 150 cavalos são sempre de tração dianteira, ao passo que as que recorrem ao 1.3 de 180 cavalos são exclusivamente propostas com o sistema de tração integral Jeep Active Drive, no qual uma embreagem é responsável pela repartição automática do torque entre os dois eixos, em função das exigências do momento. A oferta de motores diesel é mais abrangente: o 1.6 Multijet II pode dispor de tração dianteira ou do sistema Jeep Active Drive; os 2.0 Multijet II podem ser de tração dianteira ou, quando dotados de caixa automática, montar o sistema Jeep Active Drive Low, já dotado de “redução” (caixa de transferências com uma relação de 20:1) e do sistema de controle eletrônico de descidas HDC.
As versões 4X4 contam, ainda, com o sistema Selec-Terrain, que oferece quatro modos de condução – Auto, Neve, Areia e Lama. A esses junta-se o modo Pedras na versão 2.0 Multijet II Trailhawk, a mais dotada para o fora de estrada, por dispor de uma suspensão com 205 milímetros de curso e 210 milímetros de altura ao solo, além de diversos pormenores exteriores e interiores e de equipamentos específicos.
Experiência a bordo
Evolução interna
Uma vez no interior, é possível identificar que são novos o console central (com um suporte específico para smartphones), as bases para copos, diversos compartimentos para arrumação de pequenos objetos e as molduras que enquadram a tela do sistema de bordo, as saídas de ventilação, o túnel central e os alto-falantes. Por seu turno, o sistema de infoentretenimento Uconnect de quarta geração, graças a um processador mais potente, oferece respostas mais rápidas. De acordo com os níveis de equipamento, sua interface é feita com telas “touchscreen” de 5 polegadas, 7 polegadas ou 8,4 polegadas, com conectividade com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. Tal como aconteceu na carroceria, mais do que uma revolução, houve um ligeiro progresso, como se espera de uma atualização de meio de ciclo de vida, que trouxe ainda mais itens de personalização, como hoje é “obrigatório” neste segmento.
Quanto à segurança, o Renegade oferece agora, de série em todas as versões, o alerta de saída involuntária da faixa de rodagem com assistente de direção, o limitador de velocidade com sistema de leitura de sinais de trânsito e o sistema anti-capotamento eletrônico. A esse lote de dispositivos, o nível Limited acrescenta a frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal, integrando a lista de opcionais o cruise control adaptativo, a monitorização do ponto cego, o alerta de tráfego pela traseira e o novo sistema de estacionamento automático – que será disponibilizado em uma fase posterior de comercialização. (colaborou Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix)
Primeiras Impressões
Nas ruas e nas trilhas
Milão e Balocco/Itália – No primeiro contato proporcionado à imprensa europeia pela Jeep com o renovado Renegade, foi possível conduzir durante alguns quilômetros a nova versão 1.0 a gasolina, em que é boa a capacidade de resposta, mesmo a baixo regime, e a elevada suavidade e o silêncio de funcionamento do novo motor, até porque coadjuvado por uma caixa de velocidades suave, precisa e de escalonamento correto. O percurso definido, não permitindo grandes apreciações dinâmicas, ainda assim foi suficiente para perceber um bom desempenho global, pautado pela apreciável estabilidade a velocidades mais elevadas em auto-estrada, pelas reações honestas e previsíveis e por um conforto de bom nível, tudo concorrendo para uma condução fácil e agradável.
Já no magnífico centro de testes da FCA de Balocco foi a oportunidade de levar o Renegade 2.0 Multijet II Trailhawk para um percurso “fora de estrada” não muito exigente (paralelo ao bem mais radical, que modelos mais dotados, como o Wrangler, estão aptos a que enfrentar), e que o modelo superou com distinção, mais uma vez com um conforto de marcha digno de registro, e deixando a nítida sensação que se pode ir bastante mais longe. O motor turbodiesel de 170 cavalos, poderoso e solícito, sempre pronto a auxiliar o condutor na transposição de obstáculos mais complicados, é um companheiro precioso nessas circunstâncias.