Há sessenta e cinco anos, no dia 28 de setembro de 1956, uma estrela de três pontas originária da Alemanha começou a brilhar no céu brasileiro. A inauguração oficial da primeira fábrica da Mercedes-Benz do Brasil contou com a presença do então presidente da República, Juscelino Kubitschek. O primeiro caminhão (L 312, o “Torpedo”) e o primeiro ônibus (chassi LP 312) produzidos no Brasil saíram de lá. No embalo do pioneirismo inicial, a marca alemã se manteve protagonista de várias evoluções tecnológicas. Em 1998, apresentou o primeiro motor de caminhão brasileiro com gerenciamento eletrônico. Em 2018, tornou-se a primeira Indústria 4.0 no segmento de veículos comerciais no país. Em 2019, foi apresentado o Novo Actros, caminhão em que os espelhos externos podem ser substituídos por câmeras. Em agosto deste ano, a Mercedes-Benz revelou o eO500U, que será o primeiro chassi de ônibus elétrico “made in Brazil” da marca. Nessas seis décadas e meia, saíram da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) cerca de 1,84 milhão de veículos comerciais, sendo aproximadamente 1,34 milhão de caminhões e mais de 500 mil chassis de ônibus. Outro segmento no qual a Mercedes-Benz tem uma atuação forte é o de furgões e vans – desde 1997, importa da Argentina a linha Sprinter, que lidera o segmento brasileiro de large vans. Já entre os automóveis, depois que seus primeiros modelos de luxo chegaram da Alemanha em 1990, a Mercedes-Benz chegou a construir duas fábricas no país – mas no final do ano passado, adotou a estratégia de manter sua presença no mercado nacional de carros apenas com importados.
Desde que os primeiros caminhão e ônibus produzidos no Brasil saíram da linha de montagem da fábrica no ABC Paulista, em 1956, a unidade industrial foi permanentemente aprimorada. É a única fábrica do Grupo Daimler a reunir em um só local a produção de caminhões, chassis de ônibus e agregados (câmbios, motores e eixos). A partir de 2018, os conceitos da Indústria 4.0 começaram a revolucionar os processos de produção de caminhões e ônibus na Mercedes-Benz. Tecnologia digital, conectividade, dados na nuvem, Big Data e Internet das Coisas já estão presentes no dia a dia da empresa, juntamente com tecnologias como óculos de realidade aumentada, robô colaborativo e exoesqueleto. Em Iracemápolis (SP), o conceito da Indústria 4.0 também envolveu o Campo de Provas de caminhões e ônibus e o futuro Centro de Testes, construído em parceria com a Bosch, para testes em todos os tipos de veículos.
O primeiro produto na era 4.0 da fábrica foi o Novo Actros. Destaque da Fenatran de 2019, o extrapesado inovou com painéis digitais por “touch”, conectividade, espelhamento de celular e carregamento de smartphone por indução, otimizando a comunicação do motorista com a empresa de transporte, a operação logística e o cliente final, além de facilitar seus contatos pessoais e familiares. As tecnologias de segurança ativa do extrapesado incluem a quinta geração do Assistente Ativo de Frenagem (ABA 5), o Assistente de Ponto Cego, o Assistente de Fadiga e o Programa Eletrônico de Estabilidade. Ao lado do Novo Actros, a Mercedes-Benz oferece as famílias Accelo (dos segmentos de leves e médios), Atego (médios e semipesados) e o extrapesado Axor. Em 2018, o Axor 3131 tornou-se o primeiro caminhão Mercedes-Benz com direção autônoma a ser utilizado em uma operação diária regular no Brasil – opera vinte e quatro horas por dia na colheita da cana-de-açúcar. No ano seguinte, foi desenvolvido também o Atego 2730 com direção autônoma.
Do pioneiro LP 312, de 1956, o primeiro chassi de ônibus totalmente fabricado no país, às atuais linhas OF e O 500, a Mercedes-Benz se confirmou como líder histórica nas vendas de ônibus no mercado interno, com destaque também nas exportações. A produção inclui micro-ônibus a superarticulados para transporte coletivo em BRT, de ônibus rodoviários 4×2 a modelos 6×2 e 8×2 para carrocerias High Decker e Double Decker. A linha de chassis da Mercedes-Benz no Brasil é formada por modelos LO e OF com motor frontal e OH e família O 500 com motor traseiro. Para o segmento rodoviário, o portfólio inclui vários modelos para curtas, médias e longas distâncias, bem como para fretamento e turismo. A produção também atende a licitações públicas, como o programa Caminho da Escola do FNDE. Recentemente, a marca introduziu no Brasil o ACC (piloto automático adaptativo), já disponível para alguns modelos rodoviários O 500. Por meio de sensores na dianteira, o piloto automático adaptativo ajuda o motorista a manter o ônibus em uma distância segura em relação ao veículo à frente – pode até frear automaticamente para evitar o impacto. “Atualmente, quatro em cada dez caminhões em circulação no Brasil e seis em cada dez ônibus rodando pelas cidades são Mercedes-Benz”, comemora Karl Deppen, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina. Em agosto deste ano, foi apresentado o eO500U, o primeiro chassi de ônibus elétrico desenvolvido pela equipe de engenharia brasileira, que será produzido na fábrica de São Bernardo do Campo. É um modelo Padron 4×2 da linha O500, que poderá receber carrocerias de até 13,2 metros de comprimento, com capacidade para oitenta e três passageiros. Sua autonomia chegará a 250 quilômetros.
Além de caminhões e ônibus, a Mercedes-Benz amplia as soluções para transporte de cargas e passageiros no mercado brasileiro com a linha Sprinter. Os furgões, chassis cabina e vans produzidos na Argentina chegaram ao Brasil em 1997, conquistando a liderança do segmento de Large Vans (3,5 a 5 toneladas de PBT). Em quase vinte e cinco anos de forte presença no mercado brasileiro, foram vendidas mais de 150 mil unidades da linha. A atual geração da Sprinter fez sua estreia no país no final de 2019 e trouxe para o segmento de comerciais leves inovações tecnológicas e exclusividades como o Assistente Ativo de Frenagem, que detecta obstáculos à frente, o alerta ao motorista e até inicia a frenagem de forma autônoma, caso o condutor não atue, e o ESP Adaptativo 9I. Outro item exclusivo da marca no segmento é a direção elétrica, que oferece mais conforto para manobrar.
Se entre os veículos comerciais, a Mercedes-Benz está acostumada com a liderança nas vendas, no segmento de automóveis, a trajetória nacional da marca alemã sempre foi focada no segmento de luxo, que atinge volumes de emplacamentos mais modestos – embora os modelos (e os preços) não sejam nada modestos. Desde a década de 60, a Mercedes-Benz já comercializava seus automóveis luxuosos no Brasil para uso de diplomatas, porém, foi somente em 1990, junto com a liberação das importações de automóveis no Brasil, que o primeiro carro importado oficialmente pela marca chegou ao país: o requintado sedã SE 300. Em 1999, a Mercedes-Benz inaugurou em Juiz de Fora (MG) sua primeira fábrica de automóveis no Brasil, para produzir o monovolume Classe A. A unidade industrial posteriormente abrigou a produção do cupê CLC e atualmente está dedicada à fabricação de cabines de caminhões da marca. Já a fábrica de Iracemápolis (SP), inaugurada em 2016 e onde foram montados até final do ano passado o sedã Classe C e o utilitário esportivo GLA, recentemente foi vendida à fabricante de automóveis chinesa Great Wall.
Com o encerramento da produção em Iracemápolis, a comercialização de automóveis é feita no Brasil totalmente por meio da importação e abrange vinte modelos: os sedãs Classe A, Classe C, Classe E e Classe S, as respectivas versões cupê e utilitário esportivo de todos esses modelos, além da configuração hatch do Classe A, do conversível Classe C Cabriolet e do utilitário esportivo GLB 200. A oferta inclui ainda a linha de alta performance Mercedes-AMG, formada pelos sofisticados C43 4Matic, C63 S sedã, C63 S 4Matic e C43 4 Matic. Entre os destaques da linha estão o sistema multimídia intuitivo MBUX e os avançados dispositivos de assistência à condução. Atualmente, o automóvel Mercedes-Benz mais vendido no país é o SUV GLB 200 – de janeiro a agosto deste ano, foram emplacadas 1.988 unidades. Com motorização de 163 cavalos, o modelo otimiza a versatilidade ao oferecer uma terceira fila de dois bancos individuais. No início de 2020, a marca lançou seu primeiro carro 100% elétrico no Brasil – o utilitário esportivo EQC. Alinhado com o objetivo de tornar a marca inteiramente elétrica até 2030, o EQC tem uma potência combinada de 408 cavalos (300 kW), torque de 76,5 kgfm e oferece uma autonomia de até 450 quilômetros.
por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
Veja Também
Como comprar seu exemplar da revista “Roda Rio”?
Basta enviar um Pix no valor de R$ 2 e avisar em qual e-mail quer receber a revista