Acaba de ser lançada na Europa a mais recente geração da V60. Apesar da incontornável moda dos utilitários esportivos que continua se alastrando globalmente, a Volvo acredita que a segunda geração da perua média é um modelo “condenado ao sucesso”. Sobretudo na Europa, um mercado em que as station wagons, ao longo de mais de seis décadas, venderam mais de 60 milhões de unidades – desde que a primeira geração da V60 foi lançada, em 2010, garantiu vendas superiores a 400 mil unidades. Simultaneamente com os mercados europeus, no Brasil, a Volvo também já iniciou a pré-venda da perua V60 2019. A station está exposta nas 31 concessionárias brasileiras da marca sueca e as reservas já podem ser feitas, com entregas previstas para agosto. O modelo virá em versão única, equipada com motor 2.0 litros T5 Drive-E, com turbocompressor e injeção direta de gasolina, que produz 258 cavalos e 35,7 kgfm de torque entre 1.500 e 4.800 giros, acoplado a um câmbio automático de oito marchas. A versão de acabamento para o Brasil é a Momentum – na Europa, existe uma mais sofisticada, a Inscription. O preço sugerido é de R$ 199.950 e seus rivais serão Mercedes-Benz C300 Estate e Audi A4 Avant. O fabricante espera vender 150 unidades da station aos brasileiros em 2018.
Apresentada ao mundo no final de fevereiro e principal destaque do estande da Volvo no Salão de Genebra, em março, a nova V60 utiliza a plataforma modular global SPA (Scalable Architecture Platform), a mesma que serve todos os modelos das novas séries 90 (XC90, S90 e V90) e 60 (XC60, V60 e o futuro sedã S60) da marca de Gotemburgo. A nova perua média pode muito bem ser considerada como uma “pequena V90”. Uma denominação que, no caso, nada terá de pejorativa, bem pelo contrário. É uma comparação similar à que acontece também com o XC60 face ao XC90. São por demais evidentes as semelhanças entre a nova V60 e a V90. Lá estão todos os elementos de estilo que têm garantido à mais recente assinatura de design da Volvo tantos (e merecidos) prêmios. A perua ostenta uma aparência, ao mesmo tempo, distinta e dinâmica, seguramente capaz de cativar boa parte dos adeptos deste tipo de proposta. As barras sobre o teto são de série em todas as versões, pintadas de preto na variante básica e cromadas nas versões mais equipadas.
Com 4,76 metros de comprimento, 1,85 metro de largura e 1,43 metro de altura, para uma distância entre eixos de 2,87 metros, a nova V60 é 12,8 centímetros mais comprida e 9,6 centímetros maior entre-eixos do que a sua antecessora, tendo perdido 1,6 centímetro em largura e 3,7 centímetros em altura. Em face destes valores, é fácil entender que a habitabilidade e a capacidade da mala são dois dos seus trunfos de peso. Motorista e passageiros viajam muito confortavelmente a bordo da nova V60. Inclusive atrás, onde até o espaço para pernas é generoso. Já a capacidade da mala varia entre 529 litros (mais 99 litros do que na V60 da anterior geração, e somente 15 litros a menos do que a V90), podendo alcançar um máximo de 1.441 litros com o banco traseiro, rebatível na proporção 40/60, totalmente rebatido. Uma operação que, por sinal, pode ser efetuada a partir do próprio bagageiro, mediante uma simples pressão nos botões existentes no painel lateral.
Quanto aos motores, a nova V60 terá nada menos do que duas opções híbridas plug-in: T6 Twin Engine e T8 Twin Engine. Em comum têm a tração integral AWD; o motor elétrico de 177 cv e 24,5 kgfm com 34 kg de peso; a bateria de lítio com 10,4 kWh de capacidade e 113 kg; o alternador/gerador integrado com 46 cv e 18 kg; e uma autonomia elétrica máxima de 45 km. A diferença entre ambas reside no rendimento do motor de combustão a gasolina de 2.0 litros turbocomprimido, que no T8 Twin Engine disponibiliza 303 cv e 40,7 kgfm, para um rendimento combinado de 390 cv e 65,2 kgfm. No T6 Twin Engine, o motor a gasolina fica pelos 253 cv e 35,7 kgfm, para um rendimento combinado de 340 cv e 60,1 kgfm. Ainda não existem ainda valores homologados de consumos e emissões para estas versões.
Embora cada vez mais procuradas, as versões híbridas plug-in ainda não serão as mais populares da nova V60. Da gama farão ainda parte as versões 2.0 turbodiesel, com tração integral ou permanente, D3 (150 cv) e D4 (190 cv). Quanto às opções a gasolina, serão propostas a T4 de 190 cv, a T5 de 245 cv com tração dianteira – a que será exportada para o Brasil – ou integral e a T6 de 310 cv e tração integral.
A gama inclui os níveis de equipamento Momentum – que estará na versão destinada ao mercado brasileiro – e Inscription. O primeiro já inclui elementos como o ar condicionado automático, o painel de instrumentos digital de 8 polegadas, os faróis por leds, os espelhos rebatíveis eletricamente, o cruise control com limitador de velocidade, os sensores de estacionamento traseiros, as rodas de 17 polegadas e o sistema Volvo On Call. A tudo isto, o nível Inscription adiciona dispositivos como o painel de instrumentos de 12 polegadas, os bancos em couro com assento extensível, os acabamentos em madeira, a dupla ponteira de escape, as rodas de 18 polegadas e o Drive Mode, que permite optar entre os modos de condução Eco, Comfort, Dynamic e Individual.
Experiência a bordo
Segurança nórdica
Há muita coisa para conhecer no interior da nova V60. Como o design e a decoração tipicamente escandinavos, marcados pela simplicidade das formas e por um inequívoco bom gosto, a que se juntam uma qualidade de materiais e de construção de nível superior, assim como as telas destinadas à interação com o veiculo, seja o painel de instrumentos digital, seja o monitor de comando do sistema Sensus de infoentretenimento, com várias funções conectadas, incluindo a App Volvo On Call, que, entre outras funcionalidades, permite consultar e controlar remotamente diversas funções.
A preocupação com a segurança é sempre inexorável num Volvo. E a nova V60 cumpre em pleno a pretensão do construtor escandinavo, de que, a partir de 2020, nenhum ser humano perca a vida a bordo de seus veículos. Neste particular, destaque primeiro para a estreia mundial do sistema Oncoming Mitigation by Braking, dispositivo capaz de detectar uma potencial colisão frontal (por exemplo, numa ultrapassagem numa estrada de dois sentidos), alertando o condutor e aplicando frenagem se as devidas medidas não forem tomadas para evitar o impacto.
Do lote de atributos em termos de segurança, de série ou opcionais, de acordo com os níveis de equipamento, fazem ainda parte dispositivos como o sistema City Safety (além da frenagem de emergência e do alerta de colisão, inclui o assistente de direção em manobras evasivas e é capaz de detectar veículos, ciclistas, pedestres e animais de maior porte); o Pilot Assist (ativo até aos 130 km/h, em conjunto com o cruise control adaptativo, é capaz de manter o veículo na sua faixa de rodagem com apreciável eficácia); o sistema BLIS de monitorização de ponto cego com assistente de direção; o Oncoming Lane Mitigation (ativo entre os 65-200 km/h, evita que o veículo abandone involuntariamente a sua faixa de rodagem em estradas com dois sentidos de circulação); o sistema de monitorização da atenção do motorista; a câmara panorâmica de 360° com alerta de colisão e de tráfego pela traseira em manobras de marcha ré; e os Run-off Mitigation e Run-off Road Protection – na eventualidade de uma saída de estrada, o primeiro aplica, entre os 65-140 km/h, frenagem e assistência à direção para auxiliar no controle do veículo, enquanto o segundo prepara os cintos de segurança para o eventual impacto.
Primeiras impressões
Perua de respeito
Taragona/Espanha – Foi na Catalunha que a Volvo proporcionou à imprensa internacional um primeiro contato dinâmico com a nova V60. Lamentavelmente foram disponibilizadas apenas as versões D4 e T6 AWD, ambas com transmissão de oito velocidades. Os quilômetros percorridos na Costa Dourada foram suficientes para tirar algumas conclusões importantes, como um apreciável conforto de marcha e um comportamento bastante interessante, marcado por uma inequívoca facilidade de condução e uma elevada eficácia, mesmo em traçados mais sinuosos cumpridos a ritmos mais acelerados. Também é digna de registro a maior rapidez de reações e um acréscimo de agilidade em relação à V90, mesmo que a diferença de peso entre os dois modelos seja pouco superior a 30 kg.
Quanto aos motores, o turbodiesel de 190 cv cumpre com brio a sua missão, garantindo uma boa resposta numa ampla gama de regimes, consumos contidos e um funcionamento suficientemente suave, mas que poderia ser mais silencioso. Já o propulsor a gasolina de 310 cv, também em virtude da dupla sobrealimentação, cativa bastante pela sua impressionante resposta em todos os regimes. Nas estradinhas, rodovias e subidas de montanha da Catalunha, a tração total ainda ajuda a assegurar uma condução fácil e segura em todas as circunstâncias, mesmo quando se impõem ritmos mais dinâmicos.