Depois de começar a trajetória de concorrência ao Corolla, da arqui-inimiga Toyota, em 1973, o Honda Civic, um discreto sedãzinho com as tradicionais linhas retas tão admiradas pelos japoneses nos anos 70, teve de batalhar bastante para ganhar um lugar ao sol. Para ajudar na missão, na terceira geração do Civic, em 1984, surgiu no Oriente e na América do Norte sua versão pretensamente esportiva, a Si (Sport Injected). No Brasil, especialmente quando o sedã médio começou a ser produzido na cidade paulista de Sumaré, a configuração Si virou uma espécie de sonho de consumo. Idealizado para ser um cupê, uma configuração de carroceria mais coerente com uma versão esportiva, o Si já foi de tudo nas nove gerações anteriores do Civic. Foi até um sedã com quatro portas travestido de esportivo, empurrado, sempre, por um motor aspirado. Embora os aficionados pelo carro nunca tenham torcido o nariz com suas versões – o que importava para eles era a estampa Si colada ao veículo, além do visual mais jovial e uma calibragem agressiva do motor –, o modelo da Honda há muito tempo merecia ter uma configuração genuinamente esportiva. Agora, sonho dos amantes do Si finalmente se materializou, embalado pela Geração 10 do Civic, lançada em 2016. Quem disser que o Si que acaba de desembarcar no mercado brasileiro se transformou em um novo modelo da Honda, e não mais apenas uma versão do Civic, não estará errado.
Produzido no Canadá, o novo Si é equipado com motor 1.5 turbo de alta performance e torque – são 208 cavalos e torque de 26,75 kgfm. Vem com injeção direta, duplo comando de válvulas variáveis no cabeçote (Dual VTC) e quatro cilindros, associado à transmissão manual de 6 velocidades. O tom de exclusividade do esportivo da Honda está também na remessa de somente 60 unidades trazidas para o Brasil até o final deste ano, cada uma com preço de R$ 162.900 – um valor elevado, mas competitivo se for colocado na equação tudo o que o veículo entrega para seu comprador. “Este é o primeiro Si turbo, e estabelece um novo patamar em termos de agilidade e de direção precisa. Trata-se de um modelo que já tem tradição no Brasil e que tem uma legião de entusiastas apaixonados pela performance e pelo design esportivo. Essa nova geração eleva essas qualidades a um novo patamar. E ela estava sendo muito aguardada pelos fãs brasileiros”, avalia Issao Mizoguchi, presidente da Honda Automóveis do Brasil.
Para ampliar o coeficiente aerodinâmico do Civic, o Si traz uma dianteira agressiva, com grade preta e largas tomadas de ar. O modelo vendido no Brasil tem uma exclusividade em comparação ao oferecido em outros mercados: a adoção de faróis “full led”, ampliando a luminosidade e a sofisticação. Rodas de liga leve de 18 polegadas, com 10 raios e acabamento em dois tons, usam pneus de 235 milímetros largos e de perfil baixo. Atrás, o esportivo mantém a assinatura de design do modelo, incorpora um elevado aerofólio e novos elementos como uma barra de leds horizontal que acompanha toda extensão da traseira e escapamento central com formato poligonal e acabamento cromado.
O interior do Si reforça a vocação esportiva, com bancos dianteiros em formato de concha, costuras vermelhas e logotipo da versão. O “bordado” vermelho se estende à forração das portas, ao volante e à coifa do câmbio, com alavanca em alumínio. Outros detalhes são a iluminação vermelha do painel em TFT e dos comandos do painel, os pedais em alumínio (imitando as pedaleiras de carros de competição) e o friso do painel de instrumentos em acabamento Dry Metal Carbon.
Apesar de ser um esportivo “puro sangue”, o novo Si revela muito conforto e equipamentos de conveniência, originados de outras versões do Civic. Vem com freio de estacionamento eletrônico, travamento das portas por distância, ar-condicionado digital de duas zonas, sensor de chuva, câmera no retrovisor externo da direita (reproduz as imagens na tela da multimídia), câmera de ré, sistema multimídia de 7 polegadas sensível ao toque, que controla todas as funções de áudio e é integrada aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto, proporcionando conexão do smartphone ao veículo. O esportivo traz ainda sistema de áudio de 450 watts, com 10 auto-falantes.
O Si foi desenvolvido para proporcionar elevado nível de segurança em várias situações. Isso é possível graças à ampla visibilidade oferecida ao motorista, à direção elétrica progressiva e à alta performance dos freios. O sistema ABS, com distribuição eletrônica de frenagem, o VSA (reúne os controles de tração e de estabilidade) e o exclusivo Agile Handling Assist garantem dirigibilidade segura até nas mais difíceis condições de asfalto e de clima. O esportivo da Honda é comercializado no Brasil com quatro opções de cores: White Orchid Pearl, Crystal Black Pearl, Brilliant Sporty Blue Metallic e Rallye Red. O modelo tem três anos de garantia, sem limite de quilometragem.
Primeiras impressões
Curvas quase retas
Porto Alegre/RS – O novo Civic Si impressiona desde o primeiro olhar. O visual agressivo da frente, a silhueta aerodinâmica e a traseira ousada parecem entregar um cartão de visitas e um convite para o motorista acelerar. A primeira sensação vem naturalmente do ronco do motor e de sua potência encorpada. O test-drive passou primeiro por ruas da capital gaúcha e depois pela BR-290, a freeway, até a cidade de Osório, ambiente natural para o esportivo da Honda mostrar todas as suas qualidades. De fato, é um carro para poucos! 45 quilos mais leve em relação à versão anterior e com uma silhueta extremamente aerodinâmica – com o teto caindo em forte angulação rumo à traseira, aliás, a carroceria foi desenvolvida especialmente para o Si – e empurrado pelo motor turbinado 1.5 de 208 cavalos e torque de 26,75 kgfm, o carro não desfila pela estrada: ele “voa baixo”, com uma aceleração contínua e encorpada e brutais retomadas, bastando baixar duas marchas para toda a potência voltar a “encher” o motor. Graças ao equilíbrio dinâmico “neutro”, o Si, mesmo com a tração dianteira, não tem tendência a escapar nas curvas, nem de frente, nem de traseira. Para o Si, toda a curva parece se tornar uma linha reta, de tão estável que é.
O esportivo da Honda pemaneceu grudado ao chão até nos intermináveis desníveis do asfalto em que se encontra a auto-estrada do Rio Grande do Sul, atualmente, sem responsáveis por sua conservação. O Si ignorou a situação deplorável da rodovia federal e mostrou toda sua vocação para uma “competição de estrada”. Os engates curtos e precisos do câmbio são uma delícia, agradando a quem realmente gosta de comandar a ferocidade de um esportivo genuíno, complementado com uma direção elétrica progressiva sempre segura e bancos dianteiros em forma de concha que agarram o motorista e o carona e são, ao mesmo tempo, muito confortáveis e sofisticados, com acabamento em couro. Em complemento aos amortecedores adaptativos, a suspensão tem molas mais firmes, barras estabilizadoras mais rígidas (30% a mais na dianteira e 60% a mais na traseira), buchas sólidas na dianteira e traseira e braços de controle ultrarrígidos atrás, vindos do Civic Type R.
O Civic Si traz um aprimoramento de condução, aumentando a dinâmica na utilização esportiva e o conforto no uso diário, pois, ao contrário dos superesportivos, o carro da Honda não tem a suspensão “curta”, que privilegia a competição mas deixa o veículo desconfortável em pisos irregulares. Por meio da tecla Sport, localizada no console central, o motorista pode escolher entre dois ajustes de condução, que alteram parâmetros de suspensão, acelerador e assistência de direção. No modo conforto, amortecedores operam de forma mais suave, a assistência da direção é aprimorada e o acelerador age de forma menos direta. Com o modo Sport acionado, os amortecedores trabalham com carga máxima, enquanto a resposta do acelerador fica mais direta e a direção tem a assistência reduzida, tornando a sensação do condutor mais visceral e intensa.