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Em 2020, a pandemia da Covid-19 se esparramou rapidamente, atingindo as pessoas e os negócios, indiscriminadamente. No Brasil, a crise veio para valer a partir da metade de março, perdurando desde então. O mercado automotivo praticamente estancou, com as montadoras fazendo paralisação na produção e as concessionárias fechando suas portas. Como em qualquer atividade, o mercado de automóveis teve de rever processos, desde a fabricação dos veículos, passando pela distribuição dos produtos até a sua chegada final ao consumidor. A partir de março, todas as marcas sofreram revés. No entanto, os resultados do final do ano apontam quem soube “se virar” com mais sabedoria, quem fez as apostas certas – ou até, quem teve sorte.

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Em números absolutos, a General Motors manteve a liderança das vendas de carros e comerciais leves, os dois segmentos com maior volume de emplacamentos sobre quatro rodas. A marca norte-americana fechou o ano com pouco mais de 340 mil emplacamentos nos dois segmentos, especialmente devido a um fenômeno de vendas chamado “Projeto Onix”, que engloba o mais emplacado do país há mais de seis anos, o hatch Onix, e sua versão sedã, o ex-Prisma e agora Onix Plus. Mas a General Motors também sofreu, com 28,6% de queda nas vendas em comparação ao ano anterior – uma redução ligeiramente superior à retração do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves como um todo, que ficou perto dos 26,7%. No primeiro momento, os negócios com seu literalmente “carro-chefe” tiveram um tombo de mais de 20 mil vendas em fevereiro para menos da metade em abril. O Onix perdeu a liderança mensal em duas ocasiões: em julho, para o Volkswagen T-Cross, e em setembro, para a Fiat Strada. O modelo da Chevrolet só voltaria a um desempenho mais parecido com o de fevereiro no último mês do ano, com 15.648 unidades vendidas.

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Das três maiores marcas em vendas no Brasil, a Fiat foi a que menos foi impactada em 2020, com 318.259 carros comercializados e uma queda de 12,3% ante o ano anterior e a terceira posição em “market share”. Se forem computados os veículos vendidos pela Jeep (108.456), a FCA teve uma retração média em torno de 13%. O grupo ítalo-americano tem a seu favor quatro modelos com bom rendimento de vendas – os Fiat Strada e Argo e os Jeep Renegade e Compass. À frente da Fiat ficou a Volkswagen, com 323.775 unidades emplacadas e um recuo de 20,3% em relação a 2019. A marca alemã muito deve ao sucesso de seu primeiro SUV, o T-Cross, e ao veterano Gol. A Hyundai contou mais uma vez com o também fenômeno HB20 para ficar à frente da Ford, na quarta colocação. A marca sul-coreana teve 165.134 carros vendidos e uma retração bem mais branda que a da já rival norte-americana. Enquanto a Hyundai teve uma queda de 19,6% na comparação anual, apesar de não ter apresentado nenhuma novidade de produto em 2020, a Ford registrava uma retração de 36,6%, com 137.315 emplacamentos. Um detalhe ajuda a explicar a “patinada” da marca do oval azul: ela não tem nenhum modelo entre os dez mais vendidos. Seu mais importante lançamento no ano, o SUV Territory, vindo da China, custa mais de R$ 180 mil e, por conta disso, não almeja grandes volumes.

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Entre as marcas mais tradicionais, apenas a Porsche teve um resultado positivo no ano passado, com aumento de 33,3% e 2.466 unidades vendidas. Vale à pena ressaltar que a fabricante de Stuttgart oferece apenas veículos premium, além de não ter parado de fazer lançamentos mesmo em meio aos piores momentos da Covid-19. Outra marca de luxo que não se saiu mal em 2020 foi a Volvo, com uma redução de apenas 2,5% nas vendas, com um total de 7.590 unidades – sinal de que o foco da marca sueca nos veículos híbridos e elétricos começa a render frutos no Brasil. Ainda no segmento de luxo, a BMW também escapou com poucos danos e teve 12.280 unidades vendidas no Brasil, com apenas 4,9% negativos em relação a 2019, na décima quinta posição do ranking. Dentre as marcas mais populares, a jovem Caoa Chery terminou o ano com apenas 1,9% negativo, com a venda de 19.631 unidades, mantendo a décima primeira posição no ranking das montadoras. A marca sino-brasileira já deixou para trás nomes centenários como Mercedes-Benz, BMW, Mitsubishi, Citroën, Volvo, Audi e Peugeot.

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O “top ten” das fabricantes no Brasil apontou recuos significativos em três japonesas, com a Toyota vendendo menos 36,2% em 2020, com 135.993 veículos. A coisa seria ainda pior para a marca oriental se não tivesse em suas fileiras um “canhão” conhecido como Corolla, o modelo mais emplacado da história da indústria automotiva. A Honda teve 82.915 exemplares negociados e um recuo de 35,1% ante o ano anterior e a décima colocada do ranking, a Nissan, teve 60.179 vendas no país, significando um revés de 36,6%. Um desempenho que não merece ser comemorado, mas que supera sua parceira de Aliança, a francesa Renault, que teve 129.193 veículos emplacados no ano passado e um tombo de 44,4%, o mais feio entre as dez marcas mais vendidas. Já há alguns anos fora do “top ten”, suas compatriotas Peugeot e Citroën também amargaram um 2020 indigesto, com quedas de 38,3% e 49,06%, respectivamente.

Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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