As marcas da China – o país que mais investe na eletrificação automotiva – resolveram brigar pelo mercado brasileiro. A BYD, a mais animada, já tomou conta das tomadas nacionais. Entre os puramente elétricos, os automóveis que comercializa – Dolphin Mini, Dolphin, Seal, Yuan Plus, Han e Tan – somam mais de 70% das vendas do segmento no primeiro semestre de 2024. Já entre os híbridos, seu SUV plug-in Song Plus lidera as comercializações, com mais de 20% dos emplacamentos do segmento nos seis primeiros meses deste ano – o recém-lançado sedã híbrido BYD King ainda não aparece no ranking. Contudo, a liderança nacional do Song Plus – que recebeu mudanças com a chegada da linha 2025, há dois meses – é ameaçada pelo rival GWM Haval H6, outro SUV híbrido também importado da China, que obteve 18,7% das vendas semestrais no segmento. Para consolidar o primeiro lugar no segmento, a BYD resolveu trazer uma nova versão do Song, a Pro.
Já confirmado como primeiro modelo de produção brasileira na fábrica que a BYD promete inaugurar até 2025 na cidade baiana de Camaçari, o Song Pro é uma versão simplificada do Plus, vendido atualmente por R$ 239.800. O novo Song Pro chega em duas configurações, com preço especial para as primeiras três mil unidades. A GL, mais básica, é oferecida por R$ 189.800, enquanto a GS, mais completa, sai por R$ 199.800. Não foram definidos os valores após a venda das primeiras três mil unidades. A garantia do veículo é de seis anos, sem limite de quilometragem. Já a bateria Blade conta com garantia de oito anos, também sem limite de quilometragem.
O Song Pro é impulsionado pela tecnologia DM-i Super Híbrida, equipado com um motor 1.5 aspirado a gasolina e outro elétrico, sistema híbrido plug-in EHS e bateria Blade. As variantes GL e GS se diferenciam, principalmente, pelo tamanho do pack de baterias Blade. Pela metodologia NEDC, adotada na China, a bateria Blade de 18,3 kWh da GS (a mesma do Song Plus 2025) entrega autonomia no modo 100% elétrico de até 110 quilômetros. Na GL, a bateria é de 12,9 kWh – e a autonomia elétrica cai para 71 quilômetros. Quando combinados, os motores da GS entregam 235 cavalos de potência (a mesma do Song Plus) e 43 kgfm de torque. Na GL, a potência combinada fica em 223 cavalos – o torque combinado da versão não foi revelado. Para carregar as baterias, o modelo usa apenas tomadas de corrente alternada do tipo 2, limitada a 6,6 kW de potência – não há a opção tipo 1, de DC, mais rápida. Segundo o NEDC, o consumo de combustível da GS é de 22,7 km/l e, como o tanque de combustível tem capacidade para até 52 litros, pode chegar a uma autonomia total de até 1.100 quilômetros, com um tanque cheio de gasolina e a bateria totalmente carregada. Já pelo padrão brasileiro, o PBEV do Inmetro, o Song Pro GS tem uma autonomia elétrica de 68 quilômetros (49 quilômetros na GL) e total de 780 quilômetros.
Externamente, os Song Plus e Pro têm porte bem similar. Com 4,73 metros de comprimento, 1,86 metro de largura e 1,71 metro de altura e 2,71 metros de entre-eixos, o novo modelo é três centímetros mais longo e três centímetros mais alto em relação ao Plus, mas também é três centímetros mais estreito e tem 5,3 centímetros a menos de entre-eixos. A BYD afirma que se inspirou nos dragões chineses para desenvolver o estilo da linha Song, com um design marcado pelas linhas fluidas e pela silhueta robusta. As diferenças do Song Pro em relação ao Plus são mínimas e se restringem ao desenho da grade e um aplique prateado na coluna traseira, além de alguns cromados da Plus aparecerem em aço escovado ou plástico preto na Pro. O conjunto óptico é full-led. Os espelhos têm seta integrada e contam com rebatimento elétrico. As rodas do Song Pro são de 18 polegadas – menores do que as de 19 polegadas do Song Plus. Na traseira, o Song Pro não vem com o slogan “Build Your Dreams” habitual dos BYD, ostentando apenas a logomarca da fabricante sob uma faixa de leds que atravessa a tampa do porta-malas de ponta a ponta, unindo as lanternas horizontais e estreitas. O Song Pro está disponível nas cores branco, cinza e azul.
Na cabine, o Song Pro traz um padrão um pouco mais simples que o da versão mais cara. As variantes GL e GS têm em comum itens como seis airbags, ajuste elétricos para o banco do motorista, carregador de celular por indução, câmeras para visão de 360 graus e iluminação total por leds. Em relação ao Song Plus, o Pro deixa de oferecer itens como como ajuste elétrico do banco do passageiro da frente, teto-solar, comutador automático de farol alto, ventilação e aquecimento dos bancos e retrovisor interno fotocrômico. O banco traseiro bipartido pode ser totalmente rebatido, ficando nivelado com o porta-malas – que capacidade para 520 litros, segundo a BYD. Na China, diferentemente do padrão VDA adotado no Brasil, o volume do porta-malas é medido até o teto.
O Song Pro traz o que a BYD chama de “Pacote 1” do sistema avançado de assistência ao motorista (ADAS), que engloba funções mais simples como sistema de direção assistida elétrica, freios ABS, controle de tração, sistema de distribuição da força de frenagem, assistência de partida em rampa, função de frenagem confortável, controle de cruzeiro, freio de estacionamento eletrônico, função Auto Hold, sistema direto de monitoramento de pressão dos pneus e controle eletrônico de estabilidade. Equipamentos de segurança semi-autônoma mais avançados, presentes na versão Plus, não estão na Pro – é o caso do controle de cruzeiro adaptativo, assistente de centralização em faixa, reconhecimento de placas de trânsito, assistente de descida, alertas de ponto cego, de mudança involuntária de faixa e de colisão frontal, frenagens autônomas de emergência e em marcha a ré.
Experiência a bordo
Modernidade com estilo
Como já ocorre em outros modelos da BYD, o inegável destaque interno do Song Pro é a vistosa tela giratória do multimídia, que tem 12,8 polegadas. Seu sistema operacional traz conectividade com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, GPS nativo e as imagens da câmera de 360 graus. Traz ainda a mesma função Karaoke, que estreou no Brasil no ano passado no Dolphin. Regulável na altura e na profundidade, o volante de base reta no Song Pro é bicolor e abriga vários controles multifuncionais. Atrás dele fica o cluster digital com 8,8 polegadas (menor que o de 12,3 polegadas do Song Plus) com quadro de instrumentos e informações sobre o sistema híbrido.
A cabine apresenta um design bicolor de baixo contraste, para aumentar a sensação de profundidade. O acabamento é de bom padrão e os revestimentos transmitem sensação de qualidade. O console central elevado, repleto de botões (inclusive o de partida) e com uma manopla de câmbio em estilo futurista, reforça o aspecto de requinte. Os bancos frontais são inteiriços e revestidos em um polímero que simula couro, em bege claro e escuro, com costuras e detalhes em laranja. Apenas a versão GS oferece ajustes elétricos no banco do motorista (em seis posições) e carregador de celular por indução. Na traseira, o espaço é generoso. Como não há túnel central, o assoalho é totalmente plano, o que facilita a acomodação do passageiro do meio – e é possível ajustar o ângulo do encosto.
Primeiras impressões
Para ir mais longe
São Paulo/SP – Na maior parte do tempo, o propulsor a combustão funciona para gerar eletricidade, com o motor elétrico movendo o BYD Song Pro. Com a bateria devidamente carregada, o motor elétrico traciona o novo SUV, proporcionando o torque instantâneo e o silêncio característico dos carros abastecidos por baterias. Conforme a BYD, a versão “top” do Song Pro acelera de zero a 100 km/h em 7,9 segundos (são 8,3 segundos na GL). Ambas as configurações têm velocidade máxima limitada em 185 km/h. O modelo oferece os modos de condução “Normal”, “Sport” e “Eco”. Há também o modo para pista molhada e as opções de dirigir unicamente na forma elétrica ou na híbrida. Nas ruas paulistanas, o utilitário esportivo mostrou um desempenho ágil e acelerou rápido. A suspensão tem foco no conforto e o isolamento acústico é eficiente.
O torque instantâneo e a reatividade do acelerador típicas dos motores elétricos compensam a ausência de um turbocompressor no motor a gasolina. O Song responde sempre com presteza aos comandos do motorista em ultrapassagens e retomadas. Porém, para garantir um desempenho sempre eficiente, é importante manter carga suficiente nas baterias para não deixar todo o “trabalho” com o motor 1.5 aspirado. Com a bateria do motor elétrico devidamente abastecida e contando com a potência combinada de 235 cavalos e o torque total de 43 kgfm, o Song Pro é um utilitário esportivo bem divertido de dirigir. Pela relação custo/benefício, é possível acreditar que em breve supere o Plus como a versão mais vendida do SUV híbrido da BYD.
Ficha Técnica
BYD Song Pro GS
Motorização: híbrido plug-in com conector do tipo 2. Motor de 1.498 cm3 aspirado a gasolina dianteiro transversal com 4 cilindros, injeção multiponto e duplo comando de válvulas no cabeçote, combinado com motor elétrico
Potência combinada: 235 cavalos
Torque combinado: 43 kgfm
Tanque de combustível: 52 litros
Capacidade da bateria: 18,3 kWh
Potência de recarga: 8,6 kW (AC)
Tração: dianteira
Transmissão: e-CVT
Direção: elétrica
Dimensões: 4,73 metros de comprimento, 1,86 metro de largura e 1,71 metro de altura e 2,71 metros de entre-eixos
Porta-malas: 520 litros
Peso: 1.700 quilos
Suspensão: Independente tipo MacPherson na dianteira e independente multibraços na traseira, ambas com molas helicoidais
Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Rodas e pneus: liga leve de 18 polegadas com pneus 225/60
Preço da versão GS: R$ 199.800 (promocional para as três mil primeiras unidades vendidas)
Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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