Luiza Kreitlon/AutoMotrix

A Fiat Strada foi lançada em outubro de 1998 – acaba de completar 25 anos de existência. Em agosto deste ano, a picape desenvolvida e fabricada no Polo Automotivo Stellantis de Betim, em Minas Gerais, ultrapassou a marca de 400 mil unidades produzidas e apresentou a sua linha 2024. A principal novidade foi o motor 1.0 Turbo 200 Flex, que a tornou a primeira picape compacta turbo flex no mundo. Sempre acoplado ao câmbio CVT, o motor turbo estreou nas versões mais caras da picape – a já conhecida Ranch e a inédita Ultra, ambas custando os mesmos R$ 132.990. A Ranch tem características para o fora-de-estrada com pneus de uso misto. Já a nova configuração Ultra, já conhecida na gama da Toro, é voltada para a cidade e equipada com pneus para asfalto. A diversidade de opções é um dos fatores que ajudam a explicar o sucesso da Strada. Atualmente, a “picapinha” da Fiat tem cinco versões (Endurance, Freedom, Volcano, Ranch e Ultra), disponíveis em sete configurações. Em 2021, tornou-se a primeira picape a liderar o ranking anual de vendas de automóveis no Brasil – posto historicamente dominado pelos hatches, como o Volkswagen Gol e o Chevrolet Onix. E se manteve no alto do pódio, em 2022 e 2023.

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            O propulsor 1.0 Turbo 200 Flex, que estreou há dois anos junto com o utilitário esportivo Fiat Pulse e já equipa também o Fiat Fastback e o Peugeot 208, é um três cilindros dentro da tendência mundial de “downsizing” – motorizações menores, mais leves e mais potentes. Ele traz um turbocompressor de baixa inércia da BorgWarner com “wastegate” eletrônica, que se ajusta rapidamente às demandas do acelerador de forma ativa. Conta ainda com o MultiAir III, um sistema eletro-hidráulico para fazer um controle flexível das válvulas de admissão e manter a performance sem comprometer o consumo de combustível. Com potência de 130 cavalos com etanol (125 cavalos com gasolina) e torque de 200 Nm – 20,4 kgfm –, o propulsor permite que o modelo vá de zero a 100 km/h em 9,5 segundos – segundo a Fiat, é o mais rápido entre os concorrentes. As Strada Ranch e Ultra equipadas com o novo motor turbo flex recebem uma transmissão automática tipo CVT com 7 marchas simuladas e oferece três modos de condução (“Automático”, “Manual” e “Sport”). Já as configurações de entrada e intermediárias da Strada mantiveram o tradicional motor 1.3 Firefly

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            A linha 2024 da Strada trouxe ainda mudanças no design, também concentradas nas variantes Ultra e Ranch. Visualmente, a Ultra se diferencia da Ranch pelo friso vermelho na grade e pelas rodas diamantadas com acabamento mais escurecido e bordas em prata. Em ambas, a dianteira vem com nova grade hexagonal e novo para-choque integrado com faróis de neblina em leds, semelhantes aos do Pulse. Em estilo colmeia, a grade traz também o distintivo da Fiat. O conjunto óptico ficou mais afilado. Na Ultra, o acabamento é em cinza escuro na parte superior da grade, na proteção inferior do para-choque (skid plate) e nas molduras das luzes de neblina. Na traseira, não há novidades – apenas o logotipo “Turbo 200” identifica as versões mais potentes. Por dentro, as Strada topo de linha têm novo volante com Fiat Script e botão Sport integrado e novos bancos em couro sintético.

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            A Strada Ultra é equipada com recursos como controle eletrônico de estabilidade, que corrige automaticamente as saídas dianteiras e traseiras, e o sistema Hill Holder – mantém o freio acionado automaticamente por aproximadamente dois segundos ao arrancar em ladeiras e em ré, em manobras. Ainda há o TC+ (Traction Control Plus), que faz o controle eletrônico do eixo de tração em situações leves de off-road, freando a roda com menos tração e proporcionando mais aderência e desempenho em terrenos desafiadores. A caçamba da Ultra leva 650 quilos ou 844 litros e vem com capota marítima de série. Quatro ganchos inferiores e seis superiores de fixação garantem mais segurança no transporte de cargas. A capacidade de reboque da picape é de 400 quilos. No habitáculo, os destaques da Strada Ultra são o sistema multimídia Uconnect 7, que oferece ligação Wireless para Android Auto e Apple CarPlay, o ar-condicionado digital automático e o carregador de celular sem fio. 

Experiência a bordo

Compacto funcional

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            A Strada Ultra tem bancos na cor preta e painéis de porta com enxerto acolchoado nos apoios de braço. O banco do motorista, além da regulagem em altura, traz um apoio central dobrável para o cotovelo. Já no banco traseiro, não há muito espaço tanto para as pernas quanto para a cabeça de adultos, além de o encosto ser um tanto vertical demais. O volante multifuncional tem base achatada e ostenta a tecla Sport. É possível ajustar a altura do volante, mas não a profundidade. A tela tátil do sistema multimídia Uconnect é de 7 polegadas, dimensão modesta em relação aos veículos mais recentes. Conta com espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio. A picape também tem câmera de ré, sensor de estacionamento e retrovisor direito com tilt down.

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            O painel mantém o quadro de instrumentos analógicos, com um conta-giros pequeno. Uma janela central digital exibe, além das funções do computador de bordo, dados como temperatura do fluido de arrefecimento e pressão do turbo. Os porta-objetos incluem lugares específicos para celulares, garrafas, latas e outros objetos pessoais. Há Wireless Charger para carregamento de smartphone sem fio no console central e um segundo conector USB para passageiros do banco traseiro. O ar-condicionado da Ultra é digital e automático – regula o ambiente interno com a temperatura desejada pelo cliente. 

Impressões ao dirigir

Versatilidade em ação

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            Com o 1.0 turbo tricilíndrico, a Fiat Strada ganhou força para encarar a Chevrolet Montana, lançada este ano com motor turbo. A transmissão da Strada Ultra é automática CVT, com simulação de 7 marchas e borboletas no volante para quem prefere trocá-las manualmente, e consegue rentabilizar bem o trabalho do motor. Elástico, o “powertrain” reage com prontidão desde as baixas rotações, deixando a picape ágil no trânsito. Na estrada, a “picapinha” turbo ficou bem mais esperta do que as versões com o 1.3 Firefly aspirado e não demonstra qualquer esforço em ultrapassagens ou em subidas de serra. Há ainda o modo “Sport”, acionado por um botão no volante, que mantém o giro mais alto. Segundo o Inmetro, o consumo é de 12,1 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada com gasolina. Com etanol, são 12,1 km/l e 8,3 km/l, respectivamente. A aceleração de zero a 100 km/h divulgada é de 9,8 segundos com gasolina e de 9,5 segundos com etanol. Rodar com giro baixo beneficia no consumo e favorece o conforto acústico – em performances mais dinâmicas, o barulho do motor turbo é claramente perceptível a bordo. 

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            No uso cotidiano, a picape da Fiat não apresenta diferenças significativas de dirigibilidade em relação a um hatch, sedã ou SUV de porte similar – como o Argo, o Cronos ou o Pulse, com os quais compartilha a plataforma. Com direção eletricamente assistida, câmera de ré e alertas sonoros de proximidade, é fácil de se manobrar, inclusive para entrar e sair de vagas apertadas. Para receber o motor mais potente, a engenharia da Fiat incorporou molas e amortecedores mais firmes, o que aumentou a rigidez torcional, um novo acerto da direção elétrica e pinças de freio dianteiro melhoradas. Como as suspensões com molas semi-elípticas são um sistema voltado para o transporte de carga, o comportamento dinâmico das picapes em curvas normalmente é sacrificado, especialmente quando a caçamba está vazia, com pouco peso no eixo traseiro. Na Strada Ultra, a estabilidade não chega a pregar sustos, mas abusos de radicalidade ao volante devem ser evitados. 

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            Nas trilhas leves, apesar dos pneus para uso no asfalto, alguns equipamentos contribuem para a picape da Fiat não fazer feio – como o controle de estabilidade e o assistente de partida em rampa. A boa altura em relação ao solo permite transpor obstáculos sem preocupação com a parte inferior, seja no asfalto ou na terra. Os bons ângulos de entrada e de saída ajudam em aclives e declives. Em pisos com pouca aderência, o sistema de controle de tração eletrônico (TC+) freia a roda que está sem aderência e transfere força para a outra, um auxílio importante em situações de piso com pouca aderência no asfalto ou na terra. A Ultra poderia entregar um pouco mais em termos de equipamentos de segurança: não há airbags do tipo cortina e nem os assistentes de direção mais básicos, como alertas de ponto cego e de frenagem. 

Ficha técnica 

Fiat Strada Ultra Turbo 200

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Motor: 1.0 de três cilindros, transversal, turbo, 12 válvulas, flex, 999 cm³ de cilindrada

Potência: 130 cavalos (etanol) e 125 cavalos (gasolina)

Torque: 20,4 kgfm (etanol e gasolina) a 1.750 rpm

Transmissão: automática do tipo CVT de 7 marchas simuladas no modo manual e variável no modo automático

Tração: dianteira

Direção: tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica 

Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira

Suspensão: dianteira independente, tipo MacPherson, com barra estabilizadora, e traseira com eixo rígido, com molas parabólicas longitudinais

Altura em relação ao solo: 18,5 centímetros

Rodas/pneus: 6 x 16”, de liga leve/205/55 R16

Dimensões: 4,45 metros de comprimento, 1,73 metro de largura, 1,60 metro de altura, (com barra no teto) e 2,73 metros de distância de entre-eixos

Peso 1.251 kg

Tanque: 55 litros

Caçamba: 844 litros

Ângulo de ataque/saída: 23 graus e 29 graus

Preço: R$ 132.990. A pintura sólida custa R$ 990 e as metálicas, R$ 2.290.

Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

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