Primeiro Ford elétrico de produção em série, o Mustang Mach-E (pronuncia-se “mac i”) foi colocado à venda no mercado norte-americano em dezembro de 2020. Sucesso nos Estados Unidos, com mais de 90 mil unidades vendidas, e também na Europa, onde quase 60 mil unidades já foram comercializadas, agora o crossover de porte médio desembarca no Brasil com a missão de colocar a Ford no mercado local de modelos 100% elétricos. Em 2023, os automóveis recarregáveis exclusivamente em tomadas respondem por cerca de 0,5% das vendas nacionais de carros, mas são o segmento que mais cresce no país – com direito a uma guerra de preços entre os modelos de entrada. Contudo, coerentemente com sua orientação global de concentrar esforços nos modelos de maior valor agregado, a Ford entra na briga dos elétricos mais esportivos e sofisticados. O primeiro 100% elétrico comercializado pela Ford na América do Sul é importado do México somente na versão GT Performance – a mais orientada para o desempenho –, com preço de R$ 468 mil. Para a Ford do Brasil, o novo carro deve concorrer tanto com os SUVs elétricos de luxo – como o BMW IX3 (R$ 500.950) e o Volvo XC40 (R$ 399.950) – quanto com esportivos carregáveis em tomadas – como o Audi e-Tron GT (R$ 769.990), o Porsche Taycan (R$ 745.000) e o BMW I4 (R$ 617.950). O Mustang Mach-E já está disponível em mais de 110 lojas em todo o território nacional.
Desde a escolha do nome, fica óbvia a intenção da Ford de evocar para o seu crossover elétrico o caráter icônico do cupê esportivo mais vendido do mundo – o famoso “Pony Car” é comercializado há 59 anos e cerca de 10,5 milhões de unidades já foram emplacadas em mais de 150 países. A denominação “Mach-E” é inspirada na variante Mach 1 da primeira geração do Mustang – e reeditada na geração atual do cupê esportivo, que é comercializada no Brasil com um motor a gasolina 5.0 V8 de 483 cavalos, com preços a partir de R$ 576.490. Com o Mach-E, a proposta da marca norte-americana é oferecer uma opção de veículo elétrico mais carismático que os concorrentes, que ostente o apelo emocional que impulsiona as vendas do cupê Mustang há quase seis décadas.
Além do nome, o Mach-E pegou emprestadas algumas referências estéticas. Embora seja um veículo totalmente elétrico e também um utilitário esportivo com estilo cupê, o Mach-E é inconfundivelmente reconhecível como um Mustang. Lá estão elementos característicos, como seu capô longo e poderoso com a frente no estilo “nariz de tubarão”, os faróis alongados com “day-light” retilíneo, o caimento do teto em direção à traseira curta e as lanternas em leds com as indefectíveis três barras. Não há maçanetas convencionais – o veículo apresenta botões que abrem as portas e uma pequena maçaneta emerge das portas dianteiras. Os proprietários podem usar seus smartphones para abrir a porta, bem como um teclado embutido na coluna “B”. O emblema “GT” na tampa do porta-malas se soma a outros diferenciais estéticos específicos da versão que chega ao Brasil, como a grade na cor Dark Matter Grey (cinza escuro brilhante), o para-choque dianteiro com entradas aerodinâmicas, o spoiler frontal, as rodas de liga leve de 20 polegadas com face usinada e detalhes pretos de alto brilho, o teto e as carenagens dos retrovisores em preto.
Como em qualquer Mustang que honre o nome, a alma do Mach-E é o motor – no caso da versão GT, os motores. São dois de corrente alternada que impulsionam as quatro rodas, combinando-se para produzir até 487 cavalos de potência e um brutal torque de 87,7 kgfm, números que explicitam a esportividade do veículo. Montado na parte traseira, o motor síncrono de ímã permanente atinge o torque máximo em meio segundo, com o dianteiro fornecendo de forma independente potência, torque e tração adicionais às rodas da frente. Segundo a Ford, o Mach-E GT pode acelerar da imobilidade aos 100 km/h em 3,7 segundos. A velocidade máxima, controlada eletronicamente, é de 200 km/h. A distribuição de peso segue o padrão considerado ideal para esportivos – 50% na dianteira e 50% na traseira.
O trem de força é configurado para aumentar o equilíbrio da distribuição de torque à medida em que o motorista alterna entre os modos de direção. De acordo com a Ford, o modo “Engage” equilibra a serenidade silenciosa de um veículo totalmente elétrico com o desempenho divertido do Mustang. Para aumentar a emoção, basta mudar para o “Unbridle”, que melhora a resposta do acelerador. O modo “Unbridle Extendend” faz o mesmo, porém, com mais foco na rentabilização da bateria. E o modo “Whisper” potencializa o Brake Traction Control, que ajuda a manter a aderência em superfícies escorregadias. O Mustang Mach-E também oferece a tecnologia, comum em elétricos, que permite acelerar e frear usando apenas o pedal do acelerador, o que ajuda a devolver mais energia cinética à bateria. A aceleração e a desaceleração são controladas pressionando ou levantando o pé do pedal da direita, respetivamente. O pedal do freio pode ser acionado quando é necessária uma potência de frenagem mais forte.
Com células de íons de lítio, a bateria de níquel, cobalto e manganês de 91 kWh pesa 596 quilos e é dividida em 12 módulos, localizada centralmente entre os eixos e abaixo do assoalho do carro. O Mach-E GT proporciona uma autonomia pelo ciclo WLTP de até 571 quilômetros entre carregamentos – na norma do Inmetro, é de 379 quilômetros. O carregamento utiliza um plugue tipo 2, e os compradores do (Mach-E recebem um Ford Wallbox portátil de 7 kW, para carregar de 10% a 80% em aproximadamente seis horas e de zero a 100% em 14 horas. Opcionalmente, é possível adquirir um Wallbox fixo de 7 kW, de 11 kW ou um carregador de emergência de baixa potência, para tomadas convencionais.
Padrão na versão GT, a suspensão adaptativa MagneRide controla eletronicamente o fluido dentro do amortecedor para responder em tempo real às mudanças nas condições da estrada, podendo ajustar o caráter do veículo de acordo com o modo de condução selecionado. As especificações de freios e pneus também são exclusivas do GT. A Ford trabalhou com a Pirelli para desenvolver um composto de pneu 245/45 R20 personalizado. Os discos de freio dianteiro ventilados Brembo tem 385 milímetros de diâmetro. A versão GT traz tecnologias avançadas de assistência ao motorista, incluindo controle de cruzeiro adaptativo inteligente com Stop&Go e centralização de faixa, assistência de ponto cego, Active Park Assist 2.0, assistente de manobras evasivas e assistência pré-colisão com detecção de pedestres, alerta de tráfego cruzado e frenagem automática de emergência (para frente ou para trás). São nove airbags – inclusive um entre os bancos frontais. O Mach-E GT Performance tem três anos de garantia, sem limite de quilometragem, com revisões gratuitas. Motores, bateria e demais componentes de alta voltagem têm garantia de oito anos.
Experiência a bordo
Espírito esportivo
Antes mesmo de o motorista entrar no carro, o Mustang Mach-E dá provas de sua capacitação tecnológica. Com a tecnologia Phone As A Key, pelo Bluetooth, o veículo capta o smartphone quando o motorista se aproxima do carro, destrancando as portas e permitindo que ele comece a dirigir sem precisar tirar o celular do bolso ou usar uma chave. Um código de “backup” pode ser inserido em um teclado na coluna “B” para destravar as portas. Outro código pede ser acessado na tela sensível ao toque central para dar partida no carro.
No interior, sinais de design tradicionais do “Pony Car”, como o painel de instrumentos com capota dupla, estão presentes. Uma vistosa tela “touchscreen” Full HD de 15,5 polegadas com botão multifuncional dá acesso à última geração do sistema de comunicação e entretenimento Sync 4, com GPS embarcado. O sistema oferece câmera de 360 graus e assistente de estacionamento automático. Com destaque para informações de autonomia e status da bateria, o quadro de instrumentos tem tela de 10,2 polegadas com três modos de customização. O habitáculo tem seis entradas USB do tipo A e C. O carregamento sem fio para smartphones é de série.
Os bancos esportivos Ford Performance oferecem o apoio desejável para uma condução vigorosa, com acabamento em um material de toque suave semelhante a couro, tal como o volante. O do motorista tem ajustes para oito posições. O som é um Bang & Olufsen de nove alto-falantes. A porta do bagageiro traseiro de 402 litros tem tecnologia “hands free” – quando o motorista chega ao veículo com os braços ocupados e a “chave” no bolso, a tampa traseira pode ser aberta com um simples movimento de passar o pé sob o para-choque. Um porta-malas dianteiro, possibilitado pela ausência de motor de combustão sob o capô, adiciona 139,5 litros de espaço. Conforme a Ford, o amplo teto panorâmico de vidro fixo tem uma camada interna para ajudar a proteger contra os raios ultravioleta e um revestimento especial que faz o interior ficar mais fresco no verão e mais quente no inverno.
Ficha Técnica
Ford Mustang Mach-E GT Performance
Motor: dois elétricos síncronos de ímã permanente de corrente alternada. Bateria de níquel, cobalto e manganês com células de íons de lítio de 91 kWh com potência máxima de carregamento de 150 kW DC kW
Potência combinada: 487 cavalos
Torque combinado: 87,7 kgfm
Câmbio: Auto CVT de uma marcha
Tração: integral AWD
Suspensão: dianteira do tipo MacPherson e traseira do tipo multilink, ambas com molas espirais e barra antirrolamento
Rodas e pneus: liga leve de 20 polegadas com pneus Pirelli R20 245/45
Freios: discos ventilados à frente e discos na traseira
Dimensões: 4,71 metros de comprimento, 1,88 metro de largura (2,09 metros incluindo os retrovisores), 1,60 metro de altura, 2,98 metros de entre-eixos
Distância livre em relação ao solo: 20 centímetros
Peso: 2.157 quilos
Preço: R$ 468 mil
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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