Embora seja uma marca quase centenária, a Nissan comemorou em outubro 22 anos de operação no Brasil. Para celebrar, a montadora integrante da tríplice aliança com a Renault e a Mitsubishi anunciou a criação do “Memória Nissan” no Complexo Industrial de Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro, onde ficarão expostos todos os modelos feitos na unidade. Atualmente, a fábrica de Resende produz apenas o utilitário esportivo Kicks e também os motores 1.6 16V flexfuel para o modelo. Além da fábrica de automóveis e de motores da Nissan em Resende, a marca conta com o Centro de Armazenamento e Distribuição de Peças em Itatiaia (RJ), o escritório com foco na área comercial e equipe de Design na cidade de São Paulo, o Centro de Treinamento em Jundiaí (SP), escritórios administrativos e de comunicação nas cidades do Rio e de São Paulo e as áreas de Engenharia e de Compras em São José dos Pinhais, com um total de 2.600 pessoas empregadas.
A Nissan do Brasil surgiu em 2000. Um ano depois, foi inaugurada a fábrica de veículos comerciais para produzir modelos da Renault e da Nissan em São José dos Pinhais (PR), sendo a primeira fábrica comum da Aliança no mundo, passando a montar em 2002 a picape Frontier – feita agora em Córdoba, na Argentina – e o utilitário esportivo Xterra. Em 2011, a Nissan deu um passo a mais em sua estratégia de crescimento no país, anunciando um investimento de R$ 2,6 bilhões para construir o Complexo Industrial de Resende. Aberta em 15 de abril de 2014, a unidade tem um ciclo completo de produção, desde a estamparia até a “boca de saída” da linha de montagem, com o veículo totalmente pronto para rodar pela área do complexo nas mãos de “test-drivers”.
A fábrica de Resende é semi-automatizada. Os robôs atuam mais diretamente na área da soldagem das peças da carroceria. O destaque dos autônomos é o exuberante “Hércules”, o maior robô do complexo. Por ele, passam todos os 200 mil veículos – a capacidade máxima de produção de Resende –, em dois turnos de trabalho. É concluído em média um carro a cada dois minutos na fábrica fluminense, que conta com mais de 2 mil empregados. Os robôs convivem com os 159 AGVs (Automatic Guided Vehicles), “carrinhos” autônomos, que levam as peças de uma área para outra do lugar e têm a prioridade de trânsito pelas “ruas” da linha de montagem. “Chegamos aos 22 anos com uma base sólida e muitas novidades que nos preparam para um futuro promissor, com abertura do segundo turno na fábrica de Resende, o anúncio do investimento de até R$ 1,3 bilhão para a produção de futuros modelos, a adoção de novas tecnologias na linha de produção, o lançamento do programa de carros por assinatura ‘Nissan Move’, a expansão do plano de eletrificação e a renovação de nossos produtos”, comemora Airton Cousseau, presidente da Nissan Mercosul e diretor-geral da Nissan do Brasil.
O complexo de Resende foi o local escolhido para a empresa passar a conservar seus veículos que marcaram a trajetória no Brasil. O “Memória Nissan” está instalado no prédio da fábrica de motores. Inicialmente, o acervo conta com os cinco modelos produzidos em Resende – o March, marcou o início da produção no complexo e é assinado por muitos empregados em sua carroceria branca, o Versa, também “autografado” pelos operários, o March Rio 2016, em homenagem aos Jogos Olímpicos do Rio, o Kicks Rio 2016, que rodou pelo país no Revezamento da Tocha Olímpica, o Versa nacional e o V-Drive, o novo nome do Versa quando este começou a ser importado do México, completamente repaginado. O V-Drive teve o final de sua produção em agosto do ano passado, quando deixou o “campinho” (por enquanto) somente para o Kicks. “Com o ‘Memória Nissan’, passamos a ter um espaço que preserva o nosso passado e serve como uma ponte para conectar o futuro para a marca no Brasil. Assim, nossos empregados podem conhecer mais a nossa história e nos ajudar a construir os novos capítulos da Nissan no país, enquanto os visitantes podem compreender o nosso compromisso com o Brasil”, explica Rogério Louro, diretor de Comunicação Corporativa da Nissan.
O acervo é fixo, mas o espaço também permitirá a realização de ações especiais, como a exposição temporária do Patrol, dos anos 50, utilitário que representou os primórdios da Nissan no Brasil. O exemplar do Patrol foi literalmente achado no lixo por Vinícius Berwanger, gaúcho de Cerro Largo, que restaurou o veículo de forma maravilhosa, apenas substituindo a parte mecânica por não mais existir as peças originais. Em 1955 e 1956, cerca de 400 unidades da primeira geração do Nissan Patrol foram montadas no Brasil pela Varam Motores em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Os veículos tinham de 35 a 40% de peças nacionais. Belwanger cedeu seu exemplar para a inauguração do pequeno museu. “Mas ele é único e depois voltará para casa no Rio Grande do Sul”, comentou o orgulhoso Berwangler, que estava presente na festividade de inauguração do novo espaço.
Primeiras impressões/Nissan Leaf
Passado, presente e futuro
Resende/RJ – Produzido na Inglaterra, o Leaf foi lançado mundialmente em 2010 e teve sua segunda geração apresentada em 2017. O modelo já teve mais de 600 mil unidades comercializadas em mais de cinquenta países. Na primeira geração, o Leaf chegou a circular em frotas de táxis no Rio de Janeiro e em São Paulo de 2013 a 2016, sem oferta para o público. Em 2019, a segunda geração do hatch elétrico passou a ser vendida no mercado nacional. Este ano, o modelo recebeu um “facelift”. A ida de Penedo, distrito de Itatiaia (RJ) à vizinha Resende, foi feita a bordo da nova versão do Leaf, com trechos de todos os tipos, compostos por curvas fechadas e ruas apertadas do bucólico distrito turístico fluminense e por retas longas da Via Dutra.
Para quem esperava alguma complexidade por se tratar de um veículo 100% elétrico, uma surpresa: o Leaf é um carro de fácil compreensão e de funcionamento. No trânsito mais pesado, o motorista não precisa ficar alternando entre os pedais de acelerador e de freio. Para essas situações, a Nissan desenvolveu o e-Pedal, que permite a condução se utilizando apenas o acelerador, reduzindo o uso do pedal do freio. No primeiro momento, o e-Pedal funciona como um acelerador comum, transmitindo a potência para as rodas dianteiras. Ao aliviar a força no e-Pedal, o Leaf dá início ao processo de frenagem regenerativa de energia, acionando uma luz traseira para aumentar a segurança e sinalizar os motoristas de trás sobre a redução de velocidade, como fazem os atuais carros híbridos da Fórmula-1. Com o pedal do acelerador do Leaf totalmente solto, o sistema regenerativo entra em ação, fazendo o processo de frenagem até a parada total do veículo, recuperando parte da carga e aumentando a energia das baterias.
O modelo acelera forte com seus 147 cavalos de potência a 3.400 rotações por minuto e torque instantâneo de 32,6 kgfm a 3.300 giros. De acordo com a Nissan, com a bateria completa, o elétrico tem uma autonomia de 272 quilômetros (389 quilômetros pelo ciclo do Inmetro). Fica-se com a informação da montadora, porque o teste não chegou a essas marcas. O carro tem boa dirigibilidade e estabilidade. As funções de direção são escolhidas em um seletor redondo no console central. Porém, ironicamente, o freio de mão não tem acionamento elétrico. Ele é colocado em operação e liberado em um anacrônico pedal mecânico localizado ao alcance do pé esquerdo. Em estações de recargas rápidas, o Leaf abastece 80% das baterias em 40 minutos, aumentando para vinte horas conectado a uma tomada residencial de 220V. O novo Leaf tem preço de R$ 293.790.
Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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