Em 2012, o Spin foi lançado para substituir as minivans Zafira (de sete lugares) e Meriva (de cinco). Mas, ao longo da última década, as minivans, assim como ocorreu antes com as station wagons, foram extintas depois de serem “engolidas” pelos utilitários esportivos e crossovers, que se tornaram o “objeto do desejo” nos principais mercados automotivos mundiais, inclusive no Brasil. Não por acaso, em 2018, o Spin passou por uma reformulação visual, justamente para buscar uma “transição estética” para o segmento de crossovers. Com a missão de embalar a estratégia de “crossoverização” do modelo, a configuração aventureira Activ7 parte de R$ 129.550 na cor sólida Branco Summit (a do modelo testado). A versão de sete passageiros custa exatos R$ 4.860 a mais que os R$ 124.690 iniciais da Activ de cinco lugares na mesma cor. As outras cinco tonalidades disponíveis, as metálicas Azul Eclipse, Preto Ouro Negro, Prata Switchblade, Cinza Grafite e Cinza Satin Steel, acrescentam R$ 1.700 à fatura. O Spin Activ7 não oferece opcionais, e os preços podem variar de acordo com o ICMS cobrado por cada Estado. Como, no site da Chevrolet, as versões mais baratas LS e LTZ do Spin só constam em configurações de cinco lugares e a LT não aparece mais, o Activ7 herdou o posto de carro de passeio de sete lugares mais barato do Brasil.
O visual dos SUVs mais recentes da Chevrolet é a óbvia inspiração estética do Spin Activ7. Na parte frontal, as linhas são anguladas, com faróis alongados e luzes de circulação diurna em leds, com uma ampla grade que remete à do Equinox. O vidro traseiro ocupa a carroceria de ponta a ponta, abaixo do aerofólio integrado. As lanternas invadem a tampa do porta-malas. Saias de rodas, portas e para-choque traseiro trazem apliques que evocam o estilo dos crossovers. A “gravatinha” da Chevrolet tem fundo preto, tom que se repete nos acabamentos da grade frontal, nas molduras centrais inferiores do para-choque dianteiro e traseiro, nos estribos e no rack de teto em formato de “U” – pode incorporar longarinas horizontais para acomodar objetos mais volumosos. As rodas de alumínio aro 16 com superfície usinada ganharam novo acabamento na linha 2023 e os faróis com máscara negra e guias de leds ressaltam a esportividade.
Sob o capô, todas as versões do Spin continuam a ser equipadas com o veterano motor 1.8 SPE/4 Eco Flex de até 111 cavalos de potência e 17,7 kgfm de torque – o Spin é o único carro da General Motors que ainda o utiliza. A transmissão automática de 6 marchas é a mesma adotada no Onix, no Onix Plus e no Tracker. Na versão Activ7 da Spin, a segunda fileira de bancos é corrediça, montada sobre trilhos, e pode ser movimentada cinco centímetros para frente e seis centímetros para trás. Com a segunda fileira de bancos posicionada mais à frente, o terceiro banco para dois passageiros pode ser totalmente rebatido para ficar junto ao encosto do segundo assento. O porta-malas do Spin Activ7 2023, com os sete lugares ocupados, oferece só 162 litros. Com a terceira fileira rebatida e a segunda recuada, pode chegar a 756 litros. Em termos de conectividade, o Spin Activ7 conta com a multimídia MyLink2, compatível com Android Auto e Apple CarPlay. O modelo vem equipado de série com ar-condicionado, direção elétrica, câmera de ré com linhas guias, sensor de chuva e acendimento automático dos faróis, assistente de partida em rampa, controle para limitar a velocidade e alerta de não afivelamento do cinto do passageiro.
Experiência a bordo
Possibilidades ampliadas
A “crossoverização” promovida no exterior do Spin Activ7 foi aplicada também ao interior. Com a posição de dirigir mais alta em comparação à dos hatches e sedãs, o acesso é facilitado. Os bancos frontais, que misturam couro sintético com tecido, ostentam o nome da versão aventureira e, assim como o volante multifuncional, trazem costura pespontada. Tanto o painel quanto as laterais são em plástico duro e falta um apoia-braço para o motorista. Na linha 2023, o quadro de instrumentos ficou mais legível, porém, falta o indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor. O multimídia MyLink2, com tela de 7 polegadas “touchscreen”, tem boa funcionalidade e exibe com clareza as imagens da câmera de ré. E o sistema de concierge OnStar da Chevrolet também marca presença no Spin. O volante só tem regulagem de altura e o ar-condicionado manual não tem saídas para as fileiras de trás. Um carro de sete lugares, muito usado como táxi, não deveria vir apenas com uma tomada USB para conexão de celulares. Evidências da idade do projeto.
Há espaço para cinco adultos e duas crianças com conforto, com vários porta-objetos. Todos os passageiros contam com porta-copos, detalhe relevante para um carro familiar. Forçando a barra, dá até pra levar dois adultos lá no fundão, mas sem muito conforto. A terceira fileira de bancos, o grande atrativo do Spin Activ7, conta com cintos de três pontos e encostos de cabeça nos dois lugares. O acesso ao sexto e sétimo bancos não é dos mais facilitados, já que depende de puxar a segunda fileira. Lá trás, o assoalho é alto, e quem se senta nessa zona do carro fica com os joelhos mais elevados em relação à bacia, uma posição que cansa em viagens longas. Para aumentar as possibilidades de utilizar ou não a terceira fila de bancos, o trilho por onde “corre” a segunda fileira permite deslocá-la até 11 centímetros, seja para acomodar melhor as pernas dos passageiros ou para ampliar o espaço para bagagens.
Impressões ao dirigir
Negócio de família
Desde os tempos de minivan e muito antes de alguém imaginar que poderia ser apresentado como um SUV, o Spin sempre teve uma vocação totalmente familiar. Isso explica a personalidade tranquila do “powertrain”, no qual a moderna transmissão automática de 6 marchas atua com o antigo motor 1.8 SPE/4 Eco Flex de até 111 cavalos de potência e 17,7 kgfm de torque. As trocas são pouco perceptíveis, embora um tanto lentas em retomadas de velocidade mais altas. Para se obter um desempenho um pouco mais dinâmico, a solução é assumir as mudanças sequenciais das marchas, que podem ser feitas em um botão localizado na manopla – o modelo não oferece os “paddles shifts” atrás do volante. No geral, o conjunto até dá conta do recado, no entanto, o desempenho em retomadas deixa um pouco a desejar, sobretudo com o carro mais carregado. Um motor com maior potência e torque ajudaria a mover com tranquilidade os 1.293 quilos do Spin Activ7. Pelo menos, o veículo é confortável ao rodar e pouco barulhento, apesar dos pneus todo-terreno. A direção com assistência elétrica é leve em manobra e pesa mais em alta. Os freios se mostram bastante eficientes.
Na versão Activ7, a suspensão é ligeiramente elevada e mais robusta que nas outras configurações do Spin, que deixaram de ser produzidas. Apesar da altura maior em relação ao solo, a carroceria não aderna excessivamente. Mesmo com sete pessoas a bordo, a suspensão é sempre macia e, por ter um curso longo, não dá trancos. Os controles eletrônicos de estabilidade e tração tornaram o Spin Activ7 mais confiável em situações críticas, como as estradas em mau estado e as curvas fechadas feitas em velocidades acima do recomendável. Apesar da pretensão de se aproximar dos SUVs, não é uma boa ideia levar o Spin Activ7 para passear em areais ou lamaçais – a tração é somente frontal e, como o peso do motor está concentrado na frente, forçar passagem em pisos instáveis pode causar atolamentos. O para-choque dianteiro esbarra em saídas de rampa muito radicais. Pelo valor, que beira os R$ 130 mil, e pela proposta familiar, o Spin Activ7 poderia incorporar mais airbags – traz apenas os dois frontais obrigatórios. As luzes de halogênio do modelo não têm a eficiência das de leds e a iluminação poderia ser melhor. Mas abrir mão dessas e de outras modernidades ajuda a manter o preço competitivo em relação aos outros carros de passeio de sete lugares – que é o grande atrativo do Spin Activ7.
Ficha técnica
Chevrolet Spin Activ7
Motor: 1.8 SPE/4 Eco Flex, dianteiro, transversal, quatro cilindros e 8 válvulas
Potência: 106 cavalos a gasolina e 111 cavalos a etanol
Torque: 16,8 (gasolina) e 17,7 (etanol) kgfm a 2.600/2.800 rpm
Transmissão: automática, 6 velocidades, com trocas sequenciais na manopla
Direção: assistência elétrica
Suspensão: independente MacPherson na dianteira e semi-independentes com eixo de torção na traseira
Carroceria: crossover de sete lugares
Freios: ABS com EBD
Pneus: 205/60 R16
Comprimento: 4,41 metros
Largura: 1,76 metro
Altura: 1,69 metro
Entre-eixos: 2,62 metros
Peso: 1.293 quilos
Tanque de combustível: 53 litros
Porta-malas: de 162 litros com a fila de bancos traseiro na posição normal a 756 litros com a segunda fileira recuada e a terceira rebatida
Preço: R$ 129.550 na cor sólida Branco Summit do modelo avaliado. O preço pode variar de acordo com o ICMS cobrado por cada Estado
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon /AutoMotrix
Veja Também: