O Argo está completando cinco anos – foi lançado no Brasil em maio de 2017. Com a extinção das versões “top” Trekking 1.8 AT6 e HGT 1.8 AT6, movidas pelo motor 1.8 E.torQ que não era adequado às normas de emissões do Proconve-7 implementadas no início do ano, a linha 2022 do hatch compacto da Fiat ficou restrita a quatro configurações. A mais básica, com motor tricilíndrico Firefly 1.0 flex aspirado, parte de R$ 73.690. Com o mesmo propulsor, há ainda a Drive 1.0, que começa em R$ 77.790. Acima delas, já com o Firefly 1.3 de quatro cilindros flex, também aspirado, há a versão Drive 1.3 S-Design, que sai por R$ 82.490, e a atual “top” Trekking 1.3, com preço de R$ 83.790. Por combinar o motor 1.3, que entrega mais potência e torque em comparação ao 1.0, com alguns discretos detalhes adicionais de estilo italiano, a configuração Drive 1.3 S-Design se posiciona entre as mais atraentes da linha e ajuda a puxar as vendas. De janeiro a abril, o compacto teve 15.618 unidades emplacadas e foi o décimo carro mais vendido do Brasil, com média de 3.904 comercializações mensais. Contudo, em abril, o Argo “beliscou” a sexta posição do ranking mensal, com 5.488 emplacamentos.
Desenvolvido no Brasil, o design ainda é um dos pontos altos do hatch da Fiat, embora já esteja se tornando um tanto datado – novidades virão na linha 2023. A frente tem aspecto robusto, com uma grade superior com elementos que lembram escamas, com faróis afilados com leds diurnos. Além do logo da marca, abriga a “Fiat Flag” (pequena bandeira italiana estilizada) no canto inferior direito. Já a grade inferior traz nas extremidades os faróis redondos de neblina. A “musculatura” ressaltada pelos vincos no capô e nas laterais, as linhas angulosas do perfil e as falsas entradas de ar frontais abaixo dos faróis reforçam o aspecto dinâmico. Na traseira, as lanternas invadem a tampa do porta-malas, enquanto o discreto e elegante spoiler evoca o Alfa Romeo Giulietta. Na versão Drive 1.3 S-Design, o conceito italiano S-Design, apresentado no Salão de Genebra de 2017, se expressa nos conjuntos ópticos e partes externas com visual escurecido e rodas de liga leve de 15 polegadas também em tom escuro. Os retrovisores, com carenagens em preto, abrigam repetidores de seta de direção. Há ainda detalhes na cor bronze, como os logotipos e a moldura inferior do para-choque.
Por dentro, a configuração traz volante em couro, bancos de tecido com padrão exclusivo S-Design e alguns revestimentos em cor bronze aparecem no painel e no console. Destacam-se o ar-condicionado automático e digital e a multimídia UConnect com tela de 7 polegadas de aspecto “flutuante”, separados pelas três saídas de ar redondas comuns à linha Argo. O volante é multifuncional e abriga comandos de computador de bordo, piloto automático com limitador e ajustes de mídia e áudio. O banco do motorista conta com ajuste de altura. Também de série na versão são o piloto automático, a coluna de direção com regulagem de altura, a segunda porta USB para o banco de trás, o Isofix, o banco do motorista com regulagem de altura, a chave tipo canivete, a direção elétrica, o sistema de monitoramento de pressão dos pneus e o start-stop no motor.
Até o modelo 2021 do Argo, o motor flex Firefly 1.3 de quatro cilindros e oito válvulas entregava 109/101 cavalos e torque máximo de 14,2/13,7 kgfm a 3.500 rpm. Com as mudanças necessárias para adaptar-se às exigências do Proconve-7, a versão agora entrega 107 cavalos e 13,7 kgfm com etanol ou 98 cavalos e 13,2 kgfm com gasolina – mesmos números do Pulse e da Strada com a mesma motorização. Segundo a avaliação do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, continua a ser um dos mais econômicos de seu segmento. Com o novo ajuste do motor, o consumo de combustível da versão Drive 1.3 apurado pelo Inmetro ficou em 9,1 km/l no ciclo urbano e 10,5 km/l no rodoviário com etanol. Com gasolina, a média sobe para 13,1 km/l e 15 km/l, respectivamente. A opção de colocar o sistema start-stop no modelo manual certamente contribui para esses bons resultados.
Para quem aprecia carros mais ágeis, a superioridade do desempenho do motor Firefly 1.3 de quatro cilindros em relação ao tricilíndrico Firefly 1.0 pode justificar a diferença de quase R$ 5 mil entre as duas versões Drive do Argo. Além do motor mais forte e das diferenças estéticas relativas ao pacote S-Design, a configuração adiciona ar-condicionado digital, faróis de neblina, auxílio de partida em rampa, iluminação do porta-malas, chave Keyless, luzes diurnas de leds, moldura do volante e console central com acabamento na cor prata, retrovisores externos elétricos com sistema Tilt Down e setas de direção integradas, sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico, controle de tração e vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch e antiesmagamento. O Argo S-Design não conta com opcionais – apenas a pintura pode ser alterada. O preço base de R$ 82.490 do Argo Drive 1.3 S-Design vale apenas para a cor Preto Vulcano. O preço sobre R$ 934 nas cores sólidas Vermelho Monte Carlo ou Branco Banchisa e R$ 1.700 nas metálicas ou perolizadas, que são Cinza Silverstone (a do modelo testado), Prata Bali ou Branco Alaska.
Experiência a bordo
Aspectos reveladores
No interior da versão Drive 1.3 S-Design do Argo, chama a atenção de cara o teto escuro, que passa um ar de maior esportividade. Apesar das superfícies rígidas serem onipresentes, as texturas e tonalidades distintas – algumas em tons de cobre, no caso da versão Drive 1.3 S-Design, tentam reforçar o aspecto de qualidade. O acabamento é acima da média dos compactos nacionais. O espaço interno, que sempre foi um ponto alto nos compactos da Fiat, também é um destaque do modelo – permite levar quatro adultos e uma criança com algum conforto. A tela “touch” de 7 polegadas dá acesso à central multimídia, que interage com smartphones, fornece as imagens da câmera de ré, bem como informações sobre desempenho e economia e configurações do veículo.
Contudo, detalhes como a falta de ajuste de profundidade no volante, de um botão no painel para abrir o porta-malas (o que pode ser feito apenas na chave) e os porta-objetos pouco funcionais entregam os cinco anos de estrada do projeto – o do console central é estreito demais, inadequado aos parrudos celulares atuais, e os dos painéis das portas são rasos demais para abrigar garrafas. Conforme tem ocorrido nos lançamentos recentes da Fiat, tais problemas devem ser solucionados na atualização de “meia vida” do modelo, que virá na linha 2023.
Impressões ao dirigir
Conjunto funcional
Apesar do que insinua a pomposa denominação S-Design, o Argo Drive 1.3 S-Design é um carro sem grandes firulas. A central multimídia é decente, o acabamento é digno e o conforto, suficiente. O motor Firefly 1.3 de quatro cilindros dá conta de mover com agilidade o hatch – virtude ressaltada pelo fato de que quase todo o torque está disponível já em 2.500 giros. É possível manter o motor sempre em níveis bem baixos de rotação sem precisar fazer reduções de marcha – o conjunto oferece a necessária elasticidade no decorrer do uso normal do carro.
O acerto de câmbio também assegura a necessária agilidade no dia a dia no trânsito, sem que o motorista precise acelerar demais. Amanopla até oferece engates fáceis, porém tem o curso um tanto longo e é mais mole que o desejável. O Firefly 1.3 confere ao Argo fôlego suficiente para encarar subidas íngremes, mesmo carregado. Um câmbio de 6 marchas permitiria reduzir o giro do motor em altas velocidades – quando passa dos 3.500 rpm, o barulho invade a cabine sem qualquer cerimônia. E, se o câmbio tivesse uma sexta marcha, certamente a média do consumo no trecho rodoviário seria ainda melhor. Uma boa ideia da Fiat foi instalar o sistema start-stop, dispositivo que ajuda a fazer do Argo 1.3 um dos carros mais econômicos de seu segmento. Apesar de contribuir para cumprir suas metas de economia, eventualmente, o motor fica indeciso na hora da reignição. No entanto, na maior parte do tempo, o sistema é eficiente.
Em termos suspensivos, o Argo controla bem a inclinação da carroceria nas curvas e transmite sensação de consistência. Dá para entrar em trechos sinuosos sem sustos – o controle de estabilidade e de tração contribuem nesse aspecto. A suspensão, apesar de um tanto mole para quem gosta de pisar fundo no acelerador, é bem calibrada para enfrentar as ruas cheias de buracos. A direção com assistência elétrica transmite leveza nas manobras de estacionamento e progressiva rigidez em altas velocidades.
Ficha Técnica
Fiat Argo Drive 1.3 S-Design
Motor: 1.3, quatro cilindros, flex
Potência: 107 cavalos (etanol) / 98 cavalos (gasolina) a 6.250 rpm
Torque: 13,7 kgfm (etanol) / 13,2 kgfm (gasolina) a 3.500 rpm
Transmissão: manual, 5 marchas, tração dianteira
Suspensão: independente, MacPherson (dianteira) / eixo de torção (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteiros) / tambores (traseiros)
Pneus: 175/65 R14
Dimensões: 3,99 metros de comprimento, 1,72 metro de largura, 1,50 metro de altura, 2,52 metros de entre-eixos
Peso: 1.140 kg
Tanque: 48 litros
Porta-malas: 300 litros
Preço: R$ 82.490 na cor Preto Volcano. A cor Cinza Silverstone do modelo testado acrescenta R$ 1.770 ao preço, totalizando R$ 84.260
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/Automotrix
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