Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Quando foi lançado no Brasil, no final de 2011, o Renault Duster tinha como solitário rival o Ford EcoSport, que criou e liderou o segmento de utilitários esportivos compactos no país durante anos. No início de 2021, quando o EcoSport saiu de linha e a Ford deixou de fabricar automóveis no Brasil, o Duster se tornou o “veterano” de um segmento congestionado de lançamentos recentes – Volkswagen T-Cross e Nivus, Jeep Renegade, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Caoa Chery Tiggo 3X Pro, Citroën C4 Cactus e Fiat Pulse. Já o “colega de vitrine” Renault Captur, lançado em 2017, disputa com os SUVs compactos mais caros e requintados. Para enfrentar tantos “novatos”, a Renault promoveu uma renovação expressiva na linha 2021, apresentada em março de 2020. A carroceria foi redesenhada e o interior, modernizado, mas a motorização aspirada flex 1.6 SCe de 120 cavalos foi mantida. Apenas na linha 2023, apresentada em fevereiro deste ano, estreou o motor 1.3 turbo de 170 cavalos, reservado à versão topo de linha TCe 1.3 16V X-Tronic CVT Iconic – no resto da linha, inclusive em uma outra versão com o mesmo acabamento Iconic, o motor permanece o 1.6 SCe aspirado. 

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            A plataforma do Duster é a mesma B0 de 2011, “herdada” do sedã Logan e do hatch Sandero. No “facelift” de 2020, as formas ficaram mais musculosas. O ângulo do para-brisa foi reduzido e a linha de cintura subiu, diminuindo a área envidraçada. Os faróis apresentam a assinatura luminosa característica da atual gama Renault, com luzes diurnas de leds em formato de “C”. Com bons ângulos de entrada (30 graus) e de saída (34,5 graus) e altura em relação ao solo de 23,7 centímetros, o novo Duster se propõe a superar os eventuais obstáculos. Na traseira, as lanternas de leds são praticamente idênticas às do Jeep Renegade. O porta-malas, com 475 litros, é dos maiores da categoria. No interior, o console central abriga saídas de ar, painel de instrumentos e a central multimídia Easy Link com tela capacitiva de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, com layout personalizável para até cinco usuários diferentes. O sistema de ar-condicionado digital oferece oito velocidades. Pela central multimídia da versão Iconic é possível visualizar imagens das quatro câmeras do novo sistema Multiview. A configuração também incorporou alerta de ponto cego e sensor crepuscular.

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            Contudo, a grande atração da versão “top” Iconic do Duster é expressa por três singelas letrinhas que aparecem discretamente na tampa do bagageiro – TCe. Desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz (é usado no GLB) e apresentado no ano passado no Captur, o motor quatro cilindros 1.3 turboflex entrega até 170 cavalos e 27,5 kgfm. O câmbio automático CVT tem 6 marchas sequenciais simuladas – no Captur, o CVT é de 8 marchas. Pelos dados da Renault, o Duster com motor turbo faz de zero a 100 km/h em 9,2 segundos – a versão com motor 1.6 aspirado leva mais de 12 segundos. A tecnologia start&stop foi mantida e há possibilidade de se trocar as marchas manualmente na alavanca de câmbio – basta posicionar a manopla à esquerda.

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            Toda a linha Duster vem com direção elétrica, ar-condicionado manual, faróis com leds, cinto de segurança de três pontos em todas as posições, dois Isofix no banco traseiro, vidro elétrico nas quatro portas, trava elétrica com fechamento automático, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro rebatível bipartido, alarme perimétrico, tomada 12V traseira, rodas de aço de 16 polegadas e chave canivete. A versão “top” Iconic CVT X-Tronic incorpora faróis de neblina, grade dianteira cromada, maçanetas na cor da carroceria, barras de teto cromadas, faróis de neblina, retrovisor externo elétrico cromado, vidros elétricos com função um toque, indicador de temperatura externa, luz de cortesia no porta-luvas e porta-malas, espelho nos dois para-sóis, volante em couro, sistema multimídia Easy Link, sensor de estacionamento traseiro com câmera, ar-condicionado automático, sistema Multiview com quatro câmeras, alerta de ponto cego, sensor de luminosidade, chave-cartão hands free, rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas, apoio de braço e assistente de partida em rampa – que mantém o veículo parado por até dois segundos após a liberação dos freios em subidas. Airbags, só os obrigatórios frontais – laterais, nem como opcional.

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            Segundo o site da Renault, o preço do Duster TCe 1.3 16V X-Tronic CVT Iconic parte de R$ 133.990 na cor Vermelho Vivo. O Branco Glacier eleva o preço em R$ 700 e todas as outras cores disponíveis (inclusive o Bege Dune do modelo testado) acrescentam R$ 1.650 à fatura. Em termos de equipamentos, o Outsider Pack (presente no veículo avaliado) custa R$ 1.400 e agrega “quebra-mato” e faróis de longo alcance na dianteira e apliques plásticos nas laterais. Os detalhes da carroceria originalmente cromados mudam para plástico preto, incluindo o rack de teto.

Experiência a bordo

Ambiente bem resolvido

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            A disposição generosa dos espaços a bordo sempre foi uma característica do Duster e está preservada na linha 2023. Apesar da altura um tanto elevada típica dos SUVs, o embarque pode ser feito com facilidade e cinco pessoas conseguem se acomodar bem. Os bancos, de tecido sintético imitando couro, são confortáveis. A regulagem de altura e de profundidade na coluna de direção torna fácil a tarefa de encontrar uma posição agradável para dirigir. 

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            O posicionamento da tela do sistema multimídia, que era problemático até as mudanças apresentadas em 2020, foi aprimorado e a visualização da tela capacitiva de 8 polegadas é perfeita. A central multimídia Easy Link tem layout personalizável e os ocupantes podem fazer conexão via Bluetooth. O Easy Link permite salvar as preferências de configuração de som e até personalizar o som das teclas. O sistema Multiview, que é de série na Iconic, exibe as imagens de quatro câmeras na tela do multimídia e facilita bastante nas manobras – além de reforçar a percepção de modernidade a bordo. Que é um tanto abalada por soluções “retrô” encontradas a bordo, como o freio de estacionamento por alavanca ou o comando satélite na coluna de direção.

Impressões ao dirigir

Do aspirado ao inspirado

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            Quando está equipado com a motorização aspirada flex 1.6 SCe, o Duster oferece acelerações progressivas e responde às pressões no pedal da direita, porém, sem qualquer esportividade. Tudo muda com o motor TCe 1.3 16V. Com um turbo que trabalha com pressão máxima de 1.4 bar, o motor agrega modernidades como cabeçote em forma de delta, comando de válvulas com duplo eixo, injeção direta de combustível e duplo comando com variador. Quando o motorista resolve pisar fundo no pedal do acelerador, o conjunto reage com revigorante agilidade. Tendo à disposição os 170 cavalos e os 27,5 kgfm, o Duster Iconic parece outro carro. E, na verdade, é. O SUV tradicionalmente pacato ganha um “tempero” ousado que sempre lhe faltou. Todavia, para quem prefere dirigir com calma e sem se estressar, o novo Duster continua a ser um SUV bastante agradável. Para esses, o Eco Mode ajuda a reduzir a quantidade de visitas aos inflacionados postos de combustíveis. O consumo do Duster TCe 1.3 16V X-Tronic CVT Iconic, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro (PBEV), é de tranquilizadores 13,9 km/l (cidade) e de 16,1 (estrada) com gasolina e de 9,9 km/l (cidade) e de 11,7 (estrada) quando abastecido com etanol. Mereceu uma nota “A” – uma evolução expressiva em relação ao “C” obtido pelos modelos com o 1.6 aspirado.

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            A transmissão Xtronic CVT com 6 marchas simuladas é “parceira” e ajuda a rentabilizar ao máximo a óbvia exuberância do motor turbo. As respostas são eficientes, mas quem prefere pode fazer as trocas manualmente para tentar obter performances ainda mais convincentes. A direção elétrica torna o Duster confortável para as manobras. Nas velocidades mais elevadas, o sistema entrega a recomendável firmeza. Em termos suspensivos, o Duster preserva o habitual ajuste confortável. Quando trafega sobre pisos irregulares, entrega um bom nível de estabilidade e absorve bem os buracos. Mais do que todas as evoluções estéticas e tecnológicas recentes, a motorização turbo – apesar de oferecida em apenas uma versão – deve cumprir a missão de ajudar a reposicionar o Duster em relação à concorrência. Entretanto, pela faixa de preços da versão topo de gama, seriam esperados sistemas de assistência ao motorista disponíveis em concorrentes de valor similar – como frenagem automática de emergência e assistente de permanência em faixa. 

Ficha técnica

Renault Duster TCe 1.3 16V X-Tronic CVT Iconic

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Motor: quatro cilindros, 1.332 cm³ de cilindrada, 16 válvulas, injeção direta de combustível

Potência: 170 cavalos (etanol) e 162 cavalos (gasolina) a 5.500 rpm

Torque: 27,5 kgfm (etanol ou gasolina) a 1.600 rpm

Transmissão: câmbio CVT com 6 marchas simuladas sequenciais

Tração: dianteira

Direção: elétrica

Freios: disco ventilado na dianteira e tambor na traseira com ABS, ESP (controle de estabilidade) e HSA (assistente de partida em rampa)

Suspensão: dianteira, independente, do tipo MacPherson, traseira, eixo de torção e barra estabilizadora

Rodas/pneus: liga leve 215/60 R17

Peso: 1.279 kg

Dimensões: comprimento de 4,37 metros, largura de 1,83 metro, altura de 1,69 metro e distância de entre-eixos de 2,67 metros

Altura do solo: 23,7 centímetros

Porta-malas: 475 litros

Preço do modelo testado: R$ 137.040, na cor Bege Dune (R$ 1.650) e com o Outsider Pack (R$ 1.400). Pode haver variações nos preços de acordo com as diferenças nas tributações de cada Estado

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

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