A Jeep lançou em setembro seu terceiro modelo nacional, o utilitário esportivo de sete lugares Commander, que se juntou ao compacto Renegade e ao médio Compass – ambos líderes de vendas em suas respectivas categorias. Desde a apresentação, as vendas do Commander estão em um crescimento acelerado. Foram 73 emplacamentos em setembro, 372 em outubro e 1.085 em novembro – no mês passado, o novo modelo da Jeep assumiu o segundo posto entre os SUV de sete lugares, nicho liderado pelo Toyota SW4, que somou 1.215 emplacamentos em novembro. Contudo, segundo a marca mais off-road do grupo Stellantis, o Commander já tinha 7 mil unidades comercializadas na pré-venda, apenas 15 dias depois do lançamento. Ou seja, o modelo tem meses de fila de espera para ser entregue. Na linha Commander, as configurações a diesel 4×4 são as mais caras e cobiçadas – dentre elas, a Limited TD 380 é a mais vendida. O preço sugerido da versão é de R$ 265.990, mas pode variar de acordo com as tributações estaduais – em São Paulo, fica em R$ 274.955. Acima dela, há a “top” turbodiesel Overland, que custa R$ 22 mil a mais.
Embora nenhuma peça da carroceria seja compartilhada com o Compass, o Commander poderia ter sido lançado como um “Grand Compass”. Diferentes nos detalhes, os dois modelos que utilizam a plataforma Small Wide são inequivocamente assemelhados no conjunto. Os faróis full-led com setas sequenciais, visualmente integrados com a grade, são exclusivos do Commander, assim como as barras prateadas com efeito de aço escovado que envolvem os faróis e também aparecem no para-choque para conectar as luzes diurnas de leds. A versão Limited vêm com rodas de liga leve de 18 polegadas. São seis opções de cores: Branco Polar, Prata Billet, Azul Jazz, Deep Brown, Preto Carbon e Cinza Granite (a do modelo testado) e a nova e dourada Slash Gold. Não há acréscimo no preço relativo à cor – no Compass, dependendo da tonalidade, os preços sobem de R$ 1.900 a R$ 2.400.
Se o visual externo remete a um “irmão maior” do Compass, a plataforma mais alongada do Commander se traduz em espaço para sete passageiros. São 661 litros de capacidade de bagagem com cinco pessoas e 233 litros com sete a bordo – no Compass, o bagageiro leva 410 litros. Os bancos com costuras aparentes são revestidos em material sintético que simula couro com detalhes em suede (tecido semelhante à camurça). Na versão Limited, o logotipo “Jeep” vem gravado em baixo relevo no banco e no apoio de braço, que ostenta ainda o ano de fundação da marca – 1941. O Commander apresenta ainda os indefectíveis “easter eggs” – grafismos típicos da marca norte-americana – espalhados no interior e exterior do veículo. A versão Limited traz de série bancos dianteiros com ajustes elétricos, abertura elétrica do porta-malas, sete airbags e os sistemas de direção autônoma (ADAS).
O motor turbodiesel TD380, um 2,0 litros de quatro cilindros com 170 cavalos de potência a 3.750 rotações, é o mesmo que move as configurações a diesel do Compass, porém, recebeu calibrações específicas, elevando o torque de 35,7 kgfm para 38,7 kgfm (380 Nm, daí o nome) a partir de 1.750 rpm. O pós-tratamento de gases de escape é feito pelo sistema SCR, que adiciona o Arla32 para reduzir as emissões. O câmbio é automático de 9 velocidades, e o Commander Limited TD380 conta com seletor de terrenos com três modos (“Sand/Mud”, “Snow” e “Auto”) e HDC (Hill Descent Control) para auxiliar em descidas íngremes no off-road.
Apesar da boa evolução de vendas desde o lançamento do Commander, nem tudo é motivo de comemoração na Jeep. O Compass teve em novembro seu pior mês de vendas no segundo semestre. A média de julho a outubro, que era de 6.600 unidades mensais, caiu 20% no mês com os 5.287 emplacamentos de novembro. Certamente, a marca norte-americana já calculava que o Commander fosse roubar vendas das versões de topo do Compass – ao que parece, está acontecendo. Quando o Commander atingir o ritmo pleno de produção, o que deve ocorrer no segundo trimestre de 2022, e com a aguardada normalização no fornecimento de componentes, o posicionamento dos dois modelos no mercado brasileiro ficará mais claramente estabelecido.
Experiência a bordo
Sete dentro
Na versão Limited, o interior do Jeep Commander impressiona, com revestimentos mais refinados substituindo os plásticos que predominam no Compass. A capacidade de levar sete pessoas é efetiva, embora o acesso aos dois bancos da terceira fila demande alguma elasticidade – são mais recomendáveis aos passageiros jovens. A segunda fileira de bancos oferece um deslocamento longitudinal de 14 centímetros. O destaque visual é o cluster full-digital personalizável de 10,25 polegadas, que forma um conjunto imponente com a generosa central multimídia com tela “touchscreen” de 10,1 polegadas full-HD, com navegação embarcada e espelhamento para Apple CarPlay e Android Auto. Poderia ser mais intuitiva, mas funciona bem.
Carregamento de smartphones sem a necessidade de fios, portas USB inclusive para as fileiras de trás e acesso ao porta-malas com abertura e fechamento elétricos são de série em todas as versões do Commander. Os porta-trecos otimizam os espaços a bordo – há porta-copos até na terceira fileira. A Adventure Intelligence, plataforma de conectividade da Jeep, oferece mapas inteligentes, chamadas de emergência e “Wi-Fi hotspot” – conecta até oito aparelhos ao Wi-Fi nativo.
Impressões ao dirigir
SUV de amplo espectro
O Commander Limited TD380 tem a proposta de entregar um comportamento dócil de um carro de passeio para sete passageiros sem abandonar a capacidade off-road que se espera de um Jeep. Para cumpri-la, o SUV médio conta com o motor 2.0 Multijet, que entrega 170 cavalos de potência e 38,5 kgfm de torque máximo. É o mesmo motor da versão a diesel do Compass Limited, que tem 151 quilos a menos. Para dar conta da carga adicional – que, com sete pessoas a bordo em vez de cinco que lotam o Compass, pode ultrapassar os 300 quilos –, a motorização turbodiesel do Commander foi retrabalhada para entregar 38,7 kgfm, representando 8,5% a mais de torque – no Compass são 35,7 kgfm. Já a potência foi mantida. Como quase todo o torque está disponível já a partir dos 1.500 giros, quando o motorista pisa no pedal da direita, o SUV acelera de forma consistente. O vigor do motor turbodiesel é rentabilizado pelo câmbio automático de 9 velocidades, que conta com modo manual acionável por meio de “borboletas” no volante. Com sete pessoas a bordo – se forem de porte mediano, representando meia tonelada de gente –, as retomadas evidentemente perdem um pouco da agilidade.
No asfalto, apesar da altura elevada de 1,70 metro – com 21,4 centímetros de vão livre do solo –, o Commander pouco aderna nas curvas. A suspensão absorve com eficiência os eventuais desníveis e a direção elétrica é precisa. A segurança é ampliada por sistemas como controle eletrônico de estabilidade, monitoramento de pressão de pneus, freios a disco nas quatro rodas e direção de torque dinâmico. O Sistema Avançado de Assistência ao Motorista, embora possa parecer um tanto invasivo – chega a mover o volante por conta própria caso identifique risco de impacto lateral –, colabora para evitar acidentes. Se o motorista demora a frear com um carro parado à frente, uma mensagem visual e sonora (um tanto escandalosa) alerta para frear imediatamente. E o piloto automático adaptativo corrige o carro quando detecta que está invadindo a faixa alheia sem acionar a seta. Já nas trilhas leves, a tração integral com reduzida mostra seu valor, enquanto a suspensão independente nas quatro rodas equilibra os movimentos da carroceria e evita a transmissão de solavancos aos ocupantes. Os ângulos de entrada e saída são bons, os modos de direção do sistema Selec-Terrain otimizam a dirigibilidade em pisos de baixa aderência e o controle de descida permite encarar declives acentuados nas trilhas sem acionar o pedal do freio. No entanto, os pneus Bridgestone Alenza 001 235/55 R18 privilegiam o uso no asfalto.
Ficha Técnica
Jeep Commander Limited TD380 4×4
Motor: transversal dianteiro, turbodiesel, quatro cilindros, 1.956 cm³
Potência: 170 cavalos a 3.750 rpm
Torque: 38,7 kgfm a 1.750 rpm
Injeção: eletrônica direta Bosch Multijet II
Transmissão: automática de 9 marchas
Tração: integral com reduzida
Freios: ABS e EBD, dianteiro disco ventilado (305 milímetros) com pinça flutuante, traseiro disco sólido (320 milímetros) com pinça flutuante
Suspensão: dianteira tipo MacPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos, molas helicoidais, traseira tipo MacPherson com rodas independentes, links transversais/laterais e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados, molas helicoidais
Direção: elétrica com pinhão e cremalheira
Rodas e pneus: rodas de alumínio de 18 polegadas com pneus Bridgestone Alenza 001 235/55 R18
Peso: 1.885 quilos
Dimensões: comprimento 4,76 metros, largura 1,86 metro, altura 1,70 metro, distância de entre-eixos 2,79 metros
Altura mínima do solo: 21,4 centímetros
Ângulo de entrada: 25,4 graus
Ângulo de saída: 23,6 graus
Porta-malas: 661 litros (5 pessoas), 233 litros (7 pessoas), 1.760 litros (sem as duas fileiras traseiras)
Tanque: 61 litros
Preço sugerido: R$ 265.990 (pode variar de acordo com as tributações estaduais – em São Paulo, fica em R$ 274.955). Não há opcionais nem acréscimo no preço relativo à cor do modelo
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/Automotrix
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