A capacidade de permitir a flexão do chassi torna as picapes sobre longarinas as mais procuradas para o off-road pesado. Elas só existiam no Brasil com motor a diesel, até que, em 2007, a Chevrolet lançou a S10 Flex, que roda com gasolina ou etanol. Inicialmente, era oferecida apenas com câmbio manual, porém, em 2017, surgiu a configuração 4×4 flex automática – com direito a uma opção com acabamento mais sofisticado, a LTZ 2.5. Atualmente, a S10 LTZ 2.5 flex 4×4 automática parte de R$ 201.890, um valor R$ 41.900 abaixo da configuração LTZ automática com tração nas quatro rodas e motor 2.8 a diesel. Embora a configuração movida a diesel tenha mais prestígio, principalmente para quem gosta de off-road, a grande diferença entre os preços mantem a competitividade da versão 4×4 que roda com gasolina ou etanol.
Em termos estéticos, a S10 LTZ preserva o visual robusto da geração lançada em 2012, modernizado pelo “facelift” apresentado no ano passado. Na versão topo de linha com motor flex da picape, a frente tem duas largas barras cromadas sobre a grade preta estilo colmeia e o grande logo dourado da Chevrolet aparece na posição tradicional, no centro – apenas a versão “top” a diesel High Country recebeu o emblema deslocado para a direita e em dimensões mais discretas, uma frente inspirada no Chevrolet Colorado norte-americano. Assim como os faróis, as lanternas são halógenas, com luzes diurnas de leds. As carenagens dos retrovisores cromadas com repetidores de setas, as maçanetas externas cromadas e as rodas de alumínio de 18 polegadas com interior escurecido da configuração LTZ reforçam o vistoso estilo “rural chique”. O santantônio envolvente traz mais volume para a caçamba de 1.329 litros, que é o maior da categoria e conta com capota marítima.
Entre os itens de série da S10 LTZ 2.5 flex 4×4 automática estão a direção elétrica progressiva, o seletor eletrônico de tração 4×2, 4×4 e reduzida, o alerta de colisão frontal, o assistente autônomo de frenagem em emergência com detector de pedestres (atua entre velocidades de 8 a 80 km/h) e de saída de faixa, o assistente de partida em rampa, o controle eletrônico de estabilidade e tração, as luzes frontais e traseiras em leds e a câmera de ré digital de alta resolução. A central multimídia com tela sensível ao toque de 8 polegadas interage com Andoid Auto e Apple CarPlay. O sistema de concierge OnStar permite enviar indicações de lugares e estabelecimentos diretamente do Waze ou do Google Maps para a tela do veículo. A picape média da Chevrolet é equipada de série com seis airbags (frontais, laterais e de cortina) em todas as configurações.
O motor 2.5 SIDI Flex com injeção direta de combustível da S10 LTZ entrega 197/206 cavalos a 6 mil giros e 26,3/27,3 kgfm de torque a 4.400 rpm, com gasolina/etanol. A potência com etanol fica sutilmente acima da versão com o motor a diesel Duramax 2.8 CDTI, com seus duzentos cavalos, entretanto, o torque da configuração a diesel é 86,8% maior – são exatos 51 kgfm. Os outros atributos das duas versões de motorização são praticamente idênticos, inclusive a transmissão automática de 6 velocidades com tecnologia Clutch to Clutch, que, de acordo com os engenheiros da marca, deixa o câmbio com agilidade semelhante à de um automatizado de dupla embreagem – a versão flex tem uma programação específica.
Decidir se a LTZ 2.5 Flex 4×4 automática é a melhor opção ou se vale a pena pagar mais pela versão LTZ a diesel requer que se faça algumas contas. Segundo as avaliações do Inmetro, a Chevrolet S10 LTZ 2.5 Flex 4×4 automática obtém médias de 5 km/l na cidade e 6,2 km/l na estrada com etanol e 7,4 km/l na cidade e 9 km/l na estrada com gasolina. No mesmo acabamento LTZ, a configuração a diesel automática com motor 2.8 apontou 8,7 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada – ambas as versões de motor receberam as mesmas notas C na categoria e D no geral nos testes do Inmetro. Para calcular qual motorização representa o melhor negócio, será preciso contabilizar não apenas a diferença nos custos de compra dos modelos, mas também saber se o uso no off-road é muito intensivo – a versão a diesel tem maior torque, o que ajuda nas trilhas – e estimar os gastos com combustível, dependendo da região onde se costuma encher o tanque e da quilometragem a rodar. Como o custo por quilômetro é maior com etanol ou gasolina em comparação com o diesel, o tempo que se leva para reaver no abastecimento os quase R$ 42 mil da diferença de preços entre as duas versões dependerá da quilometragem feita. A grosso modo, pode-se dizer que o motor a diesel só se torna financeiramente mais interessante para os “heavy users” – quem roda acima de 5 mil quilômetros mensais.
Experiência a bordo
A força do conforto
Há tempos, o conforto e as tecnologias típicas dos SUVs se alastraram pelas picapes médias. Na versão LTZ 2.5 flex 4×4 automática da Chevrolet S10, embora o estilo não seja dos mais ousados e privilegie a rusticidade característica dos utilitários, toques como o uso de couro nos revestimentos agregam alguma sofisticação. O estribo ajuda no acesso e a tarefa de encontrar a melhor posição de dirigir é facilitada pelo banco do motorista com ajustes elétricos. Há ajuste de altura para o volante, mas falta o de profundidade. Os plásticos rígidos predominam, todavia, são bem montados e agradáveis ao toque. Há um bom número de porta-trecos, todos bem funcionais.
A central multimídia “touchscreen” MyLink3 interage com smartphones com sistema Android e IOS e tem GPS nativo. O modelo ainda pode oferecer internet 4G a bordo (que gera uma mensalidade para ser ativada) para até sete dispositivos. O volante multifuncional facilita a vida de quem dirige e a transmissão automática torna os engarrafamentos menos cansativos. E a configuração mais recente do sistema de assistência online OnStar, praticamente onipresente na linha brasileira da Chevrolet, marca presença na picape.
Impressões ao dirigir
Bruta e cordial
Embora sem a “exuberância” das versões a diesel, que oferecem um torque expressivamente maior, o motor 2.5 da S10 LTZ flex cumpre com desembaraço a tarefa de deslocar os 1.934 quilos da picape pelas ruas e estradas. O câmbio automático de 6 velocidades gerencia bem a atividade do motor e entrega performances convincentes, tanto no uso urbano quanto nas rodovias. Quem gosta tem a opção de fazer trocas sequenciais pela alavanca. No off-road, a picape flex também mostra valentia, com os modos 4×4 e 4×4 com reduzida cumprindo a tarefa de ajudar a transpor os obstáculos. Obviamente, os 24 kgfm de torque a mais na versão com motor a diesel fazem diferença nas trilhas mais árduas.
Em compensação, além do preço menor, outra vantagem das versões flex em relação às a diesel é a redução nos ruídos e na trepidação do motor. O motorista quase se esquece que guia um veículo com longos 5,41 metros de comprimento – para quem dirige, o veículo nem parece assim tão comprido. Na hora de parar, os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e a câmera de ré com linhas-guia mostram seu valor. A direção eletricamente assistida é leve nas manobras de estacionamento e ganha consistência conforme aumenta a velocidade. Como é normal nas picapes médias sobre longarinas, altas e com uma suspensão elevada, as rolagens de carroceria na S10 são perceptíveis em curvas mais fechadas, principalmente nas feitas de forma acelerada. Os alertas de colisão frontal com frenagem automática e de saída de faixa, assim como os controles eletrônicos de tração e de estabilidade, são bem eficientes e ajudam a corrigir qualquer excesso no pedal do acelerador ou eventuais distrações.
Ficha técnica
Chevrolet S10 LTZ 2.5 Flex 4×4 automática
Carroceria: picape cabine dupla montada sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares, com 5,41 metros de comprimento, 1,87 metro de largura, 1,78 metro de altura e 3,10 metros de distância de entre-eixos.
Motor: gasolina e etanol, dianteiro, longitudinal, 2.457 cm³, quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro, duplo comando variável de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível.
Transmissão: câmbio automático com 6 marchas à frente e uma a ré. Tração traseira com acoplamento de 4×4. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência: 197 cavalos a 6.300 rpm com gasolina e 206 cavalos a 6 mil rpm com etanol
Torque: 26,3 kgfm com gasolina e 27,3 kgfm com etanol, sempre a 4.400 rpm
Diâmetro e curso: 88 mm x 101 mm. Taxa de compressão: 11,2:1
Suspensão: dianteira independente com braços articulados, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados. Traseira com feixe de molas semi-elípticas de dois estágios e amortecedores hidráulicos e pressurizados. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 265/60 R18.
Freios: dianteiros com discos ventilados e traseiros a tambor. ABS com EBD de série.
Peso: 1.934 kg
Capacidade de carga: 1.061 litros e 816 quilos
Tanque de combustível: 76 litros
Produção: São José dos Campos/SP
Preço: R$ 201.890 na cor metálica Vermelho Edible Berries do modelo avaliado. A cor branco sólido acresce R$ 850 e outras cores metálicas acrescentam R$ 1.900. Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e São Paulo têm variações de preço público sugerido decorrentes da tributação local.
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMOtrix
Veja Também:
Colabore de verdade para a qualificação do jornalismo automotivo independente – torne-se assinante, prestigie e divulgue suas publicações preferidas! A revista Roda Rio está disponível gratuitamente até o final de dezembro – para receber todas as semanas, basta enviar nome completo, e-mail, cidade e telefone para contato@rodario.com.br, com o cabeçalho “Quero receber grátis até dezembro!“. A partir de janeiro de 2021, a assinatura anual de Roda Rio será oferecida por R$ 50 – menos de um real por edição semanal!