O Chevrolet Spin surgiu em 2012 para substituir a Zafira e a Meriva. Mas o tempo passou e o segmento de minivans, assim como ocorreu com o das “station wagons”, perdeu espaço para os utilitários esportivos e crossovers, que se tornaram os “queridinhos” nos principais mercados mundiais, inclusive no Brasil. Não por acaso, em 2018, o Spin passou por uma reformulação estética com a indisfarçável missão de “migrar” para o segmento de veículos que mais cresce no planeta. E a versão Activ, variante com estética aventureira, ganhou protagonismo dentro da estratégia de “SUVização” e incorporou a configuração Activ7 para até sete passageiros, que se destaca por ser a opção mais barata com tal capacidade entre os crossovers aventureiros. Na linha 2021, apresentada em junho deste ano, a adoção de itens como controle eletrônico de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa e ajuste para limitar a velocidade ajudou a tornar o Spin Activ7 mais competitivo. Como é um veículo que passou por uma “mudança de gênero” para deixar de ser uma minivan e se incorporar ao segmento de SUVs e crossovers, a opção neste teste foi citá-lo como “o” Chevrolet Spin (como nos utilitários esportivos Tracker e Equinox) e não como “a” Chevrolet Spin (na mesma linha das minivans Zafira e Meriva), como era chamado até então.
O Spin Activ7 se inspira no visual dos SUVs da Chevrolet, especialmente o Equinox. Na frente, as linhas são anguladas, com faróis “rasgados”, além das luzes de circulação diurna em leds, com uma grade que segue a identidade visual da marca. O vidro traseiro é amplo e ocupa a carroceria de ponta a ponta, abaixo do aerofólio integrado. As lanternas invadem a tampa do porta-malas. Saias de rodas, portas e para-choque traseiro trazem apliques que aproximam dos crossovers. Na linha 2021, a versão Activ incorporou novos itens de acabamento, como a “gravatinha” da Chevrolet com fundo preto, tom que aparece também nos acabamentos da grade frontal, nas molduras centrais inferiores do para-choque dianteiro e traseiro, nos estribos e no rack de teto em formato de “U” – que pode ganhar longarinas horizontais para acomodar objetos mais volumosos, como bicicletas e pranchas de surfe. As rodas de alumínio aro 16 com superfície usinada e os faróis com máscara negra e guias de leds tentam acentuar a esportividade.
A versão Activ7 tem a segunda fileira de bancos corrediça, montada sobre trilhos. Ela pode ser movimentada 5 centímetros para frente e 6 centímetros para trás, conforme necessidade. Com a segunda fileira de bancos posicionada mais à frente, o terceiro banco para dois passageiros pode ser totalmente rebatido para ficar junto ao encosto do segundo assento, permitindo liberar até 756 litros de espaço para bagagens – quase o dobro da capacidade dos SUVs concorrentes.
Em termos de conectividade, o Spin conta com a multimídia MyLink2 compatível com Android Auto e Apple CarPlay. E o sistema de telemática avançada OnStar, presente em toda a linha Chevrolet, é capaz de também alertar o motorista para o eventual esquecimento de pessoas ou objetos nos bancos traseiros do veículo. Na linha 2021, além do assistente de partida em rampa e do controle para limitar a velocidade, o Spin incorporou um alerta de não afivelamento do cinto do passageiro. A versão aventureira vem equipada de série com ar-condicionado, direção elétrica, câmera de ré com linhas guias, sensor de chuva e acendimento automático dos faróis.
Sob o capô, todas as versões do Spin continuam a ser equipadas com o mesmo motor 1.8 SPE/4 Eco Flex de até 111 cavalos de potência e 17,7 kgfm de torque. Depois da “aposentadoria” do Cobalt, o Spin é o único carro da General Motors que ainda o utiliza. Na linha 2021, a alteração fica por conta da nova geração da transmissão automática de 6 marchas, a mesma adotada nos novos Onix, Onix Plus e Tracker. Segundo a engenharia da General Motors, a transmissão AT6 foi especialmente recalibrada para trabalhar em harmonia com o motor 1.8.
Em 2020, como aconteceu com quase todos os automóveis vendidos no Brasil por conta da pandemia e da crise econômica, a procura pelo Spin caiu. De janeiro a novembro, vendeu 14.391 unidades, uma média de 1.308 emplacamentos mensais, bem abaixo da média de 2.363 comercializações por mês obtida em 2019. O Spin Activ7 parte de R$ 103.790 na cor sólida Branco Summit – exatos R$ 3.900 a mais que os R$ 99.890 iniciais da Activ de cinco lugares na mesma cor. As outras quatro tonalidades disponíveis, as metálicas Azul Eclipse, Preto Ouro Negro, Prata Switchblade e Cinza Satin Steel (a do modelo testado) acrescentam R$ 1.600 à fatura. A versão Activ7 não oferece opcionais.
Experiência a bordo
Coerente com a proposta
O processo de “SUVização” promovido na parte externa do Spin Activ se estendeu ao interior. Desde a linha 2019, a cabine adotou materiais de acabamento mais sofisticados e com menos plásticos duros. Com uma posição de dirigir mais alta em comparação à dos hatches e sedãs, o acesso é facilitado. Os bancos frontais ostentam o nome da versão aventureira e, do mesmo modo que o volante multifuncional, trazem costura pespontada na cor da carroceria – no caso do modelo testado, em cinza. O passageiro do lugar central da segunda fileira tem apoio de cabeça e cinto de três pontos. Os seis passageiros contam com porta-copos, detalhe relevante para um carro familiar. Falta um apoia-braço para o motorista, algo que seria esperável em uma versão topo de linha.
Para aumentar as possibilidades de utilizar ou não a terceira fila de bancos, o trilho por onde “corre” a segunda fileira permite deslocá-la até 11 centímetros, seja para acomodar melhor as pernas dos passageiros ou para ampliar o espaço para bagagens. A terceira fileira conta com cintos de três pontos e encostos de cabeça nos dois lugares. O acesso ao sexto e sétimo bancos é um pouco mais difícil, já que depende de puxar a segunda fileira. Lá trás, o assoalho é alto e quem senta nessa zona do carro fica com os joelhos mais elevados em relação à bacia, uma posição que cansa em viagens longas. Como convém a um modelo de proposta familiar, o Spin oferece pontos de ancoragem para cadeirinhas infantis do tipo Isofix e Top Tether. O multimídia MyLink2, com tela de 7 polegadas “touchscreen” exibe com clareza as imagens da câmera de ré. E o indefectível sistema de concierge OnStar marca presença no Spin.
Impressões ao dirigir
Equilíbrio familiar
Desde os tempos em que todos o consideravam como uma minivan e ninguém o imaginava como um SUV, o Spin sempre teve uma vocação totalmente familiar, mesmo em sua configuração aventureira Activ. É um veículo bom para passeios, especialmente para quem tem uma “turma” grande. Todavia, não é a melhor opção para quem gosta de acelerar forte. Em relação à parte mecânica, a alteração da linha 2021 fica por conta da nova geração da transmissão automática de 6 marchas, apresentada com os novos Onix e Tracker. Recalibrada para trabalhar em melhor harmonia com o veterano motor 1.8 SPE/4 Eco Flex de até 111 cavalos de potência e 17,7 kgfm de torque, ela entrega um comportamento mais suave que o do modelo anterior. As trocas são pouco perceptíveis, embora um tanto lentas em retomadas de velocidade mais altas. Para se obter um desempenho um pouco mais dinâmico, a alternativa é assumir as mudanças sequenciais das marchas, que podem ser feitas em um botão localizado na manopla. Nada tão intuitivo e divertido quanto os “paddles shifts” atrás do volante, mas cumpre a função.
Na versão Activ7, a suspensão é ligeiramente elevada e mais robusta que nas outras configurações do Spin. Apesar da altura maior em relação ao solo, a carroceria não aderna excessivamente. Mesmo com sete pessoas a bordo, a suspensão macia e com um curso longo não dá trancos. A incorporação dos controles eletrônicos de estabilidade e tração tornaram o Spin Activ7 mais confiável em situações críticas, como as estradas em mau estado e as curvas fechadas feitas em velocidades acima do recomendável. Incompreensivelmente, a linha 2021 do Spin Active perdeu a grade ativa do radiador, que abria e fechava automaticamente conforme a velocidade do carro e a necessidade de refrigeração do motor, aprimorando a aerodinâmica e a eficiência energética. Pelo valor acima de R$ 100 mil, o Spin Activ7 poderia incorporar alguns itens oferecidos no novo Tracker, como os seis airbags – traz apenas os dois frontais obrigatórios.
Ficha técnica
Chevrolet Spin Activ7
Motor: 1.8 SPE/4 Eco Flex, dianteiro, transversal, quatro cilindros e 8 válvulas
Potência: 106 cavalos a gasolina e 111 cavalos a etanol
Torque: 16,8 (G) e 17,7 (E) kgfm a 2.600/2.800 rpm
Transmissão: automática, 6 velocidades, com trocas sequenciais na manopla
Direção: assistência elétrica
Suspensão: independente McPherson na dianteira e semi-independentes com eixo de torção na traseira
Carroceria: crossover de sete lugares
Freios: ABS com EBD
Pneus: 205/60 R16
Comprimento: 4,41 metros
Largura: 1,76 metro
Altura: 1,69 metro
Entre-eixos: 2,62 metros
Peso: 1.275 quilos
Tanque de combustível: 53 litros
Porta-malas: 162 litros com a fila de bancos traseiro na posição normal, 756 litros com a segunda fileira recuada e a terceira rebatida
Preço: R$ 105.390 na cor Cinza Satin Steel do modelo avaliadocrossovers aventureiros
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix
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