Desde seu lançamento nacional, no final de 2015, o Renegade – o primeiro Jeep “made in Brazil” – caiu no gosto do público brasileiro. O modelo produzido na cidade pernambucana de Goiana brigou pela liderança do segmento de utilitários esportivos até o final de 2018 quando, após receber um discreto facelift, conquistou o primeiro lugar no ranking de vendas de SUVs – e, desde então, mantém a posição. Em 2019, vendeu 68.737 unidades – média de 5.728 emplacamentos mensais –, que lhe renderam o posto de nono automóvel mais vendido do país. Este ano, houve uma retração geral nas vendas de automóveis no Brasil – o Renegade emplacou 4.325 unidades em janeiro (décimo primeiro lugar na lista dos mais vendidos), mas saltou para 5.354 em fevereiro (décima posição no ranking geral), o que garantiu a manutenção da liderança entre os SUVs em 2020. Na linha Renegade, a configuração “top” Trailhawk, com motor a diesel e tração 4×4, é a mais cara – custa a partir de R$ 145.990 – e não é a que mais vende. Todavia, cumpre a importante função de marketing de encarnar o “espírito Jeep” – e de atrair interessados para as versões mais baratas, essas responsáveis pelo bom volume de vendas.
Esteticamente, o Renegade pouco se diferencia do modelo apresentado em 2015. No final de 2018, recebeu ligeiros retoques no para-choque, na grade e nos faróis de neblina. Os faróis de leds substituíram os de xenônio nas versões Trailhawk e Limited e os de neblina também receberam leds. O porta-malas ganhou uma maçaneta externa, que torna a abertura mais fácil. Dentro, uma inovação relevante foi a substituição do pequeno multimídia anterior pelo sistema com tela de 8,4 polegadas Uconnect, que usa interfaces Android Auto e Apple CarPlay para acessar aplicativos de navegação, como Google Maps e Waze, e de música, como Spotify e Deezer. O multimídia ainda permite acessar as funções do ar-condicionado remotamente, por toques no monitor ou por comandos de voz. Nas configurações Trailhawk e na Limited, o Renegade tem sete airbags de série. Emblemas “Trail Rated 4×4”, próximos às colunas frontais, e “Trailhawk” e “4×4 diesel”, na tampa do porta-malas, se encarregam de explicitar que se trata da versão “top” do Renegade.
A configuração Trailhawk é a mais aproxima de tudo que se espera de um Jeep. É mais elevada que as outras versões e tem 21,2 centímetros em relação ao solo. Na remodelação de 2018, a parte inferior do para-choque dianteiro foi redesenhada para ampliar o ângulo de entrada de 27 graus para 30 graus. O motor turbodiesel 2.0 trabalha acoplado a um moderno câmbio automático de 9 marchas e dispõe de um sistema de tração com opções 4×2, 4 x4, 4 x4 com reduzida e 4×4 com bloqueio do diferencial. O conjunto gera 170 cavalos a 3.750 rpm e o elevado torque de 35,7 kgfm está disponível já em 1.750 giros. O Jeep Active Control oferece configurações selecionáveis para neve, areia, lama e pedra, que adaptam a performance do motor e do câmbio, e um modo automático alternando a tração entre frontal e integral, de acordo com a demanda.
O simpático teto solar panorâmico é o único opcional da versão e aumenta expressivamente a interação com o ambiente de quem está a bordo – contudo, acrescenta R$ 8.200 aos R$ 145.990 iniciais do modelo. As cores sólidas agregam R$ 1.650 e as perolizadas somam R$ 2.300 à fatura. Ou seja, com teto solar panorâmico e em cor perolizada, o Jeep Renegade Trailhawk beira os R$ 156 mil – quase o dobro dos R$ 79.290 iniciais da versão STD 4×2 com motor flex. Uma matemática que ajuda a explicar por que a versão Trailhawk do Renegade não está entre as mais vistas pelas ruas brasileiras.
Experiência a bordo
Com sutilezas
Não é difícil de se encontrar uma boa posição de dirigir no Renegade Trailhawk – além do banco do motorista ser bem ergonômico, os ajustes elétricos de altura e lombar e as regulagens de altura e profundidade do volante ajudam bastante. Na frente, há bom espaço para pernas e cabeça, e atrás, duas pessoas viajam confortavelmente. O revestimento interno mescla superfícies rígidas e emborrachadas, com materiais que aparentam qualidade. O Trailhawk aposta em detalhes em vermelho no contorno das entradas de ar, das caixas de som e do console central.
A versão é bem dotada de porta-objetos, todos bem eficientes. O volante é multifuncional e os comandos no console são de fácil manuseio. O multimídia com tela sensível ao toque de 8,4 polegadas oferece comandos vocais via Android Auto ou Apple CarPlay. O carro conta com revestimento parcialmente em couro nos bancos, sensores de luminosidade e de chuva, ar-condicionado automático duplo e sete airbags. Os característicos detalhes irreverentes – que a marca chama de “easter eggs” –, como o desenho de um pequeno jipe no canto do para-brisa ou o mapa em baixo relevo no console, surpreendem e encantam quem entra pela primeira vez no carro. Quem se dispuser a procurar, descobrirá outros “easter eggs” – até dentro do pequeno porta-malas de 260 litros.
Impressões ao dirigir
Das ruas para as trilhas
Desenvolvido originalmente na Europa para carros de passeio, o motor Multijet 2.0 turbodiesel de 170 cavalos tem força de sobra para mover os 1.674 quilos do menor modelo da Jeep. O robusto torque de 35,7 kgfm, disponível já em 1.750 rpm, viabiliza retomadas vigorosas, com destaque para a força em baixos e médios giros. Nas acelerações, o câmbio automático de 9 velocidades aproveita os bons recursos do motor – não há “buracos” e o nível de vibração é reduzido. Os “paddles shifts” no volante para troca manual de marchas permitem explorar mais a esportividade do modelo. O indefectível ronco dos motores a diesel é até discreto, mas se faz notar. No uso urbano e rodoviário, a percepção é que a carroceria rola pouco, apesar do 1,72 metro de altura do modelo. A direção com assistência elétrica é como todas devem ser: leve nas manobras e precisa conforme aumenta a velocidade. Mesmo em uma “tocada” mais veloz e em trechos sinuosos, o carro dá a sensação de estar sob controle. Por ter um curso mais longo, a suspensão também se tornou mais firme, para conter a inclinação da carroceria. Como “efeito colateral”, acaba transmitindo mais as irregularidades do piso do que as demais versões.
Nas trilhas, a tração com reduzida e diferentes modos oferecidos pelo Jeep Active Control permitem ao pequeno SUV transpor obstáculos com razoável desembaraço. A suspensão independente nas quatro rodas tem curso amplo e absorve as irregularidades. Controle de estabilidade, de tração e de reboque e sistema anticapotamento ajudam a manter tudo sob controle. As rodas de 17 polegadas com pneus de uso misto, na medida 215/60, ajudam a encarar pisos esburacados. Para agradar a quem curte o off-road, a versão Trailhawk não vem com o estepe “magrelo” de uso temporário e sim com o mesmo conjunto de rodas e pneus do carro. Outra exclusividade dessa versão é a opção Rock (pedra) entre os modos de condução off-road, para encarar pisos pedregosos. Seja nas ruas ou nas trilhas, o Renegade Trailhawk é um modelo que dá para se levar a qualquer lugar, sem medo de desapontar. A versão “top” do menor dos Jeep equilibra uma boa capacidade off-road com uma dirigibilidade amistosa no uso cotidiano.
Ficha técnica
Jeep Renegade Trailhawk
Utilitário esportivo em monobloco com 4,23 metros de comprimento, 1,80 metro de largura (sem espelhos), 1,72 metro de altura e 2,57 metros de entre-eixos
Motor: diesel, 1.956 cm³, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, dianteiro transversal, turbo diesel, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 16,5:1
Tração: 4×4 com reduzida e bloqueio do diferencial
Potência máxima: 170 cavalos a 3.750 rpm
Torque Máximo: 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão: automática de 9 marchas
Freios: disco ventilado na frente e disco sólido atrás
Direção: elétrica
Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores, hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Oferece controle de estabilidade e sistema anticapotamento.
Rodas: alumínio de 17 polegadas
Pneus: 215/60 R17
Porta-malas: 260 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.674 quilos
Preço: R$ 145.990. Pintura metálica acrescenta R$ 1.650. Pintura perolizada aumenta R$ 2.300. Teto solar panorâmico custa R$ 8.200.
Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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