Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Os utilitários esportivos e os veículos com estética off-road dominam a lista dos automóveis lançados no Brasil nos últimos anos. Mas o excesso desse tipo de veículo nas ruas acaba depondo contra seu principal apelo de vendas – que é justamente se diferenciar dos carros “comuns”. Para tentar “fazer a diferença” em termos de estilo, o 2008 trouxe em maio do ano passado uma remodelação em relação ao carro lançado mundialmente em 2013 e que chegou ao Brasil em 2015. Concentradas na dianteira, as inovações tornaram o crossover compacto da Peugeot mais assemelhado aos modelos 3008 e 5008, os SUVs maiores da marca. Inicialmente oferecido apenas com o motor flex aspirado 1.6 VTI, de 118 cavalos, e nas versões Allure, Allure Pack e Griffe, a partir de novembro, o modelo 2020 do Peugeot 2008 apresentou a versão Griffe 1.6 THP flex, com motor turbo de 173 cavalos. Assim, seis meses depois de lançada, a Griffe 1.6 com motor aspirado perdeu o status de “top” de linha do 2008 e passou a ser a versão intermediária mais incrementada do SUV compacto da Peugeot.

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            No visual do modelo 2020, a principal novidade é a grade frontal, emoldurada em acabamento em preto e mais verticalizada, com elementos tridimensionais e o tradicional emblema do leão “boxeur”. O capô está mais horizontalizado, o que reforça o aspecto de SUV. O novo para-choque frontal aumentou o ângulo de ataque do carro, que agora é de 23 graus. Os recortes agudos na parte inferior dos faróis que remetem aos caninos de um felino, chamados “dentes do leão”, permanecem como uma assinatura dos utilitários esportivos da marca. Os faróis são afilados, com luzes diurnas em leds e refletores com lentes semielípticas, e os protetores pretos na parte inferior da carroceria são de série para todas as versões. Na traseira, que já era bem acertada, foram preservadas as lanternas e o para-choque saliente dotado das luzes de ré e de neblina.

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            Na versão Griffe 1.6 AT, o motor 1.6 EC5 VTI de 16 válvulas, com 118 cavalos a 5.750 rpm (com etanol) e 16,1 kgfm de torque a 4.750 giros, trabalha com o câmbio automático EAT6 de 6 velocidades da Aisin – o mesmo da Griffe THP. Oferece quatro modos de condução (drive, eco, sport e sequencial), adaptando o veículo às mais diferentes necessidades do proprietário. Para ter respostas mais esportivas, basta acionar o modo “Sport”. E, para reduzir o consumo de combustível em situações de trânsito intenso, o modo “Eco” é evidentemente o mais recomendável. O “Sequencial” é para quem prefere acionar as marchas manualmente, na manopla.

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            De série, o 2008 1.6 Griffe AT é equipado com seis airbags, ar-condicionado digital bizone, faróis com guia de luz em leds e DRL, controle elétrico para os retrovisores, vidros elétricos dianteiros e traseiros, limitador e regulador de velocidade, volante com comandos integrados, Peugeot Connect Radio de 7 polegadas, Android Auto e Apple CarPlay integrados, roda de liga leve 16” Áquila Diamantada, barras de teto, molduras nas caixas de roda pretas, faróis de neblina, volante revestido em couro, câmera de ré, alarme perimétrico, teto de vidro panorâmico, sensor de chuva e de luminosidade. Custa R$ 90.990. Já a atual “top” Griffe THP mantém todos os acessórios da versão Griffe AT, contudo, vem equipada com motor turbo e Grip Control. Mas aí o preço rompe a “barreira psicológica” dos R$ 100 mil e atinge os R$ 100.990. Com o mesmos equipamentos e acabamento da “top” Griffe THP, cabe à versão Griffe 1.6 com motor aspirado a função de agradar a quem gosta de requinte e tecnologia, porém, não pretende pagar mais R$ 10 mil por uma esportividade adicional – que, muitas vezes, acaba nem sendo tão desfrutada pela maioria dos motoristas.

Experiência a bordo

Harmonia interior

            O conceito i-Cockpit tornou-se uma das identidades mais marcantes dos modelos da Peugeot. Presente em todos os automóveis da marca, o volante de multifunções com dimensões reduzidas no estilo SportDrive tem assistência progressiva elétrica e proporciona um estilo de direção diferente dos outros carros. O painel de instrumentos está posicionado acima do volante, dentro do campo de visão, o que favorece uma completa visualização de toda a condição do veículo, sem que seja preciso tirar os olhos da estrada. Não há material emborrachado nos revestimentos, contudo a aparência geral convence. Os bancos contam com regulagem de altura, profundidade e inclinação, o que ajuda a achar a posição ideal. São forrados em um polímero que imita couro nas extremidades e na parte posterior. No centro, a forração é em tecido.

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            O acabamento, embora adote plásticos rígidos, aparenta qualidade. Detalhes cromados emolduram as saídas do ar-condicionado, a central multimídia e as portas, em contraste com o acabamento em black piano. Há um bom número de porta-objetos e o porta-luvas é refrigerado. A central multimídia com tela de 7 polegadas é compatível com Google Android Auto e Apple CarPlay e possibilita o espelhamento do celular. A visibilidade é boa e os retrovisores generosos colaboram bastante. O freio de estacionamento no formato de manche é bonito, no entanto, não é muito anatômico e requer alguma força para soltar. O porta-malas tem capacidade para 402 litros e, com o rebatimento dos bancos traseiros, pode ir aos 1.172 litros.

Primeiras impressões

Nem mais nem menos

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Com ótima pegada e regulável em altura e distância, o volante de diâmetro reduzido proporciona uma instantânea percepção de esportividade a quem senta no lugar do motorista do crossover compacto da Peugeot – mesmo que, em termos dinâmicos, tal esportividade nem seja efetiva. No caso dessa versão 1.6 Griffe AT, o motor 1.6 aspirado até dá conta do recado, mas sem proporcionar maiores descargas de adrenalina. As trocas do câmbio automático de 6 velocidades são eficientes, porém, as retomadas não são tão vigorosas. Para obter acelerações mais rápidas no 1.6 aspirado, é necessário pisar fundo no pedal do acelerador, o que aumenta o nível de ruído a bordo – a utilização do modo manual do câmbio, acionável na alavanca, ajuda a tornar o comportamento dinâmico mais instigante. Contudo, o controle eletrônico de estabilidade ESP foi reservado para a versão THP. Também não há controle eletrônico de tração.

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            Quando o motorista consegue resistir às sugestões de esportividade oriundas do volante pequeno e opta por um estilo mais “civilizado” no trânsito, o 2008 1.6 Griffe AT mostra que oferece boa dirigibilidade e entrega um rodar suave. A direção é agradável em manobras e torna-se gradualmente firme em velocidades mais altas. Com seu conjunto suspensivo bem equilibrado, aderna pouco nas curvas. A suspensão elevada, com vinte centímetros de vão livre e o ângulo de entrada de 23 graus até ajudam a se passar facilmente por lombadas e encarar com desenvoltura trilhas leves, no entanto, a ausência de tração 4×4 não recomenda maiores ousadias no off-road.

Ficha Técnica

Peugeot 2008 Griffe 1.6 AT

 Luiza Kreitlon/AutoMotrix
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.587 cm³, 16V, 118 cavalos/115 cavalos a 5.750 rpm, 16,1/16,1 kgfm a 4.750/4.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas. Tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: dianteira com conjunto tipo Pseudo McPherson, independente, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos pressurizados a gás e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos pressurizados a gás e barra estabilizadora
Freios: disco ventilado na dianteira e disco sólido na traseira
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: comprimento de 4,16 metros, largura de 1,74 metro, altura de 1,58 metro e entre-eixos de 2,54 metros
Peso: 1.248 kg
Porta-malas: 402 litros
Tanque de combustível: 55 litros
Preço da versão: R$ 90.990

Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

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