Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Em 2019, a Renault desbancou a Ford e assumiu o posto de quarta marca que mais vende automóveis no país, atrás da líder Chevrolet, da Volkswagen e da Fiat. Dos 239.227 Renault vendidos no ano passado, 85.117 eram Kwid. Em 2018, o Renault mais vendido do país já havia se tornado o sétimo carro mais emplacado do Brasil, com média de 5.610 unidades mensais. Em 2019, com a elevação da média para 7.093 emplacamentos por mês, o Kwid deixou para trás os Volkswagen Gol e Polo assumiu a quinta posição no ranking de modelos mais vendidos. Uma novidade que ajudou a embalar a arrancada do menor dos Renault surgiu em maio, com o lançamento de versão topo de linha Outsider, que se uniu às outras três configurações anteriormente oferecidas – Life, Zen e Intense –, incorporando aprimoramentos de estilo e de conectividade.

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            Com seus exíguos 3,68 metros de comprimento,1,58 metro de largura, 1,47 metro de altura e 2,42 metros de entre-eixos, o Kwid é um hatch subcompacto que aparenta ser maior graças à altura elevada da suspensão e às formas protuberantes. Ladeada por faróis alongados, a grade remete às dos utilitários esportivos da Renault em todo o mundo. Nela, sobre duas travessas horizontais com elementos vazados que lembram elos de uma corrente, se apoia o logotipo losangular, recortando a tampa do capô. Na traseira, o aspecto de SUV é ressaltado pelo revestimento preto na área abaixo da tampa do porta-malas e pelo aerofólio.

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            O motor do Kwid Ousider é o mesmo 1.0 SCe (Smart Control Efficiency) com três cilindros, 12 válvulas, duplo comando de válvulas (DOHC), que move o restante da linha, acoplado à transmissão manual de 5 marchas. Rende 70 cavalos com etanol e 66 cavalos com gasolina a 5.500 rpm e torque de 9,8 kgfm com etanol e 9,4 kgfm com gasolina a 4.250 giros. Além do dispositivo que sugere a troca de marchas (GSI) no quadro de instrumentos, o Kwid traz um indicador de estilo de condução abaixo do velocímetro. O modelo obteve nota A nos testes de consumo de combustível do Inmetro e pode ostentar o Selo Conpet de Eficiência Energética – com gasolina, consume 14,9 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada, e com etanol, 10,3 km/l no ciclo urbano e 10,8 km/l no rodoviário.

            A versão Outsider preserva a altura elevada do solo (18 centímetros) e os bons ângulos de entrada (24 graus) e de saída (40 graus) – que, segundo a legislação brasileira, permitem que o Kwid se encaixe na categoria dos utilitários esportivos. Como principal inovação, a versão traz de série o Media Evolution, central multimídia com tecnologia Android Auto e Apple CarPlay, que permite usar Spotify, Waze, Google Maps (Android Auto) e reproduzir áudios de WhatsApp na tela de 7 polegadas “touchscreen” capacitiva, com melhor precisão do toque. A tela também mostra as imagens da câmera de ré – curiosamente, a lente da câmera traseira fica “camuflada” no centro da logomarca na tampa do porta-malas.

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            Externamente, o Kwid Outsider recebe skis – elementos prateados na parte inferior dos para-choques, que ajudam a direcionar o fluxo de ar – na dianteira e na traseira, barras de teto – que são apenas decorativas e não servem para levar carga –, proteções laterais, molduras do farol de neblina na cor preta, além de adesivações com o logo “Outsider” nas portas dianteiras. Como em todas as outras versões, na Outsider, as rodas são de aço e aro 14 polegadas, mas levam calotas pretas. No interior, o nome da configuração aparece bordado no encosto dos bancos dianteiros com detalhes alaranjados, que também surgem nos bancos traseiros, nas portas, no volante e no pomo da alavanca de câmbio.

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            A Renault Kwid Outsider traz de série airbags frontais e laterais, dois Isofix, direção elétrica, ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, retrovisores elétricos, faróis de neblina cromados, abertura elétrica do porta-malas e chave dobrável. O preço da versão Outsider é R$ 45.390, porém, está sendo oferecida atualmente com um desconto de R$ 2 mil, por R$ 43.390, na cor Branco Neige, a do modelo testado. As outras cores disponíveis (Laranja Ocre, Marfim, Prata Etoile, Preto Nacré e Vermelho Fogo) acrescentam R$ 1.450 à fatura.

Experiência a bordo

Despojado e conectado

                        Nos bancos frontais do Kwid, não há espaço de sobra, entretanto, motorista e passageiro se acomodam razoavelmente bem, e a posição de dirigir é elevada. Como não existe ajuste de altura do volante e do banco, a solução é ajustar o banco para trás ou para a frente até achar a melhor posição possível. Para quem viaja atrás, o espaço é justo, principalmente em relação ao vão para os joelhos – levar três adultos ali é um exagero. O ressalto no centro do assoalho é baixo, o que libera algum espaço para os pés. A capota é elevada e mantém as cabeças dos ocupantes longe do teto. Em termos de acabamento, todos os plásticos são rígidos.

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            Não há porta-copos, apenas um nicho à frente do câmbio para transportar alguns objetos. As travas das portas dianteiras ficam em pinos no alto das portas, abaixo do vidro. Para sair, é necessário levantar o pino ou acionar um botão na parte central do painel, sob os comandos do rádio. Os vidros frontais são elétricos, no entanto, as janelas de trás são acionadas por manivelas e não se abrem por completo. Além dos “adereços” em tons de laranja espalhados pelo habitáculo, a atração da versão Outsider é a central multimídia Media Evolution, com tecnologia Android Auto e Apple CarPlay: inclui GPS, câmera de ré e tela sensível ao toque de 7 polegadas. O porta-malas acomoda 290 litros – supera alguns hatches compactos, como o Chevrolet Onix, o Volkswagen Gol e o Ford Ka. Falta um banco traseiro bipartido, para aumentar a versatilidade quando for necessário rebater o encosto.

Impressões ao dirigir

Entre a razão e a emoção

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            Embora todo o marketing que envolveu o lançamento do Kwid e especificamente da versão Outsider valorize a emoção, o carrinho se sai melhor quando avaliado dentro de uma proposta de utilização mais racional. O foco na relação custo/benefício e a nota A nos testes de consumo do Inmetro reforçam tal percepção, juntamente com os indicadores de troca de marchas e de estilo de condução, que estimulam um gerenciamento mais racional do combustível. A versão Outsider não passou por mudanças mecânicas e não apresenta nenhuma inovação no comportamento dinâmico. O tricilíndrico SCe 1.0 de 12 válvulas é o mesmo que move os outros Kwid e obtém 70 cavalos e 9,8 kgfm de torque com etanol. Como pesa apenas 806 quilos nessa versão, o subcompacto até facilita a tarefa do trem de força, mas não chega a oferecer esportividade. O torque máximo só aparece em elevados 4.250 rpm e fazer o motor trabalhar com o giro alto deixa evidente que o isolamento acústico é deficiente, pois o ruído do motor invade o habitáculo sem cerimônias. A aceleração de zero a 100 km/h do Outsider pode ser feita no mesmo tempo das outras versões: 14,7 segundos.

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            O câmbio manual de 5 velocidades tem engates razoavelmente precisos. O ajuste mais rígido da suspensão, necessário para evitar que um carrinho estreito e curto com a suspensão tão elevada aderne demasiadamente nas curvas, e acaba sacrificando um pouco o conforto – o Kwid repassa para os ocupantes, sem maiores “filtros”, as irregularidades das vias. Todavia, apesar da opção pela suspensão mais rígida, as rolagens de carroceria são perceptíveis. Os estreitos pneus aro 14 não ajudam muito em termos de estabilidade e não há controle eletrônico de estabilidade ou de tração. Ou seja, não se trata de um veículo com proposta de direção radical. Em compensação, a altura elevada do conjunto representa boa desenvoltura em lombadas e valetas. O tamanho diminuto da carroceria e a direção elétrica facilitam na hora de manobrar ou de estacionar em vagas apertadas, com o efetivo auxílioda câmera de ré. Na prática, o modelo é melhor aproveitado na cidade ou para viagens curtas, mais coerentes com sua proposta urbana. Para atender às demandas típicas das novas gerações, a central multimídia Media Evolution da versão Outsider oferece bons níveis de conectividade e é bem descomplicada.

Ficha técnica

Renault Kwid Outsider

Luiza Kreitlon/AutoMotrix
Carroceria: hatch subcompacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,68 metros de comprimento, 1,58 metro de largura, 1,47 metro de altura e 2,42 metros de distância de entre-eixos. Airbags frontais e laterais
Motor: gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros, quatro válvulas por cilindro. Injeção multiponto e acelerador eletrônico. Refrigeração por circuito de água sob pressão
Transmissão: manual de 5 marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração
Potência: 66/70 cavalos com gasolina/etanol a 5.500 rpm
Torque: 9,4/9,8 kgfm com gasolina/etanol a 4.250 rpm
Diâmetro e curso: 71,0 mm x 84,1 mm
Taxa de compressão: 11,5:1
Velocidade máxima: 156 km/h
Suspensão: dianteira do tipo McPherson, triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade
Rodas e pneus: rodas de aço com calotas e pneus 165/70 R14
Freios: discos sólidos na frente e tambores atrás. Freios ABS com EBD
Peso: 806 kg
Capacidade do porta-malas: 290 litros
Tanque de combustível: 38 litros
Produção: São José dos Pinhais/PR
Preço: R$ 45.390

Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/ Agência AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

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