Cinco anos após o lançamento, a atual geração dos Renault Sandero e Logan precisava passar por mudanças para continuar competitiva. Diante da proliferação de rivais mais modernos em seus segmentos, a marca francesa decidiu aplicar aos dois compactos uma reestilização específica para o mercado local, reforçar a segurança e o conforto dos passageiros e abandonar o sofrível câmbio automatizado em favor de um legítimo automático do tipo CVT. Os motores permanecem os mesmos: 1.0 SCe 12V de três cilindros e 1.6 16V de quatro cilindros para Sandero e Logan, além do 2.0 16V de quatro cilindros com 150 cavalos, exclusivo da versão esportiva R.S. do Sandero.
Na dianteira, Sandero e Logan ganharam novos para-choques, de aspecto mais encorpado, enquanto a grade ficou mais ampla e composta por filetes horizontais mais elegantes. Os faróis mantêm os contornos dos antigos, mas tiveram seus elementos internos todos redesenhados, incorporando luzes diurnas em forma de “C”, uma nova característica estilística da marca. A versão aventureira Stepway ficou mais discreta, especialmente no para-choque dianteiro, que agora tem desenho menos exagerado, com menos apliques plásticos e linhas mais harmônicas. Estranhamente, o desenho frontal da variante R.S. não teve alteração. A frente é a mesma da linha 2019. A fabricante francesa justifica que o design da versão já segue o padrão global da linha esportiva da marca.
Embora não seja muito fotogênico, o visual traseiro do hatch impressiona quando conferido pessoalmente. As novas lanternas se estendem para a tampa do porta-malas e têm uma linha de leds que se estende por toda sua parte inferior, formando uma assinatura visual característica. O conjunto é bem resolvido esteticamente e cumpre a função de transmitir sofisticação. Existem semelhanças com o “derrière” do Fiat Argo, porém, a verdadeira inspiração para o Sandero foi o Renault Megane europeu. Nas versões R.S. e Stepway, as lanternas têm um padrão diferenciado, com moldura escurecida na cor grafite. Bem menos inspirada é a traseira do Logan, na qual as lanternas são as mesmas do modelo anterior.
Um aspecto curioso dos novos Sandero e Logan, mais especificamente das versões equipadas com motor 1.6 e transmissão automática CVT, foi o aumento do vão livre entre a carroceria e o solo em 4,5 centímetros. Além de deixar os carros consideravelmente mais altos, essa elevação “obrigou” os designers da marca a aplicarem molduras plásticas nas caixas de rodas e soleira das portas, e também a adotar rodas de 16 polegadas para tentar equilibrar o visual. O resultado é controverso, especialmente no caso do Logan, já que sedãs de suspensão elevadas causam grande estranheza. É inegável, contudo, que ambos os modelos ganharam um aspecto mais parrudo, algo que pode agradar em tempos em que a “estética SUV” parece tão impregnada em corações e mentes.
O mix de versões também mudou, acompanhando a nomenclatura já utilizada pelo Captur e Kwid. Saem de cena as antigas Authentique, Expression e Dynamique e entram as novas Life, Zen, Intense e a topo de linha Iconic. O preço inicial da Life 1.0 parte de R$ 46.990 para o Sandero e de R$ 50.490 para o Logan. A Zen pode vir equipada com motor 1.0 ou 1.6. No Sandero, o preço da versão 1.0 parte de R$ 49.990 e a 1.6, de R$ 55.990. O Logan Zen 1.0 começa em R$ 53.490 e a 1.6, em R$ 59.490. A versão Zen 1.6 CVT X-Tronic fica em R$ 62.990 no Sandero e em R$ 66.490 no Logan. Na parte mais elevada da tabela de preços, a Intense 1.6 CVT X-Tronic sai por R$ 65.490 no Sandero e por R$ 68.990 no Logan. Topo de linha do Logan, a Iconic 1.6 CVT X-Tronic sai por R$ 71.090. A versão esportiva R.S. 2.0 do Sandero fica em R$ 69.690. A Stepway também é oferecida em três níveis de acabamento, sempre com motorização 1.6 16V: a Zen, com câmbio manual, parte de R$ 61.190, enquanto a Intense e a Iconic, ambas automáticas CVT, são oferecidas por R$ 70.990 e R$ 73.090, respectivamente.
Experiência a bordo
Reforço na segurança
Se, por fora, a linha Renault Sandero e Logan 2020 não revolucionou, por dentro, as mudanças foram ainda mais pontuais. As principais novidades estão na lista de equipamentos de segurança, que agora inclui de série, em todas as versões, mesmo na básica Life 1.0, quatro airbags (dois frontais e dois laterais) e duas fixações Isofix. A família continua honesta no acabamento, e a cabine, embora não seja luxuosa, é bem acolhedora. A forração do teto agora é na cor preta, sugerindo mais sofisticação, e os bancos ficaram mais envolventes e confortáveis, além de serem forrados com tecidos de boa qualidade. O Stepway traz os bancos revestidos em um belo padrão bicromático. O interior do Sandero R.S. tem o preto predominante com detalhes em vermelho nos bancos, nas forrações e no volante. Há muito plástico rígido? Sim, mas de boa qualidade e com texturas agradáveis. A chave agora é do tipo canivete, também de série em todas as versões.
O bom espaço interno permanece inalterado. Quatro adultos viajam bem, porém, há espaço suficiente para um quinto passageiro sem que todos fiquem espremidos no banco de trás. Há travas elétricas em todas as portas, contudo, na versão Life, apenas o motorista e o passageiro dianteiro contam com acionamento elétrico dos vidros, um arranjo também comum em carros da categoria. Outro item de série muito bem-vindo em todas as configurações é o ar-condicionado, de ajuste manual na versões básica e intermediárias e automático na Intense e na Iconic 1.6 CVT X-Tronic e no R.S. 2.0.
O sistema multimídia Media Evolution vem de série a partir da versão Zen 1.0 e incorpora tecnologia Android Auto e Apple CarPlay, que permite usar Spotify, Waze, Google Maps (Android Auto) e áudios de WhatsApp. A tela “touchscreen” de sete polegadas agora é do tipo capacitiva, com melhor precisão do toque. O Media Evolution ainda traz as funções Bluetooth, câmera de ré (em algumas versões), Eco Scoring e Eco Coaching – orientam o motorista sobre como economizar combustível.
Primeiras impressões
Jeito SUV de ser
Campinas/SP – Todos os Sandero e Logan automáticos têm suspensão elevada, pois isso foi feito exatamente para acolher a nova transmissão CVT, de dimensões maiores que as aplicadas anteriormente. Parte do câmbio avança alguns centímetros para baixo e poderia bater no chão em condições mais severas de uso em pisos muito irregulares. Para evitar problemas, a engenharia da marca optou por elevar o carro todo. Andando com as versões Zen e Intense 1.6 CVT X-Tronic do Sandero, especialmente no trânsito, a sensação é de olhar os outros carros de cima para baixo. Ao parar no semáforo ao lado de um Duster, a sensação é que ambos tinham quase a mesma altura. Entretanto, a elevação não comprometeu a estabilidade. Continua o mesmo carro de rodar confortável e seguro que o Sandero de altura normal. As versões Zen e Intense 1.6 com câmbio automático CVT trazem também o controle de estabilidade (ESC), que ajuda a manter o carro na trajetória mesmo em manobras bruscas. Deveria ser outro item de série em todas as versões, e não um “luxo” das topos de linha. Agradável de se dirigir, o hatch traz direção com assistência elétrica de série em toda linha, que proporciona respostas ágeis em movimento e suavidade nas manobras. O novo volante, com desenho herdado do Clio europeu, tem boa empunhadura e visual interessante.
O câmbio automático CVT era uma necessidade, uma vez em que os solavancos e as mudanças lentas do antigo automatizado não agradavam a ninguém. Esse tipo de transmissão permite que o motor trabalhe com rotação mais baixas para atingir as mesmas velocidades, proporcionando consumo mais baixo. Em baixas rotações, em especial nas arrancadas e retomadas, as respostas são pouco vigorosas. Mesmo fazendo mudanças manualmente, passando pelas seis marchas virtuais, o ganho não é tão substancial. O motor 1.6 16V, com 118 cavalos de potência e torque de 16 kgfm (abastecido com etanol), oferece mais agilidade em giros altos, o que pode desapontar um pouco a quem gosta de uma performance mais esportiva. Para quem roda tranquilo, nada que decepcione. Quando combinado com o câmbio manual, o 1.6 mostra mais disposição, mas essa combinação (motor 1.6 e câmbio manual) só está disponível na variante intermediária Zen.
As versões equipadas com o motor 1.0 SCe 12V de três cilindros, com potência máxima de 82 cavalos com etanol e 10,5 kgfm de torque, têm desempenho satisfatório. Com 90% do torque disponível a apenas 2 mil rpm, a elasticidade surpreende e impacta positivamente na condução. É um carro bem disposto para o trânsito e para a estrada.
A linha Sandero e Logan 2020 pode não ter mudado muito, no entanto, as poucas alterações que recebeu foram efetivas, principalmente nos quesitos segurança e conforto. Com preços variando de R$ 46.990 a R$ 73.090, a aposta continua sendo no custo-benefício, oferecendo um bom produto para pequenas famílias ou para quem deseja um carro confortável e espaçoso para o dia a dia. A gama é variada, abrangendo versões econômicas 1.0, aventureira 1.6, até chegar na esportiva R.S. de alto desempenho. Tem para todos os gostos e bolsos.
[…] linha Renault Sandero e Logan 2020 – Para ganhar fôlego […]