Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix

O lançamento da Toro, em fevereiro de 2016, foi um sucesso instantâneo. A ideia de lançar uma picape com chassi em monobloco em uma dimensão maior em comparação às compactas, que pudesse atrair o consumidor das picapes médias – com chassi em longarinas e custos mais elevados –, rapidamente se refletiu nas vendas. Apenas dois meses após o lançamento, o modelo desenvolvida pela Fiat no Brasil já tinha deixado para trás todas as picapes médias comercializadas no país, sendo superada apenas pela compacta Strada, da própria Fiat. Três anos depois, a dobradinha Strada/Toro deu à Fiat a liderança isolada do segmento de picapes. Somadas, as picapes da marca italiana abocanharam 38,5% de participação em todo o segmento em 2018 – a Strada representou 20,6% e a Toro, 17,9%. Apesar da hegemonia, a Fiat avalia que há espaço para crescer. Para atingir tal objetivo, promoveu na linha 2020 da Toro apenas um pequeno ajuste estético na frente, com a adoção de um overbumper – para-choque de impulsão com quebra-mato. Por dentro, o anacrônico multimídia com tela de 5 polegadas deu lugar a uma tela mais ampla, de sete polegadas e de última geração. Além das novas versões de entrada Endurance e a estilosa S-Design, ficou prometida para o último trimestre do ano a configuração Ultra, que virá com uma singular capota rígida na caçamba.

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Como o design sempre foi um ponto alto do modelo produzido na fábrica da cidade pernambucana de Goiana e o “powertrain” da picape ainda é o mais atual da marca no país, as mudanças da linha 2020 da Toro são pontuais. Externamente, com o acréscimo do overbumper no para-choque, que se integra ao desenho frontal, a picape da Fiat preserva as linhas contemporâneas e elegantes. Na caçamba, na qual cabem 850 litros de bagagem, um detalhe facilita a utilização: o acesso continua a ser dividido em duas portas, que se abrem em par. Nas versões Endurance, a caçamba recebe agora santantônio, e o vidro traseiro traz barras de proteção, para evitar danos quando se transporta cargas mais volumosas.

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Para ampliar o leque de consumidores, foram incluídas novas versões de entrada Endurance – uma flex com câmbio manual ou automático de 6 marchas e uma a diesel com transmissão automática de 9 velocidades. Com preços que partem de R$ 92.990 na 1.8 Flex com câmbio manual de 5 velocidades, passam por R$ 98.990 na versão com o mesmo motor e câmbio automático de 6 marchas e atingem R$ 129.990 na 2.0 Diesel 4×4 com câmbio automático de 9 velocidades, as configurações Endurance visam “roubar” público das topo de linha das picapes compactas.

Já para agradar os que apreciam um estilo mais chamativo, as Toro Freedom Flex e Diesel trarão ao Brasil o conceito italiano S-Design – o S vem de “shadow”, que significa sombra em inglês. Por fora, faixas adesivas no capô e na tampa traseira da caçamba, identificação da versão e motorização escurecidos, assim como emblemas e badges, criam uma nova identidade visual. O pack traz ainda santantônio e estribos laterais em preto (normalmente, são cromados) e pintura cinza na capa dos retrovisores externos, na grade superior dianteira e nas barras de teto. Para completar, as rodas também têm pintura escurecida, assim como o interior. Ela vem com forrações especiais nos bancos, em tecido e couro, e volante e laterais de porta em couro com costura preta. Há um tom específico de preto para a moldura da central multimídia, as saídas de ar, as alças das portas e aros dos alto-falantes. As logomarcas no interior também são escurecidas e os adereços cromados foram substituídos pelo preto fosco e cinza. O kit conta ainda com apóia-braço central traseiro com porta-copos.

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E a família Toro ainda receberá no final de 2019 mais um integrante: a nova versão Ultra com dynamic cover, uma inusitada tampa rígida para a caçamba, de série. A tampa é removível, o que facilita carregar a caçamba com objetos maiores que sua capacidade quando fechada. Equipada com motor 2.0 Diesel, 4×4 e câmbio automático de 9 marchas, segundo a Fiat, a Toro Ultra entregará melhor proteção do conteúdo colocado na caçamba e melhor vedação contra infiltração de água.

Experiência a bordo

Semelhantes diferenças

A Toro é mais alta que um carro de passeio, mas seus acessos são bem mais fáceis em relação às picapes médias maiores. O interior é bem resolvido, com materiais que não transmitem qualquer requinte, porém, aparentam boa qualidade. Em alguns detalhes, lembra a cabine do Jeep Renegade, que utiliza a mesma plataforma. Nas novas versões Endurance, as mais depojadas, os ajustes dos espelhos externos não são elétricos e devem ser feitos por meio de pequenas hastes nas portas, algo que destoa um pouco da modernidade insinuada pelo design. Já as configurações “top”, como a Volcano e a Ranch, o requinte é compatível com os SUVs do mesmo porte.

Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix

A principal novidade interna da linha 2020 da Toro é a central multimídia – é de série em toda linha, exceto nas versões Endurance, nas quais aparece como opcional. Ela cresceu 40% e traz tela tátil (“touchscreen”) de 7 polegadas no painel central. Com alta definição de 800×480 pixels, o sistema funciona com o novíssimo Android 8.0 e uma CPU de 800 MHz para rápido processamento de dados. Com memória interna de 4 GB para armazenamento de informações, trabalha com memória RAM de 1GB. A interface com o usuário é simples e intuitiva, facilitada pelos comandos no volante. Com entradas USB e auxiliar, além de conexão Bluetooth, o sistema multimídia traz ainda GPS e mapas da TomTom. A tela da central também mostra imagens da câmera de ré, auxiliando em manobras e estacionamento.

Primeiras impressões

Múltiplas personalidades

Recife/PE – O teste de apresentação da Toro 2020, na região recifense do Cabo de Santo Agostinho, ofereceu uma rara oportunidade de dirigir diversas configurações da picape da Fiat no mesmo circuito. Na linha 2020 da Toro, são quatro versões de acabamento – Endurance, Freedom, Volcano e Ranch – com três opções de motores – bicombustível 1.8 e 2.4 e turbodiesel 2.0 – combinados com três diferentes câmbios: manual de 5 marchas, automáticos de 6 e de 9 velocidades, com trações 4×2 ou 4×4. No total, são dez configurações disponíveis para a Toro. No teste, foi possível perceber que as diversas combinações de “powertrain”, e os acabamentos efetivamente conferem diferentes personalidades à picape da Fiat.

Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix

As configurações com motor flex, como a novata Endurance 1.8 Flex MT5, são as menos rumorosas, trepidam menos e conferem à picape um rodar mais suave e mais assemelhado ao dos carros de passeio. O câmbio manual de 5 marchas tem bons engates e ajuda a dar ao veículo uma sensação de leveza. Já nas configurações 2.0 Diesel, a Toro parece mais pesada. Com o barulho e a vibração característicos dos motores a diesel, o destaque é o torque elevado, gerando uma agradável sensação de que jamais faltará força para transpor os eventuais obstáculos do caminho. A tração integral cumpre a função de tornar o carro apto para o off-road, seja para o trabalho ou para o lazer. Em movimento, o 2.0 turbodiesel, com seus 170 cavalos, move a picape com autoridade. O eficiente câmbio automático de 9 marchas tem trocas suaves e rentabiliza bem o trabalho do motor.

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Em todas as configurações, a estabilidade se aproxima bastante à de um sedã. As rolagens de carroceria quase não aparecem. As suspensões MacPherson na frente e multilink atrás ajudam a conferir um rodar consistente, similar ao de carro de passeio, mesmo em velocidades maiores. No entanto, como em qualquer carro mais alto, nos trechos mais sinuosos, a carroceria sacoleja um pouco. Contudo, é preciso “forçar muito a barra” para que as assistências dinâmicas da Toro entrem em ação. Nas curvas, a direção se mostra extremamente precisa: é fácil colocar a picape exatamente onde se deseja.

Ficha técnica

Fiat Toro Volcano 2.0 Diesel AT9 4×4

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Motor: Diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de 9 marchas à frente e uma a ré. Tração 4×4. Oferece controle de tração.
Potência: 170 cavalos a 3.750 rpm.
Torque máximo: 35,7 kgfm a 1.750 giros.
Diâmetro e curso: 83 mm x 90,4 mm. Taxa de compressão: 16,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo multilink, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores de duplo efeito e molas progressivas. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Pneus: 225/65 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Picape em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,92 metros, com 1,84 m de largura, 1,69 m de altura e 2,99 m de entre-eixos.
Peso: 1.871 kg.
Capacidade da caçamba: 850 litros.
Capacidade de carga: 1.000 kg.
Tanque de combustível: 60 litros.
Lançamento no Brasil: 2016.
Produção: Goiana, Pernambuco.
Preço: R$ 152.990

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