Luiz Humberto Monteiro Pereira/Agência AutoMotrix

Os adereços esportivos, que evocam a adrenalina das pistas de corrida, sempre mexeram com a imaginação de quem gosta de automóveis. Até que em 2003, com o lançamento do Ford EcoSport, foi a vez da estética off-road cair no gosto do consumidor brasileiro. Tanto que se alastrou por todas as marcas e criou um subsegmento: os compactos aventureiros. E esse subsegmento não para de crescer. A última “cria” dessa linhagem é o Argo Trekking, que acaba de chegar às concessionárias. Além do indefectível design inspirado nos veículos de rali, a nova versão do hatch da Fiat agrega diferenciais efetivos para trilhas leves, como uma suspensão reforçada e elevada e pneus “todo terreno” – itens apreciados por quem roda nas normalmente maltratadas vias nacionais. O preço sugerido de lançamento – R$ 58.990 – não faz do Argo Trekking um automóvel barato, mas o deixa competitivo em relação aos principais concorrentes: o Chevrolet Onix Activ (R$ 60.790), o Hyundai HB20X (R$ 62.290), o Renault Sandero Stepway (R$ 63.990) e o Ford Ka Freestyle (R$ 64.090). O custo/benefício é ressaltado pela Fiat como um dos principais atributos do novo produto.

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Em termos estéticos, as principais diferenças em relação à versão Drive 1.3 do Argo são a pintura bicolor – tons de preto aparecem no teto, nas barras do teto, nos retrovisores, na coluna central e no aerofólio traseiro, além de um aplique quadrado no alto do capô, que lembra os adotados em alguns modelos da Jeep. Outros detalhes escurecidos estão nos faróis com design em leds, nas molduras das caixas de rodas e do para-choque traseiro na parte inferior, na logomarca da Fiat com acabamento exclusivo em cromo negro, na ponteira de escapamento trapezoidal e nas rodas com aro 15 com calotas enegrecidas. Logomarcas “Trekking” com detalhes em laranja aparecem na parte de baixo das portas traseiras e na tampa do porta-malas – no teto, próximo ao para-brisa, surge apenas o desenho do logotipo, que lembra dois triângulos sobrepostos. A nova versão está disponível nas cores Branco Banchisa, Branco Alaska, Vermelho Montecarlo e Cinza Silverstone.

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Além das “alegorias e adereços” típicas dos compactos aventureiros, chama a atenção no visual da configuração Trekking do Argo a suspensão elevada – o modelo tem quatro centímetros a mais que a da versão Drive e, com seus 21 centímetros, ostenta o maior vão livre da categoria. Novos amortecedores, molas reforçadas e pneus Pirelli Scorpion 205/60R15 91H S-ATR WL com perfil mais alto e banda de rodagem para uso misto se encarregam de deixar essa versão mais aparelhada para encarar trilhas não muito radicais. Segundo a Fiat, foi feito um extenso trabalho de engenharia que revisitou toda a elastocinemática do chassi, passando por molas, amortecedores e até “tunning” da direção elétrica.

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Por dentro, o preto também predomina de cima a baixo. O destaque estético fica por conta do tecido escuro dos bancos com o contraste da costura laranja, área central com textura quadriculada e o logotipo Trekking bordado. O logotipo escurecido da Fiat no volante combina com a peça central do painel e a moldura do console central. A nova versão traz de série o sistema multimídia Uconnect de 7 polegadas touchscreen com Apple CarPlay e Android Auto, vidros dianteiros e traseiros elétricos, retrovisores elétricos e faróis de neblina. Como opcionais, o cliente pode incluir rodas de liga leve de aro 15 com cor negra (mais R$ 1.590) e câmera de ré com linhas dinâmicas (mais R$ 700). Quem não se der por satisfeito com todos os diferenciais que fazem parte da versão Trekking pode recorrer à Mopar, empresa de acessórios do grupo FCA que oferece mais de cinquenta itens de customização para toda a linha Argo. Dois deles são exclusivos da versão Trekking: as barras transversais de teto e o suporte para bicicleta. O suporte é apoiado nas barras transversais que, por sua vez, precisam das barras longitudinais – um item de série específico da configuração aventureira do hatch.

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Sob o capô do Argo Trekking está o mesmo motor Firefly 1.3 com potência de 109 cavalos e torque de 14,2 kgfm da versão Drive 1.3, acoplado a um câmbio manual de 5 velocidades – conforme a Fiat, não há previsão de câmbio automático para essa versão. Em 2018, o Argo ficou em nono lugar entre os automóveis mais vendidos do Brasil. Este ano, no primeiro trimestre, já apareceu em sétimo. Com a nova configuração, posicionada na parte intermediária da linha, a expectativa é galgar mais alguns degraus. “A versão Trekking chega para completar o portfólio do Argo, aliando um design atraente e aventureiro à funcionalidade da nova suspensão reforçada e elevada que, em conjunto com o pneu de uso misto, garantem a melhor performance em terrenos irregulares”, afirma Herlander Zola, diretor do brand Fiat para a América Latina e diretor comercial da marca para o Brasil.

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Logo após o lançamento do Argo Trekking, que chega como linha 2020, a Fiat lançou toda a gama 2020 do Argo. A marca diminuiu o preço nas versões a partir da Drive 1.3. O Argo 2020 terá, segundo a Fiat, uma oferta mais racional de suas versões, que evoluíram com novos kits de opcionais e nova lista de itens de série. Os preços da linha Argo 2020 são: Argo 1.0 – R$ 48.990, Argo Drive 1.0 – R$ 52.690, Argo Drive 1.3 – R$ 53.690 (redução de R$ 2.800), Argo Trekking 1.3 – R$ 58.990, Argo Drive 1.3 GSR – R$ 61.790 (redução de R$ 1.800), Argo Precision 1.8 AT – R$ 63.590 (redução de R$ 6.400) e Argo HGT 1.8 AT – R$ 69.990 (redução de R$ 5.000).

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Primeiras impressões

Do asfalto à terra

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O motor Firefly 1.3 de quatro cilindros em linha, que entrega 109/101 cavalos e torque máximo de 14,2/13,7 kgfm a 3.500 rpm, dá conta de mover com agilidade a versão aventureira do Argo. Embora o torque máximo só apareça em um giro relativamente alto (3.500), boa parte dele já está disponível nas baixas rotações, o que ajuda a dar a desejável agilidade às acelerações e retomadas de velocidade, sem a necessidade de enterrar demais o pé no pedal do acelerador. O propulsor é devidamente auxiliado pela transmissão manual de 5 marchas, que tem bom escalonamento e consegue produzir eficientes retomadas e acelerações. O curso do pedal de embreagem é um tanto longo, mas o motorista logo se acostuma.

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Em termos de calibragem da suspensão, o ajuste mais robusto cumpre a função de ajudar a performance nas trilhas e ainda não deixa a carroceria inclinar tanto nas curvas. Dá para entrar rápido em trechos sinuosos sem maiores sustos. A direção com assistência elétrica é precisa, funcionando de forma leve nas manobras de estacionamento e mais firme nas altas velocidades. O Argo Trekking roda em pisos irregulares com aparente desenvoltura e consistência, sem comprometer demasiadamente o conforto e mantendo o bom comportamento dinâmico demonstrado no asfalto. A absorção de impacto nos buracos se mostra efetiva, e o mais novo aventureiro do pedaço transmite sensação de segurança mesmo em terrenos com baixa aderência, como em estradas de terra.

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