A Volkswagen chegou atrasada à “festa” dos utilitários esportivos compactos, segmento automotivo que não para de crescer no Brasil e no mundo desde meados da década passada. Ao longo desse período, modelos como o Ford EcoSport, o Renault Duster, o Jeep Renegade, o Honda HR-V e o Hyundai Creta tiveram seus dias de glória e renderam ótimos resultados para suas marcas. Como chegou depois da concorrência, o primeiro utilitário esportivo “made in Brazil” da Volkswagen teve tempo de desenvolver com calma a sua estratégia. Desembarca nas concessionárias em abril, em quatro configurações, com preços de R$ 84.990 a R$ 109.990. A mais cara é a versão Highline 250 TSI, que tem uma “pegada” mais esportiva e é equipada com motor 1.4 de 150 cavalos com etanol a 4.500 giros e torque de 25,5 kgfm, acoplado à transmissão automática de 6 marchas. Porém, a função de brigar pelas vendas fica mesmo é com as três versões 200 TSI, que investem mais na relação custo/benefício e são movidas pelo propulsor 1.0 com 128 cavalos de potência com etanol a 5.500 rotações por minuto e torque de 20,4 kgfm na faixa de 2 mil a 3.500 rpm, associado ao câmbio manual ou à transmissão automática com 6 marchas e “paddles shifts” no volante para trocas sequenciais. Dessas três versões 200 TSI, a Comfortline é mais bem equipada. Seu preço deixa clara a passagem pelo departamento de marketing da marca. Custa R$ 99.990, estratégicos R$ 10 abaixo dos R$ 100 mil. Um valor que muitos consumidores do segmento se impõem como “teto” para gastar na compra de um novo carro.
O T-Cross é montado sobre a plataforma modular MQB, a mesma do hatch Polo e do sedã Virtus. Mede 4,20 metros de comprimento e 1,57 metro de altura. A distância entre os eixos é de 2,65 metros – o mesmo entre-eixos do Virtus. O design é indisfarçavelmente Volkswagen. A identidade com outros modelos da marca é total. A dianteira é alta, com uma grade ampla e faróis de leds integrados. Todas as versões são equipadas com luz de condução diurna (DRL) em leds, integrada ao farol de neblina. A lateral é atravessada por um friso largo em baixo relevo, abaixo das maçanetas das portas, que vai do final do para-lama dianteiro até as lanternas. Na traseira, as lanternas são unidas por uma “ponte” de refletores estendida transversalmente, emoldurada por um painel preto.
Todos os T-Cross vêm com controle de estabilidade (ESC), seis airbags, freios a disco nas quatro rodas com ABS, bloqueio eletrônico do diferencial, direção elétrica e ajuste de altura e distância para o volante, assistente para partida em rampas (Hill Hold), sensores traseiros de estacionamento, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, faróis com função Coming & Leaving, de neblina com função cornering, luzes de condução diurna e lanternas em led, banco dianteiro do passageiro com encosto rebatível, suporte para smartphone com entrada USB, travas e vidros elétricos e volante multifuncional. A versão automática acrescenta controle de velocidade, apoio de braço central com porta-objetos, volante multifuncional revestido de couro, duas entradas USB para o banco de trás, saída traseira de ar-condicionado, sistema de som Composition Touch com tela colorida sensível ao toque de 6,5 polegadas e App-Connect. E a Comfortline adiciona ar-condicionado digital, banco do motorista com ajuste lombar, câmera de ré, indicador de pressão dos pneus, manopla da alavanca de câmbio revestida de couro, porta-luvas refrigerado, sistema save de variação do espaço do porta-malas, rodas de liga leve de 17”, sensores de estacionamento e sistema de frenagem automática pós-colisão. Detalhes cromados na grade dianteira pintada em preto brilhante, colunas centrais na cor preto brilhante e para-choque traseiro com apliques cromados na região inferior diferenciam a versão.
Para o T-Cross Comfortline, há quatro pacotes opcionais. O Exclusive & Interactive, que custa R$ 3.950, inclui sistema de infoentretenimento Discover Media com navegador via satélite, tela de 8 polegadas, comando por voz e entrada USB no console central, iluminação ambiente em leds, seletor do modo de condução, sistema Kessy de abertura das portas sem chave e partida do motor por botão; retrovisores externos com rebatimento elétrico e tapetes adicionais de carpete. O pacote Sky View II, de R$ 4.800, traz o teto solar panorâmico, retrovisor interno eletrocrômico e sensores de chuva e crepuscular. O pacote Design View, que sai por R$ 1.950, agrega bancos de couro com detalhes na cor marron e apliques decorativos no painel com detalhes na cor bronze namíbia. O quarto pacote, o Premium, sai por R$ 6.050 e incorpora o sistema Park Assist 3.0, faróis full-led com luz de condução diurna em leds e sistema de som Beats com subwoofer. São oito as opções de cores para a carroceria: branco puro, preto ninja, prata sargas, cinza platinum, vermelho crimson, azul norway e as novas laranja energetic – a do modelo testado – e bronze namibia.
Experiência a bordo
Lugar familiar
Quem entra pela primeira vez no T-Cross 200 TSI Comfortline se impressiona com o espaço. É bastante generoso para um SUV compacto – o entre-eixos de 2,65 metros resulta em bastante área livre para quem viaja no banco traseiro. Tanto na frente quanto atrás, a percepção de espaço é similar aos sedãs médios. O Virtus traz de série itens como cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos os assentos, seis airbags e sistemas de ancoragem de assentos infantis. Tudo isso ajudou o mais novo Volkswagen a alcançar cinco estrelas no Latin NCAP, que afere a segurança automotiva na América Latina. Em termos de design interno e acabamento, a sensação de “dejá vù” é inevitável. O motorista tem a impressão de que já esteve naquele carro antes. Há bastante plástico rígido e tecido e muitos detalhes parecidos com os de outros modelos da Volkswagen. Comandos de faróis, ar-condicionado e retrovisores elétricos, assim como o suporte para celular, são todos “herdados” do Gol. Já o volante é similar ao do Polo e do Virtus.
O porta-celular permite pendurar o smartphone no alto do painel para que o motorista possa utilizar dispositivos como o Waze – há inclusive uma entrada USB adicional. O aparato é de série, mas pode ser removido por quem achar que sua presença compromete a estética interna do veículo. O descanso de braço central é ajustável longitudinalmente em 10 centímetros e é o mesmo do Virtus. Sob ele, há um compartimento para guardar objetos. Na versão Comfortline, o sistema de entretenimento é intuitivo e conta com entradas USB, para SD-card e conexão Bluetooth. O sistema integra a imagem da câmera traseira de auxílio ao estacionamento. Também são de série ar-condicionado, direção elétrica, travas e vidros elétricos, alarme, controle de estabilidade e tração, controle de descida, bloqueio eletrônico do diferencial, volante multifuncional com ajustes de altura e profundidade, sensor de estacionamento e espelhos elétricos. O porta-malas tem volume variável de 373 a 420 litros, de acordo com o posicionamento do banco traseiro.
Primeiras impressões
Convívio agradável
Rio de Janeiro/RJ – O T-Cross 200 TSI Comfortline é um automóvel fácil de gostar. O SUV compacto se destaca por seu bom comportamento dinâmico e entrega bastante prazer ao dirigir. O motor 200 TSI Total Flex desenvolve potência de até 128 cavalos a 5.500 rpm, com etanol – com gasolina, são 116 cavalos, à mesma rotação. O torque máximo é de 20,4 kgfm (ou 200 Nm, o que justifica a denominação do motor), com gasolina ou etanol, sempre na faixa de 2 mil a 3.500 rpm. São números mais que suficientes para mover com desenvoltura os 1.252 quilos do SUV. Na versão Comfortline, esse motor é combinado a um câmbio automático de 6 marchas com função Tiptronic, que além de uma manopla ergonômica conta com as aletas no volante para troca de marcha. Faz de zero a 100 km/h em 10,4 segundos e atinge 184 km/h de velocidade máxima. Nada extremamente esportivo, mas um conjunto bastante satisfatório. Revestidos em tecido, os bancos dianteiros acomodam bem o corpo e não cansam, mesmo em trajetos longos.
No T-Cross 200 TSI Comfortline, arrancadas e retomadas são bem espertas e a elasticidade do conjunto permite até encarar rampas sem precisar recorrer à primeira marcha. O câmbio automático tem um sutil “delay” de reação, principalmente quando os giros caem demais. Nada que chegue a causar incômodo. O nível de rigidez da carroceria e a inclinação nas curvas é bem decente para um utilitário esportivo. A assistência elétrica oferece respostas bem diretas. Os freios, a disco nas quatro rodas, dão conta do recado com eficiência. Sistemas como os controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas e bloqueio eletrônico de diferencial ajudam a tornar a vida do motorista mais tranquila, assim como a câmera de ré e os sensores dianteiros de estacionamento. Já o isolamento acústico poderia ser melhor. O ruído do motor domina o habitáculo quando se pisa forte no acelerador.