Nos últimos anos, os veículos negros, com detalhes no mesmo tom, são uma tendência estilística em alta em todo o mundo – e também no Brasil. Uma marca que embarcou com tudo nessa “maré negra” é a Chevrolet. No ano passado, depois dos lançamentos das séries Midnight da picape S10 e do utilitário esportivo Tracker, a Chevrolet emendou direto com o Cruze Black Bow Tie. Apresentada no final de outubro, a versão está disponível nas configurações sedã e hatch Sport6, ambas oferecidas por R$ 99.790. Entre os sedãs, a configuração “tunada” busca tornar o Cruze mais atraente na disputa com o Toyota Corolla e o Honda Civic, que há décadas se alternam na liderança das vendas no segmento.
A ideia da versão Black Bow Tie é criar um Cruze com uma “pegada” mais jovial e com um apelo mais esportivo, para sensibilizar o público que gosta de personalização. Para ajudar a manter um preço abaixo dos R$ 100 mil, a base da nova versão é a LT, a “de entrada” da linha. Tanto na frente quanto na traseira, a versão traz a gravatinha da Chevrolet em preto – no lugar do tradicional dourado. Na traseira, o nome do modelo também aparece em preto, em vez das habituais letrinhas cromadas. O acabamento cromado aparece apenas na moldura da grade. A cor Preto Ouro Negro da carroceria ressalta a “musculatura” do modelo e os três vincos convergentes do capô. Acessórios originais reforçam a proposta de customização – em especial as rodas aro 17’’ na cor grafite, que criam um contraste interessante com a “roupagem” toda preta.
Sob o capô, o Cruze Black Bow Tie traz o mesmo motor 1.4 Turbo com injeção direta e duplo comando variável das outras versões. Rende potência de 150/153 cavalos e torque de 24/24,5 kgfm com gasolina/etanol. O câmbio é automático sequencial de 6 marchas é também o mesmo, com opção de mudanças manuais na alavanca. Segundo o Inmetro, o Cruze LT tem um consumo na cidade de 7,8/11,5 km/l com e na estrada de 10,1/14,6 km/l com etanol/gasolina. Com isso, obteve um índice A na categoria e B no geral. A suspensão se mantém a mesma dos outros Cruze, com a combinação de McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira.
Apesar de ser baseada na versão de entrada da linha, o Cruze Black Bow Tie está longe de ser “pelado” em termos de equipamentos. Vem com airbags frontais e laterais, alarme, controle de tração, controle eletrônico de estabilidade, faróis de neblina, sensor de estacionamento traseiro, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, ar-condicionado com controle eletrônico, câmara de ré, computador de bordo, controle de velocidade de cruzeiro, sistema start/stop, central multimídia sensível ao toque de 7 polegadas com espelhamento de smartphones, abertura do porta malas por controle remoto, assistente de partida em aclive, coluna de direção com regulagem em altura e profundidade, indicador do nível de vida de óleo, de bateria e pressão dos pneus, direção elétrica progressiva, retrovisores externos elétricos com indicador de direção, navegação por setas com comando de voz, descansa-braço dianteiro central deslizante e banco traseiro bipartido e rebatível, com porta-copos.
Experiência a bordo
Interior estiloso
No Cruze, há bons espaços nos bancos frontais e para quem vai atrás. Quatro passageiros viajam com absoluto conforto. O interior tem nichos e porta-objetos funcionais. Tapetes em carpete com borda vermelha diferenciam a versão Black Bow Tie da LT. Boa parte do interior recebe revestimento sintético que simula couro, inclusive os bancos. O isolamento acústico é bastante correto. O modelo vem com multimídia MyLink com tela de 8 polegadas e GPS integrado compatível com Android Auto e Apple CarPlay, câmera de ré com sensor de estacionamento e o sistema de telemática avançado OnStar, que é bastante funcional. O volante multifuncional concentra comandos para o som, telefone, computador de bordo e controle de cruzeiro, mas não traz “paddle shifts” para troca de marchas – o modo sequencial é feito na alavanca do câmbio.
A versão Black Bow Tie traz direção elétrica progressiva, luz de condução diurna em leds, sensor de estacionamento dianteiro, sensor de chuva, sensor crepuscular, abertura das portas por sensor de aproximação na chave e partida por botão no painel, controle de cruzeiro, abertura e fechamento dos vidros por controle remoto, sistema isofix para fixação de cadeirinha infantil, assistente de partida em rampas, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, acionamento da ignição por controle remoto, retrovisores externos com rebatimento elétrico e aquecimento e retrovisor interno eletrocrômico. O porta-malas do Cruze não é dos maiores do segmento – comporta 440 litros.
Impressões ao dirigir
Fama de mau
O aspecto um tanto “malvado” da versão Black Bow Tie não interfere no desempenho dinâmico do Cruze, já que o motor 1.4 turbo com injeção direta é o mesmo das outras versões – e continua a ser um dos pontos altos do Cruze. O torque máximo surge pertos de 2 mil rpm e faz o sedã ganhar velocidade rápida e progressivamente. A reação ao acelerador é correta e as acelerações e arrancadas são vigorosas, porém, progressivas e não abruptas. Pode-se obter, com facilidade, um comportamento esportivo do modelo. O câmbio GF6 de nova geração – que também é o mesmo das outras versões – é eficiente e gerencia o motor sem vacilações. Não conta com aletas no volante para trocas sequenciais. Elas podem ser feitas manualmente na própria alavanca de câmbio, se o motorista não estiver satisfeito com o “timming” do câmbio automático. O conjunto mecânico permite ao veículo atingir a velocidade final de 214 km/h, um ótimo desempenho para seus 1.320 quilos de peso, com aceleração de zero a 100 km/h em 8,8 segundos.
A suspensão do Cruze é bem ajustada. O sedã se mostra bastante estável e aderna pouco nas curvas. Nas mais radicais, feitas em alta velocidade, é possível perceber claramente a providencial atuação dos controles de estabilidade e tração. De um modo geral, o carro parece estar sempre equilibrado e na mão do motorista, mesmo em trechos sinuosos e com um uso ostensivo do pedal da direita. As frenagens são eficientes e precisas, sem “rebolados”. Em uma utilização “civilizada”, o Cruze Black Bow Tie é um sedã bastante agradável de se dirigir, com um nível de silêncio dentro da cabine que impressiona positivamente. E o estilo “black tie” chama a atenção e efetivamente acrescenta uma certa “presença em cena” ao sedã.