No último Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, uma das principais atrações do estande da Fiat era o 500X. O crossover compacto divide plataforma com o Jeep Renegade, mas já conta com o novo motor Firefly 1.3 turbo da FCA que equipa o SUV da marca norte-americana na Europa. É cotado para desembarcar no Brasil ainda este ano. Desde a sua “reinvenção”, em 2007, o 500 rapidamente se tornou não só em um novo ícone a nível global como na “força motriz” de boa parte da gama da Fiat. É o caso da versão utilitário esportivo compacto, recentemente atualizada e aqui avaliada na configuração 500X 1.0 Turbo Cross, o nível de equipamento mais generoso da gama.
Em time que está ganhando não se mexe. Esse parece ter sido o lema da Fiat quando da recente atualização do 500X em termos de design, mantendo as suas formas atraentes e um assumido e evidente parentesco estético com o clássico 500, de que as lanternas traseiras são prova notória. Visualmente, as alterações introduzidas com a renovação do 500X se concentram essencialmente nos grupos ópticos. Na frente, além do novo desenho dos faróis, há a disponibilização das luzes integralmente por leds, uma opção cujos benefícios são inegáveis, em termos de estilo quanto funcionais. Também na traseira o destaque são as lanternas em leds, que estabelecem um paralelismo assumido com a mais recente geração do “eterno” 500.
Já no interior, as diferenças estão no painel de instrumentos com novo grafismo e boa leitura e no volante. As maiores evoluções do 500X são as soluções de assistência ao condutor: o sistema de leitura de sinais de trânsito com alerta de velocidade excessiva e o assistente à manutenção na faixa de rodagem são de série em toda a gama.
Dentro do 500X, a qualidade geral é de nível apreciável, garantida por bons materiais, embora alguns plásticos deixem a desejar. A faixa na cor da carroceria que atravessa o tablier com duplo porta-luvas ajuda a criar um ambiente acolhedor e moderno. A capacidade do porta-malas é razoável, oferecendo ainda um fundo falso com duas posições. A habitabilidade é generosa em todos os lugares, inclusive o espaço para pernas oferecido no banco traseiro, o que permite viajar com relativo conforto. O generoso ângulo de abertura das portas favorece o acesso dos passageiros e das cadeirinhas de criança. O computador de bordo e o sistema de infoentretenimento com tela de 7” e câmara traseira são bastante completos.
Mas a principal novidade do 500X é o 1.0 Turbo Cross, um três cilindros pertencente à nova família FireFly de motores modulares a gasolina do Grupo FCA, com uma cilindrada unitária de 333 cc. Com menos de cem quilos de peso, por ser construído totalmente em alumínio, é dotado de injeção direta, turbocompressor e tecnologia MultiAir de distribuição variável.
Primeiras impressões
Força interior
Lisboa/Portugal – O novo motor de três cilindros com 999 cc e 120 cavalos é a verdadeira razão de existir desta versão do 500X, e assume-se como um dos melhores da sua categoria em termos de desempenho, pautando-se por um funcionamento suave, equilibrado e silencioso. Com 120 cavalos de potência e um torque máximo de 19,4 kgfm disponível logo às 1.750 rpm, responde sempre de forma pronta e decidida.
Subindo de forma viva e alegre de regime, quando solicitado, até para lá das 6000 rpm, este pequeno tricilíndrico assegura prestações mais do que convincentes para um modelo com estas características. Os consumos são sensíveis à atuação sobre o pedal da direita. Na prática, uma condução mais despreocupada tenderá a aproximar a média dos 11,1 km/l, e numa utilização mais intensiva não será de estranhar valores na casa dos 8,4 km/l.
Dinamicamente, o 500X continua a primar por um elevado conforto em qualquer circunstância e pelo comportamento sempre previsível. A suspensão, sem ser demasiado firme, exibe um ótimo compromisso entre a correta absorção das irregularidades e o controle devido dos movimentos da carroceria. O carro da Fiat é um dos melhores modelos de sua categoria em termos de desempenho, oferecendo um elevado nível de conforto, uma apreciável estabilidade em retas e uma bem-vinda eficácia em curvas. Apesar de precisa, a direção poderia ser um pouco menos “leve”, em especial a velocidades mais elevadas. Com pneus 215/35 e tração apenas dianteira, não é difícil de se antecipar que o fora-de-estrada não é a principal vocação dessa versão.