O Salão de Genebra, com portas abertas ao público de 7 a 17 de março, se notabiliza por duas razões principais: é a mostra que revela as principais tendências da indústria automotiva para a temporada e a que mais investe em supercarros, mais recentemente chamados de hiperesportivos. Como de costume, também, o evento realizado no Palexpo, junto ao Museu do Automóvel, é o palco da apresentação da “Ferrari do Ano”, desta vez, o F8 Tributo. Mas não é apenas o “bólido” de Maranello que faz bonito na Suíça. São muitos carros dos sonhos, todos tornados reais com aço, alumínio, fibra de carbono, couro e tantos outros materiais nobres, passando pelo exemplar único da Bugatti, o La Voiture Noire, com um motor 8.0 W de 16 cilindros quadriturbo de 1,5 mil cavalos. Com preço de R$ 47 milhões – isso mesmo! –, é o veículo sobre rodas mais caro do mundo. Admirar os hiperesportivos de Genebra, pelos menos por breves momentos, torna essas máquinas realidade nos sonhos de cada um.
Ferrari F8 Tributo
Com motor V8 biturbo central, a nova Ferrari F8 Tributo substitui o 488 GTB e o 458 Italia e compartilha muito do estilo geral dos dois modelos. Ao mesmo tempo, adiciona ainda mais potência ao propulsor de oito cilindros. A usina do hiperesportivo da Casa de Maranello tem 720 cavalos de potência a 8 mil rotações por minuto e 78 kgfm de torque disponíveis a 3.250 rpm, associada à transmissão de dupla embreagem e 7 marchas, que envia a força para as rodas traseiras. O F8 Tributo é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 2,9 segundos e chegar aos 340 km/h de velocidade final. Com apenas 1.330 quilos de peso, a nova Ferrari tem 10% de melhorias na aerodinâmica em relação aos seus antecessores, graças a mudanças na carroceria. Na dianteira, tem faróis retangulares e menores e um corredor aerodinâmico. Vincos espalhados pela carroceria direcionam o fluxo de ar para um coeficiente aerodinâmico perfeito. O carro chega ao mercado no próximo ano.
McLaren 720S
A McLaren Special Operations (MSO) expõe no Salão de Genebra o 720S Spider, com o mesmo desempenho de seu “irmão” coupê e uma capota retrátil de uma só peça e apoios envidraçados. Com baixo peso e Controle de Chassi Proativo II, é o supercarro conversível mais completo da McLaren. Devido a sua estrutura de fibra de carbono, o 720S Spider pesa 1.332 quilos, apenas 49 quilos a mais que o modelo “fechado”, vindos especialmente do sistema de remoção da capota. O superconversível tem motor 4.0 V8 com dois turbocompressores com 720 cavalos e 77,5 kgfm de torque, acoplado à transmissão de dupla embreagem e 7 velocidades. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 2,9 segundos, com velocidade final de 325 km/h.
Aston Martin AM-RB 003
A sigla AM-RB une dois ícones da indústria automotiva e de competição. A primeira parte é da Aston Martin, a segunda, da Red Bull, equipe tetracampeã da Fórmula-1 com o alemão Sebastian Vettel, de 2010 a 2013. O projeto das duas marcas de fazer um hiperesportivo de rua e para participar das 24 Horas de Le Mans se materializou em 2016, com o AM-RB 001, criado e desenvolvido pelo inglês Adrian Newey, considerado um gênio da aerodinâmica e projetista dos carros da escuderia da principal categoria do automobilismo. O AM-RB 003 é o aperfeiçoamento do conceito Valkyrie, apresentado em 2018 no Salão de Paris. O novo modelo de Newey ainda não está pronto, mas sabe-se que não utilizará o motor Cosworth V12 de 1.160 cavalos do Valkyrie e sim um V6 turbo em conjunto com um ou mais elétricos. Um híbrido, portanto!
Lamborghini Huracán Evo Spider
Construtora de alguns dos esportivos de alto desempenho mais emocionantes do mundo, a Lamborghini apresenta no Salão de Genebra sua mais recente criação, o Huracán Evo Spider, um hipercarro conversível. “O Huracán Evo Spider incorpora todo o desempenho, controle de veículo de última geração e características aerodinâmicas do cupê Evo, com sua personalidade única e uma emoção de condução que só um carro top pode oferecer. O Spider continua a saga evolutiva do seu irmão: extremamente fácil de dirigir, superesportivo e altamente divertido”, avalia Stefano Domenicali, presidente e CEO da Automobili Lamborghini e responsável pelo comando da equipe Ferrari na Fórmula-1 de 2008 a 2014. O Huracán Evo Spider é equipado com motor 5.2 V10 aspirado de 640 cavalos de potência a 8 mil giros e 61 kgfm de torque a 6.500 rpm. O conversível acelera de zero a 100 km/h em 3,1 segundos e pode chegar à velocidade máxima de 323 km/h.
Pininfarina Battista
Produzido pela Automobili Pininfarina, o Battista “é um hiperesportivo sem culpas”, segundo sua criadora, pois utiliza propulsão 100% elétrica. O “bólido verde” tem autonomia de 450 quilômetros com uma única carga. É capaz de acelerar de zero a 300 km/h em 12 segundos e ultrapassar os 350 km/h. A empresa tem sede na Alemanha, mas mantém as raízes italianas graças ao design dos carros assinados pelo estúdio Pininfarini, que já desenhou verdadeiras lendas para a Ferrari. “Esta é a história automotiva mais autêntica e empolgante imaginável. O Battista é o hipercarro do futuro, inspirado em um passado lendário. A eletrificação abre as portas para um novo nível de desempenho e um futuro de emissões zero. Nosso objetivo é que o Battista seja um futuro ícone clássico, escrevendo sua própria página nos livros de história automotiva”, disse Michael Perschke, diretor-executivo da Automobili Pininfarina. O Battista estará no mercado no próximo ano, com preço de 2 milhões de euros (cerca de R$ 8,5 milhões).
Koenigsegg Jesko
Jesko von Koenigsegg, presença-chave na Koenigsegg Automotive, está agora aposentado, aos 80 anos de idade. No início do Salão de Genebra, na semana passada, o velho dirigente da marca sueca esteve no lançamento do hipercarro que leva seu nome na carroceria. O Jesko é impulsionado por um motor V8 biturbo reprojetado com um novo virabrequim plano de 180 graus, turbinas maiores com injeção de ar e controle de pressão mais eficiente. O motor foi desenhado para alojar uma válvula rotativa na admissão e sensores de pressão individuais para cada cilindro, para monitoramento de precisão em tempo real de todo o conjunto. O V8 produz 1.280 cavalos com gasolina e 1.600 cavalos com o E85 (mistura com 85% de etanol e 15% de combustível fóssil).
Ginetta Akula
A fabricante de carros de competição inglesa Ginetta apresentou no Salão de Genebra o hiperesportivo Akula, um “bólido” com licença para andar nas ruas e estradas, com preço na Inglaterra de 400 mil libras, aproximadamente, R$ 2 milhões. O Akula pesa 1.150 quilos e é equipado com um motor 6.0 V8 de 600 cavalos de potência e 70 kgfm de torque, associado a um câmbio sequencial de 6 velocidades e à tração traseira. Pode chegar à velocidade de 320 km/h. Praticamente toda a estrutura do esportivo é feita em fibra de carbono, mesmo material empregado na construção dos carros da Fórmula-1. “O conceito por trás do Akula era construir algo verdadeiramente individual, que outras marcas não podem fazer devido a restrições corporativas. Ele foi projetado para cortar o ar como um tubarão corta a água”, vibra Lawrence Tomlinson, presidente da Ginetta.
Aston Martin Vaquish Vision
A Aston Martin escolheu o 89º Salão do Automóvel de Genebra para a estreia mundial do deslumbrante Vanquish Vision Concept. O novo modelo de alto desempenho mira seus principais rivais: Ferrari, Lamborghini e McLaren. Em comparação ao Vanquish atual, as mudanças são radicais. O novo Vanquish se posicionará um degrau abaixo do Valkyrie. No design, herdará influências de seus “irmãos maiores”, o próprio Valkyrie e o AM-RB 003. Mostra diversos traços e detalhes que fazem referência direta aos últimos lançamentos da marca britânica. Embora a Aston Martin não tenha divulgado qualquer informação técnica, o Vanquish Vision deverá ter um motor V6 biturbo. “Primeiramente, é um prazer reviver o nome Vanquish. Esse conceito marca outro momento crucial na história da Aston Martin. Nossa primeira produção em série de um supercarro de motor central será um momento transformador para a marca, pois é o modelo que impulsionará a Aston Martin para um setor do mercado tradicionalmente visto como o coração dos carros esportivos de luxo”, afirmou Andy Palmer, presidente da Aston Martin Lagonda e CEO do Grupo.
Bugatti La Voiture Noire
O Bugatti La Voiture Noire, do francês “carro preto”, fez sua estreia pública no Salão de Genebra. Curiosamente, a marca italiana, pertencente ao Grupo Volkswagen desde 1998, já vendeu o hiperesportivo, por o equivalente a R$ 47 milhões, o que o transforma em o carro mais valioso do planeta. “A Bugatti desperta paixão e emoções em todo o mundo. Os clientes esperam que nós os surpreendamos continuamente e aumentemos a trajetória além dos limites de sua imaginação. Acabamos de fazer isso com La Voiture Noire”, revelou Stephan Winkelmann, presidente da Bugatti. Todo feito artesanalmente, o La Voiture Noire tem motor de 16 litros e 16 cilindros, com absurdos 1,5 mil cavalos de potência e 160 kgfm de torque. A Bugatti não divulgou o nome do misterioso comprador do veículo mais caro de todos os tempos, apenas dizendo que “é um entusiasta de esportivos e fascinado pelo Oceano Atlântico”. A montadora não produzirá outra unidade do modelo.
Zenvo TSR-S
A dinamarquesa Zenvo está de volta ao Salão de Genebra com o TSR-S. O modelo está situado entre o TS1 GT e o TSR, com uma versão do motor 5.8 V8 de 1.177 cavalos a 8.500 rotações por minuto. O superesportivo é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 2,8 segundos e pode atingir a velocidade de 325 km/h, limitada eletronicamente. O TSR-S tem um modo de configuração do motor para deixá-lo “mais comportado”, com módicos 700 cavalos. Como trata-se de um carro de competição, o câmbio de 7 velocidades tem engrenagens helicoidais para suportar tanta força nas condições de pista.