Nos Estados Unidos, as versões Midnight dos utilitários Chevrolet já fazem sucesso há alguns anos e se caracterizam pelas carrocerias pretas acompanhadas de acabamentos escurecidos. Em maio do ano passado, chegaram ao Brasil, inicialmente na picape S10. Em outubro, foi a vez do utilitário esportivo Tracker, que é importado do México. Baseado na versão “top” Premier, o Tracker Midnight também radicaliza na tonalidade que há tempos anda em alta entre os fãs da personalização automotiva. A carroceria é sempre preto metálico e os cromados nas maçanetas e no friso da tampa traseira deram lugar a revestimentos negros. Na frente, as grades são pretas e os faróis usam máscaras negras. As rodas aro 18 são pintadas de preto. Até as “gravatas” da logomarca da Chevrolet, ostentadas no centro da grade frontal e na traseira e que são tradicionalmente douradas em todos os modelos da marca, adotam em estilo “black-tie” na série Midnight. Como “assinatura”, apenas um discreto emblema na tampa do porta-malas ressalta a “grife”.
Por dentro, o Tracker Midnight coerentemente manteve o tom “noturno” – afinal, “Midnight” significa meia-noite em inglês. Portas e teto são revestidos em cor preta, assim com os bancos em couro. As tonalidades escuras predominam no painel e detalhes do console central e das molduras do ar-condicionado e do multimídia, em plástico brilhante. Apenas a indefectível “gravatinha” no centro do volante revestido de couro preservou a clássica cor dourada.
Como a base do Tracker Midnight é a versão de topo Premier, o veículo é bem equipado. Controle eletrônico de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, sensor de ponto cego e câmara de ré com alerta de movimentação traseira, ignição por botão, destravamento das portas pela chave presencial, ar-condicionado, Isofix para fixação de cadeirinha infantil, sistema de som com seis alto-falantes e tweeter, retrovisores elétricos rebatíveis eletricamente, computador de bordo com indicador da vida útil do óleo, lanternas em leds, teto solar, controle de velocidade de cruzeiro, regulagem de altura dos faróis e banco do motorista com regulagem lombar elétrica são itens de série. Todavia, airbags laterais e de cortina, alerta de colisão frontal e de aviso de saída de faixa, disponíveis para o Tracker Premier, ficam de fora na versão Midnight. A central multimídia, a mesma da Premier, tem tela sensível ao toque e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay.
A plataforma do Tracker é a GSV – Global Small Vehicles –, a mesma adotada pelo hatch Onix, os sedãs Prisma e Cobalt e a minivan Spin. Em relação ao trem de força, permanece na série especial o único disponível para a linha Tracker – motor 1.4 turbo flex de 153 cavalos de potência e 24,5 kgfm de torque, comandado pela transmissão automática de 6 marchas. O sistema start/stop desliga o motor em paradas rápidas e enquanto o pedal do freio está acionado, para poupar combustível – o Tracker Midnight, assim como o Premier, ganhou nota “D” no selo de eficiência energética do Inmetro em sua categoria e “C” no geral, com média de 7,3/8,2 km/l com etanol na cidade/estrada e 10,6/11,7 km/l com gasolina, nas mesmas condições. O Tracker Midnight é oferecido por R$ 106.290. A Chevrolet não definiu por quanto tempo a versão Midnight ficará disponível na linha Tracker.
Experiência a bordo
Estilo sóbrio e tons sombrios
Se por fora o Tracker Midnight impressiona com seu estilo “noir”, o interior não é tão impactante – lembra bastante as configurações de topo do Onix, do Cobalt ou da Spin. São poucos comandos, bem posicionados e de uso intuitivo, e há bons número de porta-objetos. A cabine é toda revestida em tons escuros, incluindo bancos, volante, portas e painel. Detalhes do console central e molduras do ar-condicionado e do multimídia são em preto brilhante.
O espaço interno é decente, e quatro ocupantes viajam com bastante conforto – um adulto no lugar central do banco traseiro compromete um pouco a qualidade da viagem dos dois passageiros ao lado dele. O teto solar amplia a sensação de espaço no habitáculo. A suspensão absorve com eficiência as imperfeições da pista. Já o porta-malas leva apenas 306 litros e pode ser considerado pequeno para a categoria em que o carro concorre.
O sistema multimídia é compatível com Android Auto e Apple CarPlay, com fácil interação com smartphones. Os botões no retrovisor para ligar à central de atendimento OnStar, que dá acesso a serviços de segurança, “concierge”, emergência e navegação. Pena que itens como airbags laterais e de cortina, alerta de colisão frontal e aviso em caso de saída de faixa, disponíveis na versão Premier, ficaram de fora da Midnight.
Impressões ao dirigir
Força negra
O Tracker Midnight, assim como o Premier e o básico LT, é impulsionado pelo mesmo motor 1,4 litro turbinado que move o médio Cruze, em suas versões hatch e sedã. Com injeção direta, atinge 153 cavalos de potência máxima e entrega 24,5 kgfm de torque máximo já em 2 mil rotações. O “powertrain” pode levar o Tracker Midnight a atingir a velocidade de 198 km/h, com aceleração de zero a 100 km/h em 9,4 segundos. A transmissão automática de 6 velocidades se harmoniza bem com o motor e ajuda a obter o desempenho adequado na hora solicitada, sem vacilações. As arrancadas são satisfatórias e as retomadas de velocidade bastante ágeis, permitindo ultrapassagens seguras.
As trocas manuais da transmissão automática podem ser feitas manualmente a partir de um botão na alavanca – não há “paddles shifts” no volante. Mas não é um comando muito intuitivo e acaba sendo melhor deixar o câmbio no modo automático, pois o conjunto já oferece disposição de sobra em todas as faixas de giro. Em velocidades “civilizadas”, o Tracker se mostra bastante estável. Para quem resolve ir além dessas velocidades, como a suspensão é elevada, a carroceria aderna sutilmente nas curvas. No entanto, o Tracker é um veículo equilibrado e fica até difícil de se ver os controles de tração e estabilidade em ação. Eles estão lá, exatamente para as horas imprevistas, quando são necessários.
Ficha técnica
Chevrolet Tracker Midnight