Desde que foi lançado no Brasil, em agosto de 2013, o C4 Lounge sempre teve o estilo como um de seus destaques. Talvez por isso, a Citroën tenha demorado quase quatro anos e meio para promover um “facelift” em seu sedã médio – a linha 2019 foi apresentada ao mercado nacional em março deste ano. As mudanças foram pontuais, seguiram a estética apresentada no C4 Lounge chinês e ficaram concentradas na parte frontal. O friso duplo da grade, que desenha a logomarca da Citroën, incorporou luzes diurnas em leds e avança na parte superior dos faróis. O conjunto óptico ganhou filete de leds na parte superior, subdivisões com frisos cromados para separar as parábolas de farol alto e baixo e também a luz dianteira de direção. Na traseira, o formato das lanternas de leds permanece o mesmo, mas as seções internas foram redesenhadas. As rodas de liga leve de 17 polegadas também são novas.
Na linha 2019, o sedã médio ganhou um novo painel de instrumentos, totalmente em LCD, com o velocímetro digital e os demais mostradores em barras – conta-giros, marcador de combustível e econômetro. No console central, se destaca uma central multimídia com tela touch de 7 polegadas que espelha celulares por meio da compatibilidade com Apple CarPlay, Android Auto e Mirror Link. Na tela, são projetadas as imagens da câmara de ré, que é item de série em todas as versões, assim como sistema de navegação por satelite (GPS), airbags laterais, apoio de braço central traseiro, ar-condicionado automático bizona, assistência de partida em rampa, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, faróis de neblina dianteiros com iluminação lateral em curvas, computador de bordo, alarme, trio elétrico e controle de estabilidade e tração. Já sensores que acionam os limpadores de para-brisa e os faróis automaticamente, revestimentos em couro e airbags de cortina aparecem apenas na versão Shine, a “top” de linha, que incorpora ainda chave presencial e teto solar.
O motor do C4 Lounge permanece o mesmo em todas as versões e continua a ser um dos destaques do modelo. Trata-se do eficiente 1.6 turbo flex com 165/173 cavalos com gasolina/etanol e 24,5 kgfm de torque. Leva o sedã de zero a 100 km/h em 9,1/9,4 segundos com etanol/gasolina, com máxima de 215 km/h. Segundo o Inmetro, o sedã registrou média de 7,1/9,0 km/l na cidade/estrada com etanol e 10,5/13,2 km/l com gasolina no tanque, nas mesmas condições. Recebeu nota A na categoria e B na geral.
Apesar de discretas, as mudanças da linha 2019 embalaram os números de vendas do C4 Lounge. Esse ano, o sedã da Citroën emplacou uma média de 284 unidades por mês – em 2017, eram apenas 217 exemplares mensais. A evolução de 30% na média mensal de vendas não bastou para colocar o modelo na briga pela liderança do segmento de sedãs médios. No ranking, o Toyota Corolla aparece em primeiro, com 4.900 unidades vendidas por mês, seguido de longe por Honda Civic, com 2.180 unidades mensais em média, e por Chevrolet Cruze, com 1.650 unidades emplacadas a cada mês. Mas a evolução nas vendas obtida este ano posicionou o sedã da Citroën em outra disputa, a do “segundo pelotão” dos sedãs médios mais vendidos, que emplacam na faixa entre 250 e 400 unidades mensais. Nesse grupo, o C4 Lounge disputa posição com modelos como Ford Focus e Fusion, Nissan Sentra e Volkswagen Jetta. Já na “briga interna” da PSA Peugeot Citroën, o C4 Lounge está folgado – o “co-irmão” Peugeot 408, que utiliza a mesma plataforma, emplacou apenas 66 unidades mensais esse ano.
Experiência a bordo
Ambiente de respeito
Entrar e sair do C4 Lounge é fácil, já que as portas são amplas e oferecem acesso tranquilo. O espaço interno é condizente com o segmento de sedãs médios. O teto solar, apesar de não ser dos maiores, amplia a sensação de espaço. Os bancos recebem confortavelmente motorista e passageiros. Em movimento, é fácil notar que a suspensão consegue absorver com competência as imperfeições do piso. O visual a bordo é elegante e tradicional, com ótimo acabamento. Predominam revestimentos suaves e agradáveis ao toque, que transmitem percepção de qualidade. Um padrão que se aproxima dos sedãs das marcas de luxo.
O novo painel de instrumentos em LCD, com velocímetro digital, é vistoso e graficamente bem concebido. A central multimídia tem tela touch de 7 polegadas e oferece conexão com smartphones via Bluetooth ou com cabo, por meio dos aplicativos Apple CarPlay, Android Auto ou Mirror Link. Nessa mesma tela, as imagens da câmara de ré surgem para ajudar a estacionar. A lista de itens de segurança e entretenimento é generosa, mas não inclui “modernidades” semi-autônomas que andam tão em alta na indústria automotiva e já estão disponíveis nas configurações “top” de sedãs concorrentes, como alerta de impacto frontal ou assistente de estacionamento automático. O porta-malas leva 450 litros – volume comum no segmento.
Impressões ao dirigir
Performance turbinada
O segmento dos sedãs médios concentra modelos focados no conforto e que buscam atingir os consumidores mais conservadores do mercado automotivo. Embora não abra mão do conforto e do aspecto respeitável, no caso do C4 Lounge, o “powertrain” é uma atração à parte. O 1.6 THP flex de 173 cavalos não dá sinal de perder o fôlego em qualquer faixa de giro. O elevado torque máximo de 24,5 kgfm está disponível já a partir dos 1.400 giros e vai até os 4 mil giros. Esses números se revertem em uma ampla oferta de arrancadas consistentes, que garantem ultrapassagens seguras. A sensação de força é constante e é reforçada pela eficiente transmissão automática de 6 marchas, que faz um gerenciamento inteligente do vigor do motor.
Nas estradas, o C4 Lounge se revela bastante estável em altas velocidades, tanto nas retas quanto em trechos sinuosos. As rolagens de carroceria existem, mas são discretas. A Citroën têm uma longa tradição em suspensões, e o sedã honra o indefectível “double chevron” que ostenta na grade. Absorve com eficiência as lamentavelmente constantes irregularidades das pistas e “segura” bem o sedã nas curvas rápidas. Eventuais excessos são devidamente corrigidos pelo controle eletrônico de estabilidade. O bom isolamento acústico reforça a sensação de consistência oferecida pelo conjunto, mesmo em velocidades altas. É daqueles carros nos quais o motorista sempre se surpreende ao olhar o velocímetro – a velocidade revelada pelo instrumento normalmente supera a sensação transmitida ao motorista.