Os tempos em que os carros elétricos ficavam confinados a um canto das mostras internacionais de automóveis pertencem ao passado. Hoje, os modelos que se pode abastecer em uma tomada estão ganhando “status” de estrelas, ao lado dos superesportivos e das “avant premières”. No Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, que se encerra no próximo dia 18, a história não é diferente, embora os elétricos ainda tenham um árduo caminho para trilhar por aqui devido principalmente ao seu alto preço, uma incongruência em um país fartamente dotado de hidrelétricas. Mas os 100% “verdes” chegaram para ficar. Afinal, até categoria automobilística eles já têm, com o Mundial de Fórmula-E. Na Inglaterra, por exemplo, os veículos movidos com motor a combustão têm um prazo de validade definido para serem produzidos: 2030, logo ali adiante!
Sem contar os carros-conceito apresentados, o Salão de São Paulo está marcando a primeira grande arrancada para o mercado nacional de automóveis elétricos. A BMW é pioneira na comercialização regular do segmento no Brasil, com o i3, oferecido aqui com o salgado preço de R$ 170 mil. No entanto, o modelo alemão terá agora companhia a partir de anúncios feitos de forma oficial no evento paulistano, vindos dos estandes da Renault, com o pequeno Zoe, da Nissan, com a nova geração do Leaf – o 100% elétrico mais vendido no mundo –, e da Chevrolet, com o Bolt. Antes mesmo de chegar ao mercado, o “trio elétrico” já arrumou um novo concorrente. Apesar de ter ficado de fora dessa edição do Salão de São Paulo, a JAC Motors anunciou, durante o lançamento do T50, que trará da China em 2019 o E40, um SUV com motor elétrico de 115 cavalos e 220 quilômetros de autonomia, por R$ 129.990.
Sem confirmar a chegada de modelos ao nosso mercado, outras fabricantes mostraram esse tipo de veículo durante o Salão de São Paulo, para avaliar a receptividade do público. A Audi coloca o e-Tron – apresentado pouco antes do Salão de Paris, em setembro – como destaque em seu estande. O modelo é um SUV totalmente elétrico e já está sendo vendido na Europa. A Kia Motors também embarca na onda verde e expõe o Soul EV, assim como a Caoa Chery apresenta para apreciação dos visitantes o eTiggo 2 e o eQ.
Durante o Salão de São Paulo, o Zoe, o Leaf e o Bolt estão disponíveis para test-drive, com pistas montadas na área externa do SP Expo, localizado às margens da Rodovia dos Imigrantes, que leva ao Litoral paulista.
O “trio elétrico” do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo
Renault Zoe
Já vendido na Europa, o Zoe será comercializado no Brasil por R$ 149.990. Seu motor elétrico produz 110 cavalos de potência e 22,9 kgfm de torque. A autonomia é de 300 quilômetros. O carro é pesado devido às baterias: são 1.575 quilos. Tem um comprimento de 4,08 metros e 2,58 metros de entre-eixos, dimensões similares às do Fiat Argo. O Zoe conta com unidades circulando pelo país, restritas a frotistas. Com o anúncio feito no Salão de São Paulo, a Renault coloca o modelo em pré-venda para o consumidor comum. No início, poucas concessionárias da marca francesa darão assistência ao modelo, mas a fabricante planeja que toda a rede ofereça o Zoe regularmente no primeiro semestre de 2019.
Nissan Leaf
A segunda geração do elétrico mais vendido do planeta será comercializado no país a R$ 178.400. O novo Leaf tem motor de 150 cavalos e 32,6 kgfm de torque, com autonomia de 240 quilômetros. O carro japonês se destaca pela alta tecnologia embarcada, por ser completo, pelo painel inteiramente digital e pela conectividade total. Tem 4,49 metros de comprimento e 2,70 metros de entre-eixos, dimensões parecidas com as do Ford Focus. Em termos de segurança, o Leaf conta com vários sensores, como de alerta de ponto cego e de mudança de faixa e assistente inteligente de frenagem. Na América Latina, a Argentina será a primeira a receber o elétrico, indo depois para os mercados do Chile, da Colômbia, da Costa Rica, do Equador, de Porto Rico e do Uruguai, além do brasileiro. Lançado em 2010, o Leaf já teve 300 mil unidades vendidas. A segunda geração tem aperfeiçoamentos em todos os quesitos, incluindo na recarga. Em uma tomada de alta corrente, bastam 60 minutos para “encher” as baterias. Em uma tomada comum, de 120V, o tempo cresce para 16 horas.
Chevrolet Bolt
Entre os três modelos apresentados no Salão de São Paulo para entrar no mercado brasileiro, o Bolt é o mais potente, com 203 cavalos e 36,7 kgfm de torque, com autonomia de até 400 quilômetros. O elétrico da Chevrolet terá preço de R$ 175 mil para os brasileiros. Com 1.625 quilos de peso, o Bolt tem 4,16 metros de comprimento e 2,60 metros de entre-eixos. Parecido com o Honda Fit, o modelo norte-americano pode ser classificado como um monovolume. O sistema de baterias de lítio tem capacidade máxima de 60 kWh e é composto por 288 células divididas em três conjuntos, todos dispostos abaixo do assoalho da cabine. Conforme a Chevrolet, são necessárias 9 horas para a recarga total das baterias em uma tomada convencional de 220V. O Bolt foi apresentado em 2017 nos Estados Unidos.