A Spin foi apresentada no Brasil em 2012 com a missão de substituir não um, mas dois modelos de uma só vez. Com o surgimento da nova minivan, as veteranas Zafira e Meriva, defasadas pelo tempo e por concorrentes bem mais tecnológicos, deixaram o portfólio da General Motors do Brasil sem deixar saudades. Seis anos depois, a Spin acaba de passar, em julho, por uma grande reformulação estética. E coube à versão Activ7 a missão de aproximar o modelo produzido em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, do segmento de veículos que mais cresce no mundo – o dos utilitários esportivos. A variante com estética aventureira, que já existia no modelo anterior, agora pode levar até 7 passageiros. Oferecida por R$ 83.490, a versão Activ7 foi a que melhor aproveitou as evoluções estilísticas de toda a linha.
Isso porque, embora continue a ser classificada como minivan, a nova Spin se inspirou claramente no visual dos SUVs da Chevrolet, especialmente o Tracker e o Equinox. Na frente, as linhas são mais anguladas, com faróis mais “rasgados” e fluidos, além das luzes de circulação diurna em leds. O capô é mais inclinado e a grade segue a mais recente identidade visual da marca. Na primeira versão, todos os detalhes de acabamento da carroceria e a própria silhueta davam a impressão que eram interrompidos como estágios estanques, um não “interagindo” com o outro. Apesar de ter o mesmo desenho, o vidro traseiro teve sua área aumentada, ocupando a carroceria de ponta a ponta, abaixo do aerofólio integrado – peça existente em todas as versões. As lanternas invadem a tampa do porta-malas, como ocorre no Cobalt. Na nova Spin Activ7, que ostenta saias de rodas, portas e para-choque traseiro com apliques pretos que a aproximam dos crossovers, as evoluções de estilo parecem mais harmônicas em comparação às outras versões.
A configuração “top” foi a que recebeu mais itens inéditos. O grande destaque está apresentado na terminação do nome da versão Activ7. O “7” representa a capacidade de pessoas, ampliada para sete na versão aventureira – a anterior, chamada apenas de Activ, só levava 5 pessoas. A Spin Activ7 tem a segunda fileira de bancos corrediça, montada sobre trilhos. Pode ser movimentada 5 centímetros para frente e 6 centímetros para trás, conforme necessidade dos usuários. Dessa forma, com a segunda fileira de bancos posicionada mais à frente, o terceiro banco para dois passageiros pode ser totalmente “rebatido” para ficar junto ao encosto do segundo assento. Assim, é possível liberar um generoso espaço para a carga de mais de 700 litros.
Outra mudança na versão Activ7 é estética e funcional. O estepe, antes afixado na tampa do porta-malas, agora é do tipo temporário e foi deslocado para baixo do assoalho, sob o novo banco extra. O modelo abdicou de uma característica clássica das versões aventureiras, mas a mudança permitiu que a Activ agora tenha a configuração de sete lugares – sem o estepe pendurado na tampa traseira, não é mais necessário resguardar a área de intrusão no caso de uma colisão, o que permite a instalação da terceira fila de bancos. A versão Activ7 é equipada com um bonito e prático rack sobre toda a capota e em forma de “U”, sempre pintado em preto, seja qual for a cor da carroceria. A peça pode ganhar longarinas horizontais para acomodar objetos mais volumosos, como bicicletas e pranchas de surfe, com mais segurança. Sob o capô, todas as versões da Spin são equipadas com o mesmo motor 1.8 Eco bicombustível, agora recalibrado, de 111 cavalos de potência abastecido com etanol e 17,7 kgfm de torque.
Em termos de conectividade, a Chevrolet continua apostando em seus trunfos habituais. A nova Spin conta com a multimídia MyLink2 compatível com Android Auto e Apple CarPlay. E o sistema de telemática avançada OnStar, presente em toda a linha Chevrolet, agora é capaz de também alertar o motorista para o eventual esquecimento de pessoas ou objetos nos bancos traseiros do veículo, função herdada do SUV de luxo Equinox. Como é uma rara opção de modelo de sete lugares com preço abaixo de R$ 100 mil, a Spin – embalada pela versão Active7, a escolhida para aparecer na publicidade do modelo – continua vendendo bem. Nos sete primeiros meses do ano, foram 11.367 unidades vendidas – média de 1.624 mensais. Em agosto e setembro, os dois primeiros meses “cheios” do modelo 2019 nas concessionárias, foram vendidas 3.796 unidades, ou 1.898 emplacamentos mensais. Um animador aumento de quase 17%.
Experiência a bordo
Evolução generalizada
Os acertos da repaginação promovidos na parte externa da nova Spin Activ7 se estenderam para seu interior. Se por fora a preocupação dos engenheiros da Chevrolet se debruçou na estética, a cabine da minivan tem materiais de acabamento mais sofisticados, com menos plásticos duros. Na complicada equação de se colocar mais uma fileira de bancos sem mexer no conforto nem no entre-eixos, algumas medidas sem dúvidas inteligentes tiveram de ser seguidas, como a diminuição da espessura dos encostos dos assentos da frente e o trilho por onde “corre” a última fileira, até 6 centímetros para trás, a fim de acomodar melhor as pernas dos passageiros. Como essa terceira fileira de bancos não é um acessório, e sim parte integrante do carro, o conforto e a segurança são aprofundados com cintos de três pontos e encostos de cabeça nos dois lugares. Na nova linha, foram colocados pontos de ancoragem para cadeirinhas infantis do tipo Isofix e Top Tether.
Com uma posição de dirigir mais alta do banco do motorista – em comparação a dos hatches e sedãs –, o acesso à Spin é facilitado. A ergonomia é das melhores entre os veículos produzidos atualmente no Brasil, além da beleza dos componentes internos. O design dos painéis e do console tem mais refinamento em relação à versão antiga da minivan, combinando texturas e cores nos revestimentos dos assentos e na empunhadura do volante com costura pespontada na cor da carroceria. No caso do carro do test-drive desta reportagem, o Amarelo Stone da carroceria estava nas costuras internas.
A Activ7, como toda a linha Spin, tem mais mostradores no painel principal e um novo computador de bordo, com todas as informações de desempenho e consumo do veículo. O quadro de instrumentos lembra o utilizado pelo Tracker. Outros detalhes que chamam a atenção são o remanejamento e a atualização das saídas do ar-condicionado, do porta-luvas e da moldura da central multimídia MyLink. Comandos dos vidros, das travas e dos retrovisores externos elétricos também foram redesenhados. Os seis passageiros contam com porta-copos, o que é um ponto positivo para um carro familiar. O passageiro do lugar central da segunda fileira ganhou apoio de cabeça e cinto de três pontos. Falta um apoia-braço para o motorista, algo que seria esperável em uma versão topo de linha.
Impressões ao dirigir
Desempenho à altura
Porto Alegre/RS – É na hora de dirigir que o motorista sente todo o avanço feito por fora e por dentro na nova geração da Spin. O motor é o mesmo da versão anterior – o veterano 1.8 flex, de quatro cilindros, 8V e injeção eletrônica multiponto –, porém, foi recalibrado para tornar a minivan mais forte nas reacelerações e mais econômica. A Activ7 desenvolve 111 cavalos de potência e 17,7 kgfm de 2.600 a 2.800 rpm com etanol no tanque, em trabalho com a transmissão automática de 6 velocidades, reescalonada para conferir mais torque conforme as marchas sobem. O nível de ruído do motor na cabine é aceitável nas marchas de força e silencioso em velocidade de cruzeiro, transmitindo conforto para todos os ocupantes.
No câmbio, uma surpresa bem agradável: os técnicos da Chevrolet mexeram no escalonamento e na relação de marchas, tornando as trocas quase imperceptíveis, com ganho de um desempenho mais dinâmico, que pode ficar mais realçado se o motorista assumir as mudanças em um botão localizado junto à manopla. Bem que a Chevrolet poderia ter equipado a minivan com “paddle shifts” atrás do volante, para facilitar as trocas de marchas sequencias. Elas podem ser feitas apenas no botão na manopla, algo nada intuitivo.
Embora não conte com controles eletrônicos de estabilidade e tração – desejáveis para um modelo nessa faixa de preços e com proposta familiar –, a Spin Activ7 é estável, mesmo em faixas desniveladas da estrada e em curvas mais fechadas com o motorista abusando do acelerador acima da conta. A suspensão é ligeiramente elevada e mais robusta que nas outras versões da Spin. Com baixa rolagem da carroceria, a minivan da Chevrolet não prega sustos. E isso é uma condição muito importante em se tratando de um veículo com forte vocação para servir a família. A Spin Activ7 acelera de zero a 100 km/h em 11,3 segundos e pode chegar à velocidade de 168 km/h abastecida com etanol. Um pouco mais, só se o motorista desligar o ar-condicionado e “passar” as marchas manualmente no tal botão da alavanca de câmbio.
Em termos de consumo, a Spin registra números de 10,3 km/l (gasolina) e de 7 km/l (etanol) na cidade e de 12 km/l (G) e de 8,3 km/l (E) na estrada, de acordo com dados do Inmetro. Duas coisas ajudam a minivan da Chevrolet ser razoavelmente econômica: a sexta marcha e a grade ativa do radiador, uma tecnologia exclusiva da marca norte-americana no segmento. O sistema se abre e fecha automaticamente conforme a velocidade do carro e, consequentemente, a necessidade de refrigeração do motor. Quando as aletas da grade estão fechadas, a redução do arrasto do ar aumenta a aerodinâmica e a eficiência energética. Ainda no aspecto de economia, um sistema tipo Start/Stop – que inativa o motor quando o carro para no trânsito urbano e reativa quando o motorista tira o pé do freio – também seria bem-vindo em um modelo nesta faixa de preço.