Nem o fato de a Copa do Mundo da Fifa ocupar metade de junho atrapalhou. Apesar de o brasileiro ficar mais de olho na televisão do que nas concessionárias durante os jogos do Mundial, o sexto mês do ano manteve o ritmo de vendas de automóveis dos meses anteriores e colaborou para um primeiro semestre de aceleração para a indústria automotiva brasileira. Conforme os resultados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os dois principais segmentos, o de carros e comerciais leves – que compõem 90% do mercado automotivo – tiveram 195 mil emplacamentos em junho, uma alta de 3,2% em relação ao mesmo mês de 2017. No acumulado do primeiro semestre, os dois segmentos acumularam 1,127 unidades vendidas, representando crescimento de 13,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os números representam uma redenção para as fabricantes e revendas, que amargaram uma sequência de quatro anos com reduções nos emplacamentos.
Após o “boom” do mercado brasileiro ocorrido do final de 2008 a 2012, quando o país chegou a ocupar a quarta posição no ranking de vendas global, e a descida ladeira abaixo depois de 2013, devido à crise econômica e política, o mercado nacional de automóveis começou a colocar o nariz fora d’água em 2017, quando pelo menos parou de cair. Agora, se consolida rumo a uma aparente “velocidade de cruzeiro”. Tanto que a Fenabrave já recalculou suas projeções para o ano. Segundo a entidade representante das concessionárias no país, 2018 deve fechar com alta de 9,9%.
Nestes seis primeiros meses do ano, alguns automóveis consolidaram sua posição no panorama automotivo brasileiro. Líder de vendas há três anos consecutivos, o Chevrolet Onix se mantém no alto da lista de emplacamentos, assim como o Hyunday HB20 (segundo mais vendido), o Ford Ka (terceiro mais vendido) e o Toyota Corolla (nono mais vendido). Alguns caíram das primeiras posições, como o Sandero, que perdeu a condição de carro mais vendido da Renault no país para o jovem Kwid. Outros modelos avançaram ou ressurgiram – caso quase específico do Volkswagen Gol, líder do ranking por 27 anos a partir dos anos 1980 que, após um breve período de ocaso, retomou um honroso quinto lugar. Já o Jeep Compass se firma na décima posição entre os mais vendidos e se destaca como o modelo que mais cresceu no emergente segmento dos SUVs.
“Top Ten” dos automóveis mais vendidos no Brasil no primeiro semestre
- Chevrolet Onix (89.620 unidades vendidas) – hatch compacto produzido no Complexo de Gravataí (RS) da General Motors, o Onix foi apresentado no Salão de São Paulo de 2012, para substituir o Corsa e o Celta. Feito sobre a plataforma Gamma II, o modelo lidera as vendas no Brasil há três anos.
- Hyundai HB20 (50.419 unidades vendidas) – produzido em Piracicaba (SP), o HB20 é o primeiro modelo “popular” da fabricante sul-coreana feito no Brasil, lançado em 2012. Base para os “irmãos” HB20S (sedã) e HB20X (aventureiro), o carro da Hyundai veio para concorrer, na época, com Gol, Palio, Fiesta, 207, Sandero, Etios e o recém-chegado Onix. Tornou-se um sucesso instantâneo desde o lançamento.
- Ford Ka (48.262 unidades vendidas) – feito primeiramente em São Bernardo do Campo (SP) e atualmente no Complexo de Camaçari (BA), o subcompacto da Ford teve três gerações bem diferentes. A terceira segue as linhas globais dos compactos da fabricante, com a grade inspirada nos modelos Aston Martin, como também são as do Fiesta e do Fusion.
- Volkswagen Polo (34.138 unidades vendidas) – fabricado simultaneamente na Alemanha e no Brasil desde 2002, o Polo foi totalmente renovado no ano passado. A geração atual foi apresentada poucos meses depois de ser mostrada na Europa, e traz as mesmas especificações de lá, embora tenha detalhes visuais específicos para o Brasil.
- Volkswagen Gol (32.512 unidades vendidas) – líder do mercado brasileiro por quase três décadas, quase a partir de seu lançamento, em 1980. Depois de um período de declínio nas vendas, o compacto da VW passou por um facelift completo no ano passado e voltou a figurar entre os mais vendidos.
Fiat Strada (32.505 unidades vendidas) – picape compacta originada do Palio, é produzida desde 1998 e tem um dos maiores números de versões entre os veículos feitos no país. Oferece configurações nas cabines simples, estendida e dupla.
- Chevrolet Prisma (32.015 unidades vendidas) – tem duas histórias diferentes. Primeiramente, foi a versão sedã do Celta, ambos produzidos em Gravataí (RS), Em 2013, passou a ser a configuração três volumes do recentemente lançado Onix. Atualmente, compõe com o Onix a única família a ter presença completa no “Top Ten” dos mais vendidos.
- Renault Kwid (29.678 unidades vendidas) – subcompacto fabricado em São José dos Pinhais (PR), o pequeno da Renault veio para encarar o Up e o Mobi. O Kwid é vendido em três versões, sendo a Life o carro mais barato do Brasil. Emplacou boas vendas desde o seu lançamento, em agosto do ano passado.
- Toyota Corolla (28.554 unidades vendidas) – carro mais vendido do planeta em 2017, assim como em vários anos anteriores, o sedã da Toyota foi lançado em 1966. Produzido no Brasil a partir de 1998, em Indaiatuba (SP), já na sua oitava geração, é uma assídua presença no ranking nacional dos mais vendidos.
- Jeep Compass (28.194 unidades vendidas) – utilitário esportivo produzido em Goiana (PE) pelo grupo FCA – Fiat Chrysler Automobiles – desde 2016, na mesma plataforma do compacto Renegade, o Compass brasileiro trouxe a segunda geração do modelo. No ano passado tirou o Honda HR-V da liderança do concorrido segmento de SUVs.