Yamaha XTZ 150 Crosser Z

A imensa maioria das pessoas tem apenas uma moto para rodar na tanto cidade quanto para viajar e até aventurar-se por trilhas. As fábricas perceberam a necessidade que o mercado demandava por motos versáteis. Surgiram então primeiro a Yamaha DT 180 (1981), depois a Honda XL 250R (1982), ambas nacionais e que deram grande impulso à prática do trail e aos esportes off-road. Três décadas após, a Yamaha XTZ 150 Crosser Z se juntou a outras com as mesmas características de versatilidade de uso – Honda Bros e XRE 190 – e aumentou a gama de opções para quem quer uma moto para tudo. Na busca por acentuar a vocação off-road do modelo, a Z recebeu alguns (poucos) elementos que a diferem da irmã S.

Yamaha XTZ 150 Crosser Z

Não foram tantas mudanças assim. Basicamente, além do para-lama posicionado no alto, foram adotados uma carenagem no farol e um protetor plástico na suspensão dianteira. A Z pode ser vista nas lojas nas cores Dakar Areia e Competition Blue. Apesar das mudanças sutis, o novo design está mais adequado à proposta do modelo.

Yamaha XTZ 150 Crosser Z

O painel de instrumentos é moderno e funcional: dispõe de conta-giros analógico, velocímetro digital, indicador de marchas e de condução econômica. O conjunto ótico poderia ser melhor, mas cumpre sua função de iluminar o caminho à frente e despertar os motoristas para a sua presença, o que também se deve ao lampejador de farol.

Yamaha XTZ 150 Crosser Z

O propulsor foi herdado de sua irmã street, a Fazer 150. É um SOHC (Single Overhead Camshaft, comando simples de válvulas no cabeçote), com duas válvulas, refrigerado a ar, com 149,3 cc, que gera 12,2 cavalos na gasolina e 12,4 cavalos no etanol, ambos a 7.500 rpm, e torque de 1,28 kgf.m na gasolina e 1,29 kgf.m no etanol, os dois a 6.000 rpm.

Impressões ao pilotar

Qualquer caminho é caminho

Uma moto com este perfil precisa estar preparada para qualquer tranco, seja no asfalto esburacado e calejado de grandes cidades a trechos com areia e lama. Por isso, o teste da Yamaha XTZ 150 Crosser Z percorreu cerca de 800 quilômetros nas mais diversas situações, passando pelo trânsito pesado e por estradas, rodando com e sem garupa. E, claro, muitos quilômetros na terra.

Algumas características da moto acabam resultando em ganho de conforto e ciclística. O banco poderia ser até mais macio, mas é grande e espaçoso, desenhado em dois níveis, com bagageiro e alças que melhoram a vida do garupa. As pernas não ficam tão flexionadas, contribuindo também para uma tocada mais confortável.

Outro ganho está na possibilidade de alterar a posição do guidão de acordo com o gosto pessoal, gerando melhor ergonomia. A posição de pilotagem da Crosser é confortável e ao mesmo tempo deixa o piloto em total controle da moto. O grande ângulo de esterço facilita as manobras entre os carros, o guidão até que é um tanto quanto largo, mas isso não atrapalha nem no trânsito mais pesado.

O motor se mostra bem equilibrado e se encaixa na proposta do modelo, com destaque às retomadas e ao torque. Sua limitação fica para o uso nas rodovias, como era de se esperar. Mesmo assim, o motor de 149,3 cc não fez feio. A velocidade máxima aferida no velocímetro foi de 136 km/h (equivalendo a 122 km/h no GPS) a 8.500 rpm, limite do propulsor, onde se inicia a faixa vermelha do conta-giros. Com aproximadamente 12,3 cavalos a moto trabalha bem com o câmbio. No uso rodoviário (ainda mais com garupa) sente-se falta de um pouco mais de potência. Acima de 6.300 rpm, a vibração que o motor transmite começa a intensificar-se, fazendo-se sentir principalmente no guidão. A velocidade de cruzeiro da Crosser está na casa dos 100 km/h, porém, nas subidas ou quando se tem garupa, a perda de potência é sentida de forma mais sensível.

O conjunto trabalha com um câmbio bem escalonado e leve, assim como a embreagem. As marchas são engatadas de forma intuitiva, com naturalidade e sem buracos –o indicador de marchas ainda vem para facilitar essa troca. Com essas características, o consumo da Crosser Z ficou na média de 32 km/l, quando abastecida com gasolina, e de 28 km/l com etanol. As médias foram tiradas mesclando o uso urbano, com o rodoviário e estradas de terra. Logo, com um tanque de 12 litros, é possível projetar uma autonomia de cerca de 380 quilômetros com gasolina e 330 com etanol.

As motos da Yamaha são conhecidas por terem uma ciclística bem acertada. Com a Crosser Z não é diferente. As rodas de 19 polegadas na dianteira e 17 na traseira, aliadas ao baixo peso da moto (131 quilos em ordem de marcha), distância entre-eixos pequena (1.350 milímetros) e ângulo de rake são responsáveis por essa boa característica, o que torna a moto muito fácil de se conduzir. Nas curvas no asfalto, em meio aos carros ou desviando de obstáculos no off-road, a moto está sempre na mão.

A suspensão dianteira é equipada com garfo telescópico de 180 milímetros de curso, enquanto a traseira é do tipo Monocross, com 160 milímetros de curso e dotada de link. O sistema de freios segue a mesma receita da irmã S, com disco na dianteira e tambor na traseira. Entretanto, o freio dianteiro transmitiu uma sensação de “borrachudo”.

Nas trilhas e estradas de terra, a moto encarou morros escorregadios com limo, pedras, estradas de terra, buracos, lama e muito mais. As suspensões são bem calibradas para aguentar a buraqueira, transmitindo o mínimo de impacto para o piloto. Já a posição de pilotagem é natural para encarar a terra, com os braços naturalmente semi-arqueados em posição de ataque, e a posição das pedaleiras em conjunto com o guidão facilita a pilotagem em pé. Percorreu muito bem as trilhas, garantindo tração e segurança em todos os terrenos, inclusive em percursos mais técnicos e difíceis. A altura em relação ao solo não permite andar em trilhas muito travadas e com cavas altas, porém, é mais que suficiente para estradas de chão. A Crosser foi pensada para ser uma motocicleta de uso misto, mas capaz de aguentar o tranco em situações mais extremas.

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