O mundo de hoje, em especial nos grandes centros urbanos, se tornou um cenário propício aos utilitários esportivos. O trânsito caótico, o risco de assaltos e a sensação de ser apenas um em meio à multidão fazem parte da “bagagem de dores” que afligem os consumidores de automóveis ao redor do planeta. E os SUVs surgem como a redenção do “pacato cidadão” ao prometerem aos seus proprietários uma maior sensação de segurança, de poder e de “status”. A posição elevada dos passageiros e o aspecto robusto desse tipo de veículo parecem ser suficientes para ampliar a percepção de proteção dos seus ocupantes contra os perigos do mundo exterior.
Antigas restrições para que esse tipo de veículo ganhasse popularidade, tais como o alto consumo e a dificuldade de estacionar, além do aspecto e acabamento muito rústicos, foram gradualmente derrubadas. De uma década para cá, os utilitários ficaram bonitos e ganharam conforto e dirigibilidade compatíveis aos dos sedãs. A barreira da dificuldade de estacionar sucumbiu aos sensores e às câmeras – para não falar nos mais sofisticados, que até estacionam sozinhos. A objeção do consumo também vem sendo superada, pois com os modernos motores turbo e híbridos, alguns SUVs são mais econômicos que muitos sedãs e hatchbacks.
Com os utilitários esportivos ganhando cada vez mais adeptos, a indústria automotiva, que não é boba, trabalha para garantir que não faltem novidades no segmento nos próximos anos. Até mesmo marcas de alto luxo e de superesportivos sucumbiram ao charme aventureiro dos utilitários esportivos, como comprovam os extravagantes Rolls-Royce Cullinan e o Lamborghini Urus, feitos sob medida para ricaços que apreciam o estilo bruto dos jipões. No Brasil, entre reestilizações, novas gerações e modelos inéditos, serão centenas de novidades previstas no segmento para o período entre o segundo semestre de 2018 e o início da próxima década. Assim como no resto do mundo, os cada vez mais onipresentes SUVs se tornarão a principal referência de automóvel nas paisagens brasileiras – algo parecido com o que representam os Fuscas nas velhas fotos dos anos 1970. Os sedãs e hatches, que já dominaram os engarrafamentos mundo afora, correm o risco de se tornarem cada vez mais raros, nas lojas e nas ruas. Como aconteceu com as station-wagons, que praticamente foram extintas das concessionárias e são difíceis de encontrar no trânsito de hoje.
O que vem por aí
Não é força de expressão. Literalmente todas as marcas prometem novos utilitários esportivos para o mercado nacional durante os próximos anos. Dos mais diversos tamanhos e categorias, não seria exagero dizer que em pouco tempo existirão SUVs para todos os gostos e bolsos. Confira algumas das novidades que devem estrear no Brasil até 2022.
Audi Q8 – O modelo acaba de ser apresentado mundialmente e inaugura uma nova identidade da marca das quatro argolas, com um visual ainda mais encorpado e tecnológico, caracterizado pela imponente grade com desenho octogonal, ladeado por duas grandes entradas de ar e os faróis de leds. Tem conforto e tecnologia de sobra, com destaque para o display head-up que projeta informações importantes no para-brisa e o navegador com comando por voz. O sistema de propulsão emprega tecnologia híbrida e a tração é integral. O Audi Q8 deverá estar no estande da marca no próximo Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em novembro, e as vendas estão previstas para o início de 2019. O compacto Q2, rival do BMW X2 e do Mercedes-Benz GLA, também estaria nos planos da marca.
Citroën C4 Cactus – O próximo lançamento da Citroën no Brasil é caracterizado pelas linhas robustas e futuristas, com conjunto óptico dianteiro dividido em dois níveis, teto em estilo “flutuante” e rodas diamantadas de 17 polegadas calçadas com pneus de uso misto, além dos protetivos “Airbump” (borrachões cheios de ar), característica estilística do modelo. O novo Citroën C4 Cactus será produzido na fabrica de Porto Real (RJ) e deverá vir equipado com o motor 1.6 THP turbo flex e câmbio automático de seis marchas. Outra novidade do Grupo PSA, esperada para breve, é a reestilização do 2008, que terá desenho inspirado nos irmãos maiores 3008 e 5008, além de também receber opção de câmbio automático acoplado ao motor 1.6 THP.
Jeep Wrangler – A nova geração do Wrangler mantém visual inspirado no clássico Willys da década de 1940. A possibilidade de retirar teto e portas, assim como rebater o para-brisa sobre o capô, também foi mantida na nova geração. O interior ficou mais refinado no acabamento e na tecnologia embarcada. As opções de motores incluem o 3.6 V6 Pentastar de 289 cavalos e um 2.0 turbo de 271 cavalos. As vendas no Brasil estão previstas para 2019. Mas as novidades não param por aí, pois antes mesmo da chegada do Wrangler, a Jeep apresentará as reestilizações do Renegade – que será leve e focada nos faróis, grade e para-choques, além do interior mais refinado – e do Cherokee, que no segundo semestre desse ano chega ao Brasil com uma frente mais convencional, parecida com a do Compass.
Volkswagen Tarek/Tharu – Para rivalizar com o Jeep Compass, a Volkswagen prepara um novo SUV médio baseado na plataforma MQB, a mesma do Golf, e equipado com motor 1.4 TSI. Chamado de Tharu na Ásia, deverá ser rebatizado como Tarek no mercado sul-americano. Com produção prevista para 2020 na Argentina, vai ocupar a lacuna entre o recém-lançado Tiguan AllSpace e o T-Cross, derivado do Polo e que também será apresentado entre o final de 2018 e início de 2019. A Volkswagen também estuda importar o grandalhão Atlas, com capacidade para até 7 passageiros.
Renault Kadjar – A Renault também não ficará assistindo passivamente ao sucesso do Jeep Compass e pretende lançar seu oponente. O mais cotado para a função é o médio Kadjar, lançado na Europa em 2015, e que tem tudo para ser fabricado no Brasil em 2019. Com visual atraente e interior refinado, deverá compartilhar a plataforma com a segunda geração do Duster, que é outra grande novidade da marca francesa, com apresentação programada para o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em novembro. Por fim, para marcar presença dentre os SUVs grandes, a Renault pretende importar o Koleos.
Mitsubishi Eclipse Cross – Com nome que remete ao esportivo que fez sucesso no século passado, o Eclipse Cross será posicionado acima do ASX, com valores girando de R$ 125 mil a R$ 145 mil. Equipado com motor 1.5 turbo de 163 cavalos de potência e 25,4 kgfm de torque e cambio automático do tipo CVT, poderá oferecer opções com tração 4×4 e 4×2. Seu porte e estilo são semelhantes aos do recém-lançado novo Honda CR-V.
Lifan X80 – Os chineses fazem nova ofensiva no segmento com o X80. Grande e de aspecto imponente, terá capacidade para sete passageiros e virá equipado com motor 2.0 turbo de 180 cavalos e câmbio automático de seis marchas, com acabamento mais refinado e lista de equipamentos caprichada. Para correr por fora no segmento, a marca pode adotar uma política arrojada de preços, próxima dos praticados para modelos menores, em torno de R$ 100 mil.
Kia Stonic – Com aspecto modernoso, tem um jeito mais descolado e uma pegada ainda mais urbana que o primo Hyundai Creta, com o qual compartilha a plataforma. O motor deverá ser o Gamma 1.6 16V flex de 128 cavalos de potência e 16,8 kgfm de torque (etanol). O preço deverá girar em torno de R$ 90 mil incluindo uma completa lista de itens de tecnologia e conforto. Seu lançamento está previsto para ocorrer ainda em 2018 e deverá ser uma das estrelas da marca no Salão de São Paulo, em novembro.
SUVs Chevrolet – A General Motors também terá modelos completamente novos no segmento, mas é a marca que guarda os maiores segredos. O Tracker não deverá ter uma nova geração e, para o seu lugar, estaria sendo desenvolvido um modelo completamente novo, fabricado no Brasil. Um SUV menor, derivado da família Onix/Prisma, também é aguardado para chegar até 2020. Esses dois novos SUVs estariam entre os 20 lançamentos que a marca norte-americana anunciou para até o final desta década. No topo da linha, a Chevrolet estaria estudando outro modelo, acima do Equinox.
SUVs Fiat – A Fiat está envolta em mistério, mas são esperados três novos SUVs da marca italiana até 2022. Um de grande porte, com capacidade para sete ocupantes, possivelmente derivado da picape Toro, ocuparia o topo da linha. No segmento dos médios, no qual o FCA já faz sucesso com o Renegade, haverá um representante, provavelmente baseado no novo 500X. Um terceiro modelo, ainda menor e construído sobre a plataforma do Argo, também estaria nos planos.
SUVs chineses – As marcas chinesas, cada vez mais presentes no segmento, terão novidades. A JAC Motors terá seu “anti-Compass”, trazendo da China o caprichado T70, equipado com motor 1.5 turbo de 170 cavalos. A Chery, agora sob o controle do grupo Caoa, planeja os novos Tiggo 5 e 7, que podem até mesmo ser produzidos na planta da marca em Jacareí.
