Na Europa, a disputa para assumir o protagonismo da eletrificação no mercado de transporte rodoviário de cargas anda acirrada. No Salão de Hannover de 2016, a Daimler Trucks, corporação alemã que controla a marca Mercedes-Benz, foi a primeira fabricante do mundo a apresentar um caminhão pesado elétrico. No início de 2018, fez a estreia do pesado elétrico Mercedes-Benz eActros e, desde então, testes práticos têm sido feitos por clientes. Em abril deste ano, a Daimler e a sueca Volvo anunciaram uma joint-venture para produção de veículos movidos a célula de combustível – abastecidos por hidrogênio –, mas a sul-coreana Hyundai foi mais rápida e já desembarcou na Suíça, em julho, as primeiras unidades do XCient Fuel Cell, o primeiro caminhão pesado com essa tecnologia produzido em série do mundo. Para não ceder espaços à concorrência, a Daimler acaba de apresentar, na Alemanha, sua estratégia tecnológica para eletrificação de veículos, para atender desde a distribuição urbana até o transporte rodoviário de longas distâncias. O evento focou especialmente a tecnologia de caminhões movidos a célula de combustível com base em hidrogênio para operações de transporte em longas distâncias, com destaque para a apresentação do conceito GenH2.
O GenH2 é um caminhão com célula de combustível com autonomia de até mil quilômetros ou mais e estará em testes com clientes em 2023, com início da produção em série na segunda metade desta década. Além dele, a Mercedes aproveitou o evento para exibir o eActros LongHaul – um Actros elétrico para longas distâncias movido a bateria, com autonomia de cerca de 500 quilômetros, que deverá estar pronto para produção em série em 2024. De quebra, exibiu ainda a mais recente evolução do eActros, caminhão pesado para serviços urbanos de distribuição com autonomia acima de 200 quilômetros, que deverá entrar em produção em 2021. A Daimler Trucks afirma que até 2022 seu portfólio para os mercados norte-americano, japonês e europeu deverá incluir veículos de produção em série com propulsão elétrica por bateria. Em 2039, a meta é oferecer somente veículos novos que sejam livres de emissões de CO2 para operações de transporte na Europa, América do Norte e no Japão.
Com o GenH2, fica clara a proposta de desenvolver a toda velocidade para que caminhões pesados movidos a células de combustível possam executar operações de transporte exigentes de longa distância com autonomia de até mil quilômetros ou mais com um só tanque de hidrogênio. Graças ao uso de hidrogênio líquido em vez do gasoso, com sua maior densidade energética, o desempenho do veículo está planejado para igualar o de caminhões equivalentes convencionais movidos a diesel. A versão para produção em série do GenH2 deverá ter um PBT de 40 toneladas e carga útil de 25 toneladas. Dois tanques de hidrogênio líquido e um sistema especialmente poderoso de célula de combustível possibilitarão essa alta carga útil e grande autonomia, formando assim o núcleo do conceito do GenH2 Truck. Terão uma capacidade de armazenamento particularmente alta de 80 quilos (40 quilos cada) para cobrir longas distâncias. O sistema de tanques consiste em dois tubos, um dentro do outro, que são conectados e isolados a vácuo. Na versão em série desse caminhão, o sistema de célula de combustível deverá fornecer duas vezes 150 kW e a bateria, 400 kW adicionais.
Como uma nova arquitetura de plataforma modular mundial, o trem de força ePowertrain será a base tecnológica de todos os caminhões de produção em série médios e pesados, livres de emissões de CO2, totalmente elétricos da Daimler – seja com propulsão exclusivamente por baterias ou por células de combustível baseadas em hidrogênio. Com o ePowertrain, a Daimler planeja obter sinergias e economias de escala para todos os veículos e mercados em questão. “Com os conceitos de propulsões alternativas da Mercedes-Benz (GenH2, eActros LongHaul e eActros) e nossos caminhões elétricos da marca norte-americana Freightliner e da japonesa Fuso, temos claro foco nas necessidades dos clientes e estamos criando alternativas genuinamente neutras quanto às emissões de CO2”, ressaltou Martin Daum, CEO da Daimler Truck AG e membro do Conselho de Administração da Daimler AG.
por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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