Quando foi lançado no Brasil, em 2015, o Honda HR-V logo tornou-se líder de vendas entre os utilitários esportivos. Reinou soberano até 2017, quando perdeu a hegemonia para o Jeep Compass. Terminou 2018 com 47.962 emplacamentos, uma média mensal de 3.996 unidades, ainda atrás do Compass mas à frente de Hyundai Creta, Nissan Kicks e Jeep Renegade. Este ano, as vendas do HR-V mantiveram a média – foram 27.554 unidades nos sete primeiros meses de 2019, o que dá 3.936 emplacamentos mensais. No entanto, os concorrentes venderam mais e o HR-V foi superado por Creta (29.556 emplacamentos de janeiro a julho), Kicks (31.130), Compass (34.208) e Renegade (38.842). Há dois meses, no lançamento da linha 2020 do HR-V, a principal novidade era nova versão Touring, com motor 1.5 turbo de 173 cavalos. Oferecido por R$ 139.900, já na faixa de preços de SUVs maiores, o HR-V Touring funciona mais como vitrine tecnológica para valorizar toda a linha, sem pretensões de, propriamente, vender muito. A tarefa de engrossar o volume das vendas fica com as versões LX, EX e EXL, equipadas com o motor 1.8 16V FlexOne de 140 cavalos. Dessas, a mais equipada é a EXL, oferecida por R$ 111.900.
Um tanto ofuscada pela badalada estreia da Touring, a versão EXL do HR-V trouxe discretas novidades na linha 2020 – passou a oferecer sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, bem como grade frontal com acabamento em black piano. De resto, a configuração mantém a fórmula: design com um toque de cupê por conta do caimento do teto na traseira, espaço interno e versatilidade de minivan e porte de utilitário esportivo. Continua lá a maçaneta da porta traseira disfarçada na coluna – um recurso característico de sedãs que querem passar por cupês. No lançamento da linha 2019, em novembro do ano passado, o crossover já havia recebido um “facelift” e incorporou uma grade frontal mais larga e com o logotipo da Honda em posição mais horizontal. Os faróis ganharam luzes diurnas de rodagem em leds integradas e conjunto óptico duplo, com sistema de projetor no farol baixo. As luzes de neblina ovais do modelo anterior deram lugar a faróis redondos. Atrás, as lanternas ganharam guias de leds horizontais e acabamento escurecido na parte inferior.
Por dentro, toda a gama do Honda mais vendido do Brasil traz, desde a linha 2019, bancos dianteiros com mais apoio para a região das costas e pernas. Além disso, a versão EXL passou a trazer bancos de couro perfurado e costuras duplas. O console central elevado recebeu um revestimento em black piano e novos porta-copos. O HR-V EXL traz ainda um novo painel de instrumentos com três arcos iluminados e computador de bordo incorporado. A versão vem com uma central multimídia de 7 polegadas, que oferece conectividade com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. Essa central conta com reconhecimento de voz e permite a operação de mapas do sistema de navegação do Waze, reprodução de músicas via Bluetooth, Android Auto ou Apple CarPlay. E ainda agrega navegador GPS 3D integrado.
Como as versões mais básicas LX e EX, a agora intermediária EXL também é movida pelo motor 1.8 16V FlexOne de até 140 cavalos na gasolina e 139 cavalos no etanol, acoplado a uma transmissão CVT – com simulação de 7 velocidades e aletas para trocas de marchas no volante. Segundo dados do Inmetro, o consumo na estrada fica em 12,3 km/l com gasolina e 8,6 km/l com etanol. Na cidade, obtém 11 km/l com gasolina e 7,7 km/l com etanol. Tal desempenho valeu uma nota “C” no Programa Brasileiro de Etiquetagem, tanto na comparação relativa da categoria quanto na comparação absoluta geral. Um item muito valorizado pelos fãs do HR-V é o sistema de rebatimento de bancos Magic Seat, que permite levar grandes volumes a bordo. Entretanto, a principal bagagem que o crossover carrega é mesmo a boa tradição de qualidade dos automóveis da Honda, bem como a reputação de excelência no serviço de pós-venda prestado pela marca. Munição de grande valor em um segmento batalhado nos mínimos detalhes.
Experiência a bordo
Lógica versátil
Para quem gosta de usar o carro para transportar grandes volumes, uma ótima ideia do HR-V é o sistema de rebatimento de bancos Magic Seat, oferecido em todas as versões. São três modos de utilização: Utility, que possibilita rebater os bancos traseiros e ter uma superfície plana para acomodação de bagagens, Tall, que proporciona um espaço para acomodar objetos altos no assoalho do veículo, como um vaso de plantas, elevando o assento dos bancos traseiros, e Long, para o transporte de volumes longos, rebatendo também o encosto do banco do passageiro dianteiro. Com os bancos na posição normal, o HR-V oferece generosos 437 litros de capacidade do porta-malas.
Sem grandes requintes, os revestimentos internos do HR-V agradam. A posição de dirigir é elevada, como em todo SUV. A coluna de direção tem ajuste de altura e profundidade, algo que, combinado aos bons ajustes elétricos do banco do motorista, facilita encontrar a posição ideal para dirigir. A versão EXL é bem dotada de itens de série. Traz ar-condicionado digital, acendimento automático dos faróis, freio de estacionamento com acionamento eletrônico e função brake hold, controle de cruzeiro, faróis de neblina, vidros elétricos com um toque para subida/descida, destravamento do porta-malas por controle, controle de tração e estabilidade (VSA), assistente de partida em rampa (HSA), luzes de frenagem de emergência (ESS), volante com revestimento em couro com borboletas para trocas de marchas, bancos revestidos em couro, airbags laterais e do tipo cortina, acabamentos cromados ao redor dos alto-falantes e das saídas de ar do painel e retrovisores com rebatimento elétrico e função tilt down em marcha a ré. O sensor de chuva, estranhamente, só é de série na versão Touring.
Impressões ao dirigir
Percepção de confiabilidade
Desde o lançamento, em 2015, as evoluções implementadas no HR-V foram discretas, mas efetivas. A meta da Honda sempre foi fazer do HR-V um utilitário esportivo com comportamento dinâmico similar ao de um carro de passeio. E o crossover, de fato, cumpre tal objetivo. A progressividade inteligente da direção, que se mostra leve em velocidades reduzidas – nas manobras de estacionamento, por exemplo – e adequadamente mais rígida nas altas, transmite uma reconfortante sensação de controle. A posição elevada de dirigir ajuda a controlar o entorno do veículo. A suspensão também se revela eficiente e faz com que o modelo incline moderadamente nas curvas. Há pouca oscilação da carroceria em ventos laterais e os freios ABS com EBD são eficientes.
Mesmo sem esbanjar exuberância como o motor 1.5 turbo de 173 cavalos da versão Touring, o propulsor 1.8 da EXL do HR-V entrega níveis decentes de potência e torque. Apesar das restrições inerentes ao câmbio CVT, que recebeu recentes aprimoramentos mas continua mais focado na economia de combustível, o “powertrain” movimenta o SUV com facilidade. Não chega a entregar um comportamento demasiadamente esportivo, porém, atende bem às demandas comuns. Ganha velocidade nas acelerações e retomadas com relativa facilidade, no entanto, se torna rumoroso quando o motorista aperta com força o pedal da direita. Em Drive, o comportamento é mais pacato e voltado para a economia. Entretanto, com a alavanca no modo Sport, é possível arrancar mais vigor usando os “paddles shifts” do volante, com trocas sequenciais entre as sete marchas simuladas pelo câmbio CVT. Nas retas, o HR-V não apresenta flutuação perceptível em altas velocidades e, nas curvas, mantém-se equilibrado e tem boa desenvoltura.
Ficha técnica
Honda HR-V EXL
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.799 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável de válvulas e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio do tipo CVT. Tração dianteira com controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 139 cavalos a 6.300 rpm com etanol e 140 cavalos a 6.500 giros com gasolina.
Torque máximo: 17,3 kgfm a 4.800 rpm com gasolina e 17,4 kgfm a 5 mil giros com etanol.
Diâmetro e curso: 81 mm x 87,3 mm. Taxa de compressão: 11,9:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira com barra de torção. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 215/55 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Utilitário em monobloco com quarto portas e cinco lugares. Com 4,33 metros de comprimento, 1,77 metro de largura, 1,58 metro de altura e 2,61 metros de distância entre-eixos. Airbags frontais e laterais são de série na versão.
Peso: 1.276 kg.
Capacidade do porta-malas: 437 litros.
Tanque de combustível: 51 litros.
Produção: Sumaré, São Paulo.
Preço: R$ 111.900. Pintura metálica ou perolizada acrescem R$ 1.200 ao preço.
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