Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

No início da década de 1930, abalada pelas despesas decorrentes da perda da Primeira Guerra Mundial e pela crise internacional posterior à quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, a Alemanha era um dos países menos motorizados da Europa. Os poucos carros que existiam eram caros, inacessíveis à maioria da população. Até que o então chanceler alemão Adolph Hitler adotou a ideia do engenheiro austríaco Ferdinand Porsche de criar um “Volkswagen” – termo alemão que significa “carro do povo”. Daí surgiu o primeiro Volkswagen, que ficou conhecido no Brasil como Fusca e acabou tornando-se um dos veículos mais icônicos já produzidos. Mais de 80 anos se passaram e a Volkswagen virou um dos maiores fabricantes de automóveis do mundo. Hoje, produz veículos em praticamente todos os segmentos, dos subcompactos despojados aos modelos grandes e sofisticados. Entre os carros que mais subvertem a “origem popular” da marca está o Passat. Importada da Alemanha desde 2015 e carregada de requinte e tecnologia, a oitava geração do sedã é oferecida por preços a partir de R$ 164.620.

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Construído na plataforma modular MQB, o Passat mede 4,76 metros de comprimento, 1,83 metro de largura, 1,45 metro de altura e 2,79 metros de entre-eixos. Com suas linhas discretas e “classudas”, o sedã mais requintado da Volkswagen vendido no Brasil ostenta uma aparência forte e bem germânica, típica dos carros da marca. Para quem gosta de discrição, é perfeito. Já para quem prefere ostentar, o estilo do Passat pode parecer um tanto “comedido” demais. Detalhes cromados envolvem a lateral e grade do radiador e também faróis e lanternas dianteiras, que são afilados e horizontais, com a “assinatura” em leds na parte inferior. Atrás, as lanternas horizontalizadas invadem a tampa do porta-malas, os escapamentos têm desenho trapezoidal e a câmera de ré fica oculta sob a logomarca na tampa do compartimento de carga. Quando a ré é engatada, o emblema se inclina automaticamente e a câmera aparece – a estratégia evita que a lente fique molhada nos dias chuvosos, algo que prejudica a visibilidade nas câmeras mais “expostas”.

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Os 2,79 metros de entre-eixos garantem um espaço interno amplo para até cinco pessoas. Lá dentro, vigora a mesma sobriedade que marca o exterior. O padrão de requinte impressiona – o modelo é importado na versão de acabamento Highline, a de padrão mais elevado da Volkswagen. Mesmo sem maiores firulas estéticas, não faltam acabamentos em alumínio escovado e revestimentos em couro. O sistema multimídia Discover Media com tela de 9,2 polegadas tem HD interno, DVD, GPS e compatibilidade com Android Auto e Apple Car Play. Um relógio analógico na parte alta do tablier reforça o apelo clássico.

Sob o capô, a versão que vem para o Brasil traz o mesmo motor adotado no Golf GTI, o 2.0 TSI de 220 cavalos de potência, que trabalha com o câmbio automatizado DSG de dupla embreagem com 6 marchas. Mas é na lista de equipamentos que o Passat evidencia sua proposta de atender à fatia mais exigente dos consumidores brasileiros. Destacam-se itens como airbags de cortina, controle eletrônico de estabilidade, detector de fadiga, ar-condicionado automático trizone, bancos dianteiros com sistema de aquecimento, direção elétrica com assistência variável, central multimídia, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, chave eletrônica e controle de cruzeiro adaptativo. Dentro da tendência dos sistemas autônomos, o Passat conta com o Emergency Assist, que para o veículo em caso de emergência, o Trailer Assist, que monitora um reboque engatado na traseira em manobras, e o novo Traffic Jam Assist, de assistência em engarrafamentos. O sistema start-stop desliga o motor nas paradas, enquanto o motorista mantém o pé no freio, para economizar combustível. Nos testes de consumo realizados pelo Inmetro, o Passat, que só roda com gasolina, obteve 10,4 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada, que lhe renderam um conceito “A” na categoria e “C” no geral.

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No Brasil, um dos principais rivais do Passat é o Ford Fusion 2.0 EcoBoost Titanium AWD, importado do México. No entanto, nessa faixa de preços próxima aos R$ 170 mil, já esbarra também em versões básicas de marcas alemãs de luxo, como Mercedes Classe C, Audi A4 e BMW Série 3. Talvez pelo preço elevado, foram vendidas no Brasil em 2018 apenas 1.375 unidades do Passat, uma média de 115 emplacamentos mensais.

Experiência a bordo

Toque de classe

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No habitáculo, impera uma sobriedade bem elegante. O acabamento interno é bem caprichado e todos os materiais utilizados aparentam qualidade. O ótimo espaço interno torna a convivência muito agradável, tanto nos bancos frontais quanto nos de trás – dá até para cruzar as pernas no traseiro. Graças à função Easy Entry, o acesso do motorista é facilitado, pois o banco recua automaticamente quando a porta do carro é aberta. Os assentos dianteiros são elétricos e aquecíveis e o ar-condicionado é trizona. Ou seja, uma verdadeira “sala de estar” sobre rodas. Falta apenas uma entrada USB para os ocupantes do banco traseiro. A suspensão é muito eficiente e não deixa a maioria das irregularidades do solo serem transmitidas aos ocupantes.

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Em termos de equipamentos, um dos destaques é a bonita tela que ocupa o lugar do quadro de instrumentos – o layout pode ser configurado pelo motorista. A câmera traseira exibe suas imagens em alta definição na generosa tela de 9,2 polegadas do moderno multimídia. O sistema oferece controle por gestos e também agrega HD interno, DVD, GPS e é compatível com Android Auto e Apple Car Play. Sobre a tela, um simpático relógio analógico redondo dá um charme “vintage” ao conjunto. Controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo (ACC), sistema autônomo de frenagem de emergência, controle de estabilidade com bloqueio eletrônico de diferencial (XDS+), sensor de fadiga e seletor de modo de condução DCC também estão presentes no Passat. O porta-malas leva generosos 586 litros de bagagem.

Primeiras impressões

Conforto com eficiência

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Dirigir o Passat é uma experiência bem gratificante. É daqueles sedãs extremamente confortáveis, que sabem tratar bem o motorista e os passageiros. Tudo está onde deveria estar e funciona como deveria funcionar. Os bancos são aconchegantes e facilmente ajustáveis, os comandos do volante são intuitivos, o posicionamento dos pedais é ideal e a direção eletricamente assistida torna a interação com o modelo amistosa, sem conflitos. A suspensão absorve bem a maioria das irregularidades do piso sem ser excessivamente macia, algo que comprometeria o comportamento dinâmico em altas velocidades. O sistema de suspensão, acionável por um seletor ao lado da alavanca de câmbio, no console central, oferece cinco modos de condução: Comfort, Normal, Eco, Individual e Sport. O baixo nível de ruído interno é outra qualidade que merece destaque.

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Dinamicamente, o conjunto suspensivo do sedã alemão esbanja firmeza para controlar movimentos da carroceria e transmitir uma reconfortante percepção de controle e segurança. Para quem gosta de andar rápido, além do motor turbo de 220 cavalos e 35,7 kgfm de torque e do modo Sport da suspensão, a contribuição da transmissão automatizada DSG de 6 velocidades e dupla embreagem é fundamental. As respostas são imediatas à mais leve pressão no acelerador e permitem acelerar rápido e com confiabilidade – o sedã acelera de zero a 100 km/h em apenas 6,8 segundos e atinge a velocidade máxima de 246 km/h. Ágil nas trocas de marcha, a transmissão de dupla embreagem é de uma precisão impressionante ao interpretar os comandos do motorista. As raríssimas hesitações em ritmos mais intensos são contornadas facilmente com a utilização das borboletas atrás do volante. A confiabilidade do conjunto é reforçada pela certeza de que, em termos de segurança, o Passat também faz bonito. Recebeu cinco estrelas nos “crash tests” e ainda oferece tecnologias como freio autônomo e Pro Active, que prepara o carro para colisões.

Ficha técnica

Volkswagen Passat 2.0 TSI

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1984 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, sobrealimentado por turbocompressor, duplo comando de válvulas e controle contínuo de abertura e fechamento das válvulas. Injeção direta de combustível.
Transmissão: Câmbio automatizado com dupla embreagem, 6 marchas à frente e uma a ré e opção de mudanças sequenciais por meio de borboletas atrás do volante. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 220 cavalos de 4.500 a 6 mil rpm.
Torque máximo: 35,7 kgfm de 1.500 a 3.500 rpm.
Diâmetro e curso: 82,5 mm x 92,8 mm.
Taxa de compressão: 9,6:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente multilink, com quatro braços articulados, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Dianteiros ventilados na dianteira e sólidos na traseira. Oferece ABS e EBD e assistente de frenagem de emergência.
Pneus: 235/45 R18.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,76 metros de comprimento, 1,83 metro de largura, 1,45 metro de altura e 2,79 metros de entre-eixos.
Peso: 1.529 kg.
Capacidade do porta-malas: 586 litros.
Capacidade do tanque de combustível: 70 litros.
Lançamento mundial da primeira geração: 1973.
Produção: Emden, Alemanha.
Preço: R$ 164.620. Os opcionais são teto solar elétrico panorâmico (R$ 5.370) e cores metálicas (R$ 1.750) e perolizada (R$ 2.500).

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