A Ducati surgiu em 1926, quando colocou no mapa das motocicletas a cidade italiana de Borgo Panigale, anexada pela Bolonha durante o governo de Benito Mussolini em meio à Segunda Guerra Mundial. Apesar de ter uma história quase centenária de sucesso entre os amantes de motocicletas de média e alta cilindradas – em especial nas pistas de competição –, a marca italiana tem uma trajetória extremamente curta no Brasil. Em 2012, uma representação paulista começou a importar os modelos da Ducati de forma oficial. No entanto, o impulso definitivo para que a fabricante italiana começasse a conquistar seu espaço no mercado brasileiro viria em 2016, com a chegada do paulistano Diego Borghi, agora com 37 anos de idade, ao cargo de CEO e presidente da Ducati do Brasil.
Responsável direto pela reestruturação das atividades da marca italiana no Brasil, Borghi divide as atenções com os próprios “modelos de sonhos” da Ducati, que comercializa atualmente a motocicleta mais cara do mercado brasileiro, a 1299 Superleggera, por expressivos R$ 550 mil. “No ano que vem, traremos a Panigale V4R para o Brasil”, revelou Borghi, durante a recente inauguração da concessionária Ducati Top Car, em Porto Alegre. A V4R é a versão de rua correspondente à moto utilizada pela Ducati na MotoGP, com o italiano Andrea Dovizioso, que disputou o título nas duas últimas temporadas contra o espanhol Marc Márquez, da Honda. Apresentada no Salão de Milão deste ano, a Panigale V4R tem motor de quatro cilindros, 1.000 cc, 221 cavalos de potência e 11,5 kgfm de torque, e custa 39.990 mil euros no Velho Continente – próximo de R$ 165 mil. Por ser praticamente uma motocicleta de pista, a Panigale V4R participará em 2019 do Mundial de Superbike, campeonato reservado para motos de produção.
P – Embora a história da Ducati no mundo seja enorme, no Brasil, é recente. Como está a Ducati no Brasil?
Borghi – São apenas seis anos aqui no Brasil. A Ducati começou no país em um momento difícil, no final de 2012, quando se iniciou a crise no mercado de motocicletas, e em veículos em geral. As coisas estavam em ascensão e, de repente, veio o choque, não apenas para a Ducati. Começamos nossa história oficial no Brasil com um grupo que arrebentou o mercado para a Ducati. Depois, veio a representação própria, com uma rede não muito saudável financeiramente, até meados de 2015. No ano seguinte, teve início um novo ciclo, com reestruturação completa da rede nacional, chegando aos dias de hoje. Uma prova disso é que estamos retornando à praças onde já estivemos, como no Rio Grande do Sul. Planejamos agora voltar a ter concessionárias no Rio e em Santa Catarina. A campeã em vendas da marca italiana é a Ducati Campinas, desde 2013.
P – Além da Ducati estar ligada às origens da sua família, ela tem em você uma paixão indisfarçável…
Borghi – Minha família tem origem na região chamada de Grande Bolonha, onde fica a fábrica da Ducati, a uns 15 minutos de Borgo Panigale. Meu bisavô veio de lá diretamente para o Brasil. E sempre que posso, vou para lá. É minha segunda casa. Eu trabalhava em outras empresas daquela região da Itália. Na passagem pelo Aeroporto Marco Polo, na região de Veneto e Veneza, dava uma chegada na lojinha da Ducati no aeroporto para comprar lembranças para toda a família. Depois, para minha felicidade, o sonho de trabalhar na Ducati tornou-se realidade.
P – Como está a participação de mercado da Ducati no Brasil?
Borghi – Não vendemos motos em massa, em grande quantidade. Essa não é a nossa realidade. A Ducati vende motocicletas de média e alta cilindradas, algumas, verdadeiros sonhos dos motociclistas. Nosso ticket médio é de R$ 63 mil, além de ter a moto mais cara do Brasil. Nada contra quem vende motos em massa, saliento apenas esses detalhes para mostrar que nosso mercado é diferente. Vendemos no ano passado 1,1 mil unidades no Brasil, com 0,1% de participação. Até outubro deste ano, estávamos em torno de 800. Nosso objetivo a curto prazo é chegar a um market share de 0,5% no país.
P – Qual é importância da MotoGP para a Ducati?
Borghi – Faz parte da nossa plataforma de experiência. A MotoGP proporciona para o entusiasta da marca algo único. Além disto, traremos no próximo ano para o Brasil a V4R originada da MotoGP. Isso é importante porque nossos principais concorrentes (Honda e Yamaha) no Mundial não têm atualmente modelos vindos das pistas no mercado brasileiro. Na MotoGP, a Ducati andou no primeiro pelotão nos dois últimos campeonatos, por pouco, não venceu, principalmente em 2017. Mas neste ano também concorremos até a penúltima etapa. E a gente leva muita fé para 2019.
P – E esta importância aumenta mais com o italiano Andrea Dovizioso disputando o título com uma moto italiana…
Borghi – Teremos dois italianos em 2019, o Andrea Dovizioso e o Danilo Petrucci. O Dovizioso é muito carismático e um ótimo piloto. Isso ajuda muito a Ducati no mercado. Ter um piloto carismático e italiano correndo com uma moto genuinamente italiana só faz aumentar a paixão dos amantes da marca.