No Rio Grande do Sul, além de mais de 150 mortos e milhões de vidas afetadas, a estimativa é que quase 200 mil automóveis tenham sido vítimas das recentes enchentes, boa parte deles com “perda total” – quando o custo do conserto supera o valor do veículo. Embora as fortes chuvas ultimamente estejam mais concentradas no território gaúcho, o Brasil tem proporções continentais e o mau tempo pode assolar outras regiões a qualquer momento. Assim como quase tudo que envolve as sociedades humanas, os carros merecem uma atenção especial no período de chuvas intensas. As ameaças vão muito além do famoso calço hidráulico – quando a água invade o motor em funcionamento, danificando-o quase que por completo. Várias partes dos veículos precisam passar por uma verificação mais atenta após enfrentar alagamentos. São cuidados importantes e que não apenas garantem a funcionalidade geral, mas também preservam a estética, a higienização e até o aroma agradável dos automóveis.
Foco na segurança
Pneus – Eles devem estar em boas condições e calibrados adequadamente em todas as épocas do ano, mas precisam de uma atenção redobrada no período de chuvas intensas. Quando os pneus perdem o atrito com o asfalto, ocorre o maior medo dos motoristas: a aquaplanagem. A melhor forma de se dirigir nesse caso é parar de acelerar e manter a direção reta, sem acionar o freio. Quanto mais rasos estiverem os sulcos dos pneus, maiores serão os risco de o carro aquaplanar.
Freios – Tão importante quanto os pneus, o sistema de freio torna-se o maior aliado do motorista contra acidentes, principalmente na chuva. Os freios merecem mais atenção ainda no quesito manutenção preventiva. Para isso, o motorista deve ficar atento ao nível do fluido de freio e ao estado dos discos, dos cilindros e das pastilhas. Se ouvir um ruído estranho, o freio demorar a ser acionado depois de pisar no pedal ou houver trepidação do volante, o motorista deve levar o carro imediatamente para uma verificação do sistema de freio.
Limpadores de para-brisa – São os mais utilizados na chuva. Por isso, o motorista precisa saber se os limpadores do para-brisa estão funcionando com eficiência antes mesmo de sair de casa. Se a borracha estiver arranhando o vidro, é sinal de que precisa ser trocada. Andar na chuva sem o limpador acionado acarreta em multa pelo inciso 19 do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), sendo classificada como uma infração grave.
Luzes – Todas as luzes externas do veículo devem estar funcionando perfeitamente, principalmente nos alagamentos, com mais atenção aos faróis e às lanternas, que devem permanecer ligados na chuva mesmo durante o dia. Se o motorista não deixar ligadas ao menos as chamadas luzes de posição, estará cometendo uma infração considerada média pelo artigo 250 do CBT. Na chuva, é recomendado o uso do farol baixo para não ofuscar os veículos que trafegam em direção oposta e para não prejudicar a visão pelos seus retrovisores do motorista da frente.
Como dirigir na chuva – O motorista deve manter uma distância maior do que normalmente faz em relação a outros veículos, cuidar quando passar por uma poça d’água por não saber sua profundidade, andar sempre com velocidade reduzida, redobrar a atenção nas ultrapassagens em estradas com pista simples e ficar muito atento com a visibilidade tanto à frente quanto a de trás. Para evitar o calço hidráulico, deve ficar atento se a água da chuva não estiver ultrapassando a metade da altura das rodas. Se mesmo assim insistir em continuar rodando, deve engatar a primeira marcha e andar lentamente e em aceleração constante, para que a água não entre pelo cano de descarga e invada o motor. Nunca seguir o trajeto de um ônibus ou de um caminhão em inundações é outra recomendação importante – eles conseguem atravessar trechos alagados intransponíveis para os automóveis comuns.
Ventilação – A primeira reação de quem está dentro de um veículo quando começa a chover é fechar as janelas, afinal, isso é natural e automático. Mas para que isso não resulte em vidros embaçados, o sistema de ventilação do carro precisa estar funcionando corretamente. Nesse caso, o maior aliado do motorista é o sistema de ar-condicionado, que deve passar sempre por manutenções periódicas para a verificação do estado do gás, do compressor e do filtro de ar.
Foco na estética e na saúde
Após ter enfrentado uma chuvarada, um carro tem de passar, necessariamente, por uma limpeza geral e verificação completa dos seus dispositivos mecânicos e elétricos.
Lavagem – Depois da chuva, o motorista deve passar o carro pelo menos por um lava a jato. Na limpeza mais completa, deve escolher produtos específicos e de qualidade para uma lavagem eficaz e que não comprometa a carroceria e a pintura.
Interior do veículo – Se o carro passar por alagamentos ou mesmo ficar preso em um deles, deve ter uma lavagem interna completa. Para isso, é necessário a retirada de toda a parte interna do veículo, inclusive dos bancos. Remover o carpete e fazer uma limpeza com produtos que combatam as bactérias, o mofo e os germes. A chuva traz vários tipos de bactérias e causa mau cheiro no interior do carro. É preciso secar tudo muito bem, de preferência, ao sol. Jogar fora o feltro antirruído, pois depois de encharcado pela chuva, ele se torna inutilizável. Após retirar os feltros e os tapetes, lavar o assoalho do automóvel com um xampu biodegradável. Com a higienização finalizada, remontar todo o interior do carro com cuidado. Se o motorista deixar esse procedimento de lado, o veículo sofrerá graves consequências, como mofo, odor desagradável e sérios riscos à saúde.
Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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