Entre amostras de tecido, moldes, manequins e talões de pedido, Evandro Luiz de Souza Baptista guarda uma paixão especial por rodas e motores. Desde a infância, o comerciante paulistano do ramo da confecção feminina tinha em seu imaginário pilotar carros de competição. Fã de carteirinha de Ayrton Senna, Evandro acompanhou todos os passos do campeão. “Ele era um piloto diferenciado, dono de um estilo único”, emociona-se. Inspirado por Senna, Evandro desenvolveu a paixão pela velocidade e pelas motos. No caso do comerciante, a magia pelos veículos de duas rodas se expressou por meio de uma Honda CB400, adquirida em 1981 e mantida até hoje impecavelmente “zerada”.
A moto está com o Evandro desde que saiu da concessionária. Em função da correria do dia a dia, do excesso de trabalho e por sua paixão por carros, ficou por dois longos períodos parada, que totalizaram 12 anos de “hibernação”. Hoje, com exatos 27.240 quilômetros rodados, esse raro exemplar da primeira grande moto do mercado brasileiro preserva a aura – e o visual – dos tempos em que tinha acabado de sair da linha de montagem. A pintura é reluzente e os adesivos estão intactos. Por cima do polimento do motor, a CB ganhou uma demão de verniz, que protege e dá mais vida ao propulsor de dois cilindros, que há 37 anos inspirava esportividade com seus “impressionantes” 40 cavalos de potência máxima. Detalhe: os parafusos foram zincados para não enferrujar. Recentemente, a moto ganhou pneus novos. “A CB nunca foi restaurada. Apenas cuidamos de sua estética e fizemos uma bela manutenção mecânica. Nível máximo de conservação para dar aquelas voltinhas de final de semana”, afirma o comerciante de 57 anos.
A Honda iniciou a produção nacional da CB400 em 1980, em Manaus (AM), e logo a moto se tornou um verdadeiro objeto do desejo dos motociclistas brasileiros. Na época, era a única motocicleta nacional acima de 180 cilindradas. Contava com motor de dois cilindros paralelos, 4 tempos, 400 cc, alimentação por carburador e partida elétrica e pedal. Era a única com comando de válvulas acionados por sistema de corrente. Mais luxuosa e com dois discos na dianteira, a Honda CB400 II começou a ser vendida em 1983. Três anos após seu lançamento, chegava uma nova versão com um aumento de potência e novo nome: a CB450. A partir daí, vieram as versões Custom, Esporte, DX e TR. Já a CBR450 SR, com forte apelo esportivo, foi lançada em 1989. A linha CB400/450 foi produzida até 1994.
A CB400 ano 1981 de Evandro ostenta rodas Comstar – feitas em aço-alumínio – e equipada com freio a disco na roda dianteira e o famoso motor bicilíndrico que levava a moto a 170 km/h de velocidade máxima. Na garagem da casa dos Baptista, a moto sai do estado de inércia e ganha vida já na segunda ‘pedalada’, propagando um som médio, ritmado, sem bater válvulas. O próximo passo será reunir a papelada para garantir a placa preta, restrita aos veículos fabricados há mais de 30 anos e que conservam suas características originais de fabricação.
Mas a paixão pela máquina da Honda estará sempre na memória do paulistano Evandro que levava o modelo, literalmente, para passear. “Eu colocava a moto na carreta para curtir a viagem de carro e lá, no destino, aproveitava para fazer passeios curtos de CB ao lado da minha esposa Cibele”, conta, quase gargalhando, lembrando das aventuras por Monte Verde (SP) e Guarapari (ES). “A moto sai de frente e de traseira no barro e na areia”, diverte-se.
Para formar dupla com a Honda CB original de fábrica, o comerciante recorreu a seu outro hobby –, o de colecionar miniaturas. Há pouco tempo, fez uma encomenda para Claudio Antonio da Silva, da Claus Miniatura, modelista de Minaçu, interior de Goiás (GO). Em escala 1:12, a réplica da CB 400 de Evandro traz riqueza de detalhes. Tanque, rabeta, farol e escapamentos, além da cor. Tudo igual ao modelo de tamanho original. “Depois da encomenda, a motinho demorou quase três meses para chegar. Fiquei preocupado, mas valeu a espera, já que a miniatura feita em resina de forma artesanal é muito bem acabada”, derrete-se o proprietário e fã da CB400.