Por serem veículos a combustão interna, os carros “comuns” sofrem mais com as altas temperaturas de um país tropical como é o Brasil, embora tenha regiões com clima mais ameno. A principal vítima do calorão é o motor e tudo que o cerca. E a maior preocupação é com o superaquecimento, que ocorre quando o motor do carro atinge temperaturas para as quais ele não foi projetado para funcionar. O superaquecimento pode acontecer em qualquer estação do ano, mas o risco se potencializa no verão, quando a temperatura do asfalto pode ultrapassar os 60°C. Por ter uma cor mais escura, o asfalto absorve muito calor, e como o radiador do carro está localizado perto do chão, “puxa” toda essa forte temperatura quando o veículo para no trânsito ou anda em velocidades mais baixas. Ao rodar acima de 60 km/h, no entanto, o ar externo somado ao sistema de ventilação do propulsor contribuem para seu resfriamento. Em baixa velocidade ou mesmo em engarrafamentos, o motor esquenta muito no calor porque não existe corrente de ar entre o carro e o solo para refrescar o radiador. Quando o motor superaquece, pode provocar danos severos ao próprio propulsor, comprometer o desempenho e sua vida útil e afetar outros componentes internos, como juntas de vedação, cabeçotes, pistões e anéis, sempre causando muito estrago no bolso do proprietário. Já no caso dos carros 100% elétricos, a mais prejudicada nas altas temperaturas é a autonomia, além dos itens que os “verdes” têm em comum com os veículos a combustão interna.
No quesito arrefecimento do motor, a atuação do motorista é fundamental, pois é ele quem deve ficar atento aos sinais de superaquecimento, que aparecem na indicação de aumento da temperatura no painel de instrumentos, em um forte de cheiro do líquido de arrefecimento queimado, com um vapor saindo do compartimento do propulsor e com a luz de advertência acesa no painel. Se o carro superaquecer, soltando fumaça pelas saídas do cofre do motor, o motorista jamais pode abrir o capô de imediato, muito menos tentar abrir o bocal do radiador, com risco de sofrer queimaduras graves.
As principais causas do superaquecimento do motor são:
– Baixo nível do líquido de arrefecimento – Este é um típico item de manutenção preventiva e, se não estiver em um nível correto, o líquido de arrefecimento – ou a falta dele – é o maior causador do superaquecimento. Como o líquido tem como função única manter a temperatura do motor a um nível constante e não extrapolar os limites, se não estiver no nível certo, o calor dentro do propulsor aumenta rapidamente. Para evitar que tenha um problema de difícil solução ou até mesmo irreversível, o motorista tem de verificar periodicamente o nível do líquido de arrefecimento. Isso tem de ser feito com o motor a frio, antes de ser acionado pela primeira vez no dia. Se o líquido voltar a ficar baixo no dia seguinte, o carro deve ser levado a um mecânico de confiança imediatamente.
– Termostato – É a peça que regula a quantidade de líquido de arrefecimento dentro do motor. Se o termostato apresentar falha na posição fechada, o fluxo de refrigeração é reduzido e o motor terá, fatalmente, superaquecimento. Se for constatado um defeito no termostato, ele precisa ser trocado o quanto antes.
– Nível de óleo – Além de lubrificar todas as partes móveis e de atrito do propulsor, o óleo tem a função de tirar calor do motor quando está no nível correto. Se o motorista rodar com o óleo abaixo do nível, provocará superaquecimento.
– Ventoinha – Colocado normalmente na frente do radiador de água, o popular “ventilador de motor” ajuda a resfriar o líquido de arrefecimento quando o veículo está parado ou em baixa velocidade, sendo acionado automaticamente. Se a ventoinha não estiver funcionando corretamente – e seu ruído quando é acionada pode ser ouvido pelo motorista atento, o “sinal vermelho” deve ser ligado.
– Sistema de refrigeração – Vazamentos em mangueiras, conexões e no próprio radiador podem levar à perda do líquido de arrefecimento, provocando superaquecimento progressivo.
– Correia do ventilador – Transmite a rotação do motor para a ventoinha. Se a correia estiver quebrada ou solta, a ventoinha não funcionará corretamente.
– Bomba d’água – Responsável por circular o líquido de arrefecimento. Se houver vazamentos ou mau funcionamento da bomba d’água, o fluxo de refrigeração é comprometido.
Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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