Até maio deste ano, o mercado brasileiro de automóveis 100% elétricos tinha como “modelos de entrada” três subcompactos – Renault Kwid E-Tech, JAC E- JS1 e Caoa Chery iCar –, com preços na faixa de R$ 140 mil a R$ 150 mil. Em junho, a marca chinesa BYD lançou o compacto elétrico Dolphin EV, maior e mais equipado que os concorrentes, por R$ 149.800. Como resposta, os três rivais reduziram seus preços entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. Mas o barateamento da concorrência não impediu que o Dolphin se tornasse um fenômeno comercial. Em setembro, o compacto da BYD ultrapassou emplacou 1.036 unidades e respondeu por cerca de 57% dos modelos puramente elétricos comercializados no Brasil – saíram das concessionárias brasileiras no mês passado 1.822 automóveis carregáveis exclusivamente em tomadas. Para aproveitar a boa fase do Dolphin, a BYD apresenta agora duas novas configurações. Uma é a Diamond, uma inédita versão preta do modelo apresentado em junho. A outra é a Plus, que aposta em um motor mais forte e uma bateria maior, além de mais equipamentos.
Apesar de ser apresentado pela BYD como uma nova variante, de fato, o Dolphin Diamond é apenas uma opção com carroceria preta, para quem gosta de cores mais sóbrias – desde o lançamento, o Dolphin EV é comercializado somente nas vistosas tonalidades Dolphin Grey (cinza), Afterglow Pink (rosa acinzentado) e Cheese Yellow (amarelo). As configurações mecânicas e de equipamentos são as mesmas do Dolphin EV lançado em junho, incluindo o motor elétrico síncrono de 95 cavalos e 18,3 kgfm. Com a carga plena na bateria Blade de 44,9 kWh, o veículo roda mais de 400 quilômetros no ciclo WLTP ou 291 quilômetros pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro. O preço da Diamond também é igual ao das outras cores do Dolphin EV – foram mantidos os R$ 149.800 de junho, quando o compacto elétrico da BYD foi apresentado.
Se na Diamond a inovação é apenas cromática, na Plus, a ideia da BYD é oferecer uma configuração mais esportiva e potente. Com um motor de 204 cavalos, o mesmo torque de 18,3 kgfm e uma bateria Blade de 60,48 kWh, a nova versão promete uma autonomia de 427 quilômetros no ciclo WLTP. A relação peso/potência é de 6,9 kg/cv na versão Plus e de 14,8 kg/cv na EV e na Diamond. Isso explica porque a Plus pode acelerar de zero a 100 km/h em apenas sete segundos e atingir os 160 km/h – com o motor de 95 cavalos, a aceleração até os 100 km/h é feita em 10,9 segundos e a máxima fica em 150 km/h. O Dolphin Plus chega ao Brasil com o preço especial de lançamento de R$ 179.800 – exatos R$ 30 mil a mais que a configuração inicial.
Em termos estéticos, as dimensões – 4,13 metros de comprimento, 1,77 metro de largura, 1,57 metro de altura e 2,70 metros de entre-eixos – e a carroceria com estilo de inspiração marinha do Dolphin foram preservados na versão Plus. As diferenças começam pelas cores. A Plus tem quatro opções, sempre em biton: Azul Surfing com Cinza Dolphin, Preto Delan com Cinza Atlantis, Rosa Afterglow com Cinza Dolphin e Branco Ski com Cinza Dolphin. As rodas de 17 polegadas – são de 16 polegadas nas outras versões – contam com design exclusivo. A configuração mais esportiva agrega ainda um teto panorâmico com cortina elétrica e bancos com ajuste elétrico – nas outras, são manuais.
Em relação ao modelo apresentado em junho, foi mantido na Plus o ICS (Inteligent Cockpit System), multimídia com conectividade para Apple CarPlay e Android Auto com uma generosa tela de 12,8 polegadas, com rotação elétrica para posição vertical ou horizontal. Lá aparecem as imagens das câmeras e dos sensores frontais, laterais, traseiras e 360 graus e dos aplicativos dos smartphones. O comando de voz permite que o motorista solicite ações como “Hi BYD, ligue o Spotify” e “Hi BYD, me guie para casa”. É possível de se usar o NVidia para jogar videogame com o carro parado ou cantar no karaokê – para quem prefere apenas ouvir música, o sistema de som conta com seis alto-falantes. A tecnologia NFC possibilita abrir o Dolphin com um cartão – bastando aproximá-lo do retrovisor do motorista para destravar a porta.
O Dolphin Plus também preserva a função sistema VtoL (Vehicle to Load). Com o uso de um adaptador, a bateria do carro pode se transformar em uma fonte de energia e alimentar equipamentos externos. A tecnologia OTA (over the air) faz atualizações no sistema do carro à distância, parecido com o que ocorre com os smartphones. O proprietário recebe uma mensagem no painel quando há uma atualização disponível e faz o download quando estiver estacionado. A versão Plus acrescenta novos dispositivos de segurança, como piloto automático adaptativo, sistema de detecção de ponto cego, assistente de troca de faixa, leitor de placas de velocidade e alerta de tráfego cruzado dianteiro e traseiro com auxílio de frenagem. A garantia para a linha Dolphin é de oito anos ou de 200 mil quilômetros para o motor. A bateria Blade conta ainda com garantia de oito anos sem limite de quilometragem. Toda a linha de automóveis 100% elétricos da BYD tem cinco anos de revisão gratuita ou 100 mil quilômetros.
Em julho, a BYD confirmou um investimento de R$ 3 bilhões para a construção de fábricas de automóveis elétricos e híbridos, caminhões e baterias em Camaçari, na Bahia, no local em que a Ford tinha uma unidade industrial até janeiro de 2021. O início da produção nacional de automóveis da BYD está previsto para 2025. Atualmente, além da linha Dolphin, a BYD importa da China o utilitário esportivo de sete lugares Tan EV, o sedã grande Han EV, o SUV médio Yuan Plus EV e o cupê esportivo Seal – todos 100% elétricos – e o SUV grande híbrido plug-in Song Plus DM-i.
Embora os carros totalmente elétricos representem menos de 0,5% do total de automóveis e comerciais leves emplacados no Brasil de janeiro a setembro deste ano, as vendas do segmento crescem de forma mais vigorosa que o restante do mercado nacional. E os lançamentos não param de acontecer. Em setembro, a Volvo iniciou as pré-vendas do elétrico EX30, o menor SUV da marca sueca, que chega da China no começo de 2024, com preços variam de R$ 219.950 a R$ 279.950, dependendo da versão. Também no mês passado, a Renault lançou o crossover elétrico médio Megane E-Tech, produzido na França, com preço de R$ 279.990. Em dezembro, desembarcará no Brasil um novo concorrente direto do Dolphin – o GWM Ora 03, importado da China, com preço de pré-venda partindo de R$ 150 mil na versão de entrada Skin.
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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