Para tornar-se mais competitiva dentro do disputado segmento de picapes médias no Brasil, a Ford decidiu criar versões específicas para cada tipo de cliente. Em março deste ano, a família da picape média – até então composta pela versão de cabine simples XL e pelas de cabine dupla XL, XLS (4×2 e 4×4), Black, Storm, XLT e Limited – ganhou uma nona variante, a FX4. O nome vem da junção de “Ford” e “4×4” e começou a ser usado pela marca norte-americana no começo dos anos 2000 para identificar o pacote off-road de suas picapes – é adotada também na Maverick e na F-150, picape grande que abrirá as pré-vendas no Brasil em novembro, com primeiras entregas em fevereiro. Com o lançamento da nova configuração, a Ranger conta com versões voltadas para o trabalho (XL cabine simples e dupla), para uso misto (XLS) e para utilização pessoal (Black, Storm, XLT, FX4 e Limited).
Para cativar o consumidor que busca combinar sofisticação e capacidade para suas aventuras off-road, a Ranger FX4 vem com o motor mais forte da linha, o Duratorq 3.2 turbodiesel com potência de 200 cavalos e torque de 47,9 kgfm, transmissão automática de 6 marchas, direção elétrica, tração 4×4 e diferencial traseiro blocante. O sistema de redução de poluentes que equipa todos os modelos da Ranger 2023 atenua as emissões de óxido de nitrogênio – segundo a Ford, ultrapassa em mais de 70% as exigências legais do Proconve 7 e protege o ambiente sem perda de potência e torque do motor com uso do reagente líquido Arla 32.
A Ranger FX4 ostenta um visual com superfícies musculosas e detalhes em preto combinando partes foscas e brilhantes – bom para quem quer fugir do padrão cromado das picapes médias. A grade dianteira com desenho exclusivo traz o indefectível logotipo oval da marca em destaque no centro. Assim como a parte central inferior do para-choque, ela tem acabamento em preto brilhante e se conecta aos faróis full-led com projetores e máscara negra, também exclusivos da versão. Estribos pretos no estilo plataforma ajudam na acessibilidade. Alargadores de para-lamas, além de protegerem a lateral, transmitem a sensação de que a FX4 é mais alta e larga. As rodas de 18 polegadas têm visual próprio e são calçadas com pneus Pirelli Scorpion 265/60 R18 All Terrain (50% on-road e 50% off-road). Quem quiser enfrentar trilhas mais pesadas pode optar pelas rodas de 17 polegadas com pneus 265/65 R17 All Terrain Plus da versão Storm, por um custo adicional de R$ 2 mil. O santantônio funcional é exclusivo da configuração. Na traseira, as lanternas têm máscara escurecida, além do emblema “FX4”. A capota marítima para a caçamba é opcional. O interior vem com bancos de couro sintético com costuras vermelhas e o emblema “FX4” em relevo nos encostos. O mesmo acabamento é adotado na alavanca do câmbio e no descansa-braço central. Apliques escuros brilhantes revestem o painel em frente ao passageiro, o volante e as molduras das maçanetas internas. A carroceria é disponível em seis cores – Vermelho Toscana (a do modelo testado), Vermelho Bari, Prata Geada, Branco Ártico, Preto Gales e Cinza Moscou.
O sistema de suspensão da FX4 é igual ao da Storm e tem foco em aprimorar o comportamento dinâmico e a dirigibilidade da picape, seja vazia ou carregada e em diferentes condições de terreno. Entre os itens de conforto, a picape oferece ar-condicionado digital de dupla zona, banco do motorista com ajuste lombar e elétrico, sensor de chuva, painel com duas telas de LCD, central multimídia Sync com tela de 8 polegadas, acesso a Android Auto e Apple CarPlay e assistente de fechamento da tampa da caçamba. O conjunto de segurança inclui sete airbags, sistema AdvanceTrac com controle eletrônico de estabilidade e tração, controle anticapotamento e adaptativo de carga, assistente de partida em rampa, controle automático em descidas, câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro.
O preço sugerido para a FX4 é o mesmo da versão intermediária XLT – R$ 301.790. Devido à carga tributária de ICMS, os Estados de São Paulo e Amazonas tem preços mais elevados – partem de R$ 309.335. Assim, a FX4 revela uma relação custo/benefício bem mais atraente que a da XLT, pois acrescenta airbags laterais e de cortina (que se somam aos frontais e de joelhos para motorista de série desde as versões básicas da linha), bancos parcialmente revestidos em couro, câmera de ré, diferencial traseiro blocante, piloto automático, rodas de liga leve de 18 polegadas (são de 17 polegadas na XLT), multimídia Sync 3 (é Sync 2,5 na XLT), santantônio e sensor de estacionamento traseiro. Em relação à “top” Limited, que custa R$ 22.600 a mais e conta com adereços diferenciados, a FX4 abre mão basicamente dos sistemas de assistência ao motorista – alerta de colisão, assistente autônomo de frenagem com detecção de pedestres, farol alto automático, piloto automático adaptativo, sistemas de permanência em faixa e de reconhecimento de sinais de trânsito – e da trava elétrica da tampa da caçamba.
Experiência a bordo
No limiar da evolução
Na FX4, os apliques em preto brilhante e os acabamentos em High Gloss espalhados pela cabine conferem um ar mais sofisticado que o da versão XLT. O acabamento preserva o bom padrão das linhas de montagem de General Pacheco, província que faz parte da Grande Buenos Aires. No painel, são duas telas de LCD de 4,2 polegadas, como nas versões XLT e Limited, O revestimento dos bancos é em couro sintético com costuras em vermelho, mesmo padrão adotado no volante, na alavanca de seleção e nos apoios de braço central e das portas. Como toda a linha Ranger, a FX4 conta com o sistema FordPass Connect, aplicativo que fornece comandos e informações remotas do veículo pelo celular. Com ele, é possível dar partida remota e climatizar a cabine, conferir a autonomia e a pressão dos pneus, fechar e destravar portas, receber alertas de alarme e de funcionamento, localizar a picape ou acessar o manual do proprietário.
Apesar de a versão ser a mais novata da linha, a idade da Ranger atual já transparece no estilo interior da FX4 – a nova geração da picape chegará à fábrica da Argentina em 2023 e de lá virá para o Brasil. A central multimídia Sync 3 usa uma tela tátil horizontal de 8 polegadas e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay – é eficiente e com boa interatividade, porém, quase tímida quando comparada à Sync de quarta geração da Ranger já apresentada na América do Norte, Europa e Ásia, que conta com uma vistosa tela vertical de 12,3 polegadas. Na atual Ranger, ainda aparece entre os bancos frontais a tradicional alavanca de freio de mão – que dará lugar a um freio de estacionamento eletrônico, por botão, na próxima geração. O ar-condicionado é de duas zonas e a chave é comum, sem modernidades do tipo “presencial com partida por botão”. Também fazem falta na versão o ajuste de profundidade do volante – há apenas regulagem de altura – e saídas de ar-condicionado para o banco traseiro.
Impressões ao dirigir
Boa de trilha e de estrada
Ao contrário do estilo mais comedido das Ranger com motor 2.2 de 160 cavalos e 39,2 kgfm (versões XL, XLS e Black), a FX4 tem o jeito “abusado” típico das configurações com motor 3.2 turbodiesel de 200 cavalos e 47,9 kgfm – o mesmo das Storm, XLT e Limited. O comportamento dinâmico é exuberante – sobra força, com retomadas “espertas”. As trocas de marchas seguem suaves e ágeis. O câmbio permite trocas manuais sequenciais na alavanca, para uma tocada mais esportiva ou reduções mais rápidas para melhores retomadas de velocidade. Na cidade, no uso cotidiano, os 5,35 metros de comprimento nem sempre se harmonizam com os espaços exíguos de alguns estacionamentos. A câmera de ré e o sensor de estacionamento ajudam na tarefa.
Já nas trilhas, a Ranger FX4 fica mais à vontade. A tração integral “mostra serviço” e evita “escapadas” em piso de terra ou cascalho. Bem adaptada para condições adversas de aderência, a picape da Ford encara sem vacilações dunas de areia e caminhos enlameados – a reduzida e o bloqueio de diferencial ajudam a amenizar os eventuais problemas. Os 23 centímetros de vão livre e os bons ângulos de entrada e saída favorecem bastante.
Por adotar uma suspensão de eixo rígido e feixe de molas na traseira, a Ranger tende a “pular” um pouco quando a caçamba está vazia, especialmente em pisos muito irregulares, mas preserva uma reconfortante estabilidade. A direção elétrica é bem ajustada, com a desejável progressividade. Controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa e controles de cruzeiro e adaptativo de carga ajudam a tornar o manejo da picape mais cordial. Nas frenagens, é prudente reservar uma distância um pouco maior do que o normal em um carro de passeio – afinal, mesmo vazia, a picape pesa mais de duas toneladas.
Ficha técnica
Ford Ranger FX4
Motor: 3.2 Duratorq turbodiesel
Potência: 200 cavalos
Torque: 47,9 kgfm
Transmissão: automática de 6 marchas
Suspensão: dianteira independente, com molas helicoidais e barra estabilizadora, traseira com eixo rígido com feixe de molas longitudinais
Rodas e pneus: rodas de liga leve de 18 polegadas e pneus 265/60 R18 All Terrain
Freios: disco ventilado na dianteira e tambor na traseira
Peso: 2.247 kg
Dimensões: 5,35 metros de comprimento, 2,16 metros de largura, 1,82 metro de altura e 3,22 metros de distância de entre-eixos
Capacidade de carga: 1.023 kg
Tanque: 80 litros
Fabricação: Coronel Pacheco (Argentina)
Preço: R$ 301.790 (devido à carga tributária de ICMS, os Estados de São Paulo e Amazonas tem preços mais elevados – partem de R$ 309.335)
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/Automotrix
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