O IAA Transportation é considerado o maior evento de veículos comerciais para mobilidade, transporte e logística do mundo. Acontece a cada dois anos na cidade alemã de Hannover e, com quase todos os grandes eventos globais, enfrentou dificuldades de realização nos últimos anos por conta da pandemia do coronavírus. Na edição de 2022, de 20 a 25 de setembro, fabricantes de veículos comerciais e os principais de sistemas automotivos promovem uma demonstração de sua capacidade de fornecer soluções de transporte capazes de atender às atuais e futuras demandas dos protocolos ambientais que restringem as emissões de poluentes pelos veículos.
Destaques do IAA Transportation 2022
Mercedes-Benz
A alemã Mercedes-Benz apresentou seu “protótipo conceitual” do eActros LongHaul, que deve começar a ser produzido em série em 2024. Com uma carga de bateria, o pesado estradeiro elétrico para longas distâncias terá um alcance de cerca de 500 quilômetros. O carregamento de megawatt fará com que as baterias sejam carregadas de 20% a 80% em menos de 30 minutos. A tecnologia de células de fosfato de ferro e lítio (LFP) das baterias permite uma longa vida útil e mais energia utilizável. Três conjuntos de baterias fornecem uma capacidade total instalada de mais de 600 kWh. Dois motores elétricos, como parte de um novo eixo eletrônico, geram uma potência contínua de 400 kW e uma potência de pico de mais de 600 kW. Outra atração do estande da marca é o caminhão GenH2, com base em células de combustível de hidrogênio. Os primeiros protótipos já estão passando por testes – a meta de desenvolvimento é um alcance de até mil quilômetros ou mais. Os motores à base de hidrogênio são considerados pela marca a melhor solução, pelas vantagens em termos de custos e viabilidade técnica da infraestrutura, além de maiores autonomias, flexibilidade e tempos de reabastecimento mais curto. Novos modelos com motor a diesel também apresentados pela Mercedes-Benz em Hannover, com destaque para o caminhão premium Actros L.
Volvo
A marca sueca apresentou um eixo traseiro totalmente elétrico. Ao liberar espaço para mais baterias, o novo e-aAxle significa alcance ainda maior para os caminhões elétricos a bateria da Volvo. Mais baterias significam maior alcance, criando oportunidades para que os transportes de longa distância também sejam eletrificados. Nos caminhões elétricos a célula de combustível, que estão em desenvolvimento (em parceria com a Mercedes-Benz) e serão lançados pela Volvo na segunda metade desta década, o espaço adicional é útil para a instalação de outros componentes. A Volvo tem atualmente a maior oferta de caminhões elétricos a bateria do setor. Além dos já disponíveis, os caminhões médios FL e FE, a marca começará a comercializar na Europa as versões 100% elétricas do semipesado FM e dos pesados FH e FMX, com capacidade total de 44 toneladas.
Iveco
Em parceria com a sul-coreana Hyundai, a Iveco apresentou o protótipo do seu primeiro veículo elétrico de célula de combustível, o eDaily Fuel Cell Electric Vehicle (FCEV). O furgão, que já tem propulsões tradicionais a diesel e movidas por metano/biometano, passará em breve a contar com opções de motor elétrico a bateria (BEV) ou a célula de combustível. As duas empresas anunciaram em julho uma parceria para a produção de ônibus Iveco Bus equipados com o sistema de célula de combustível da Hyundai. O protótipo funcional do eDaily FCEV está equipado com o sistema de célula de combustível de hidrogênio de 90 kW da Hyundai e motor elétrico de 140 kW. Seis tanques oferecem uma capacidade combinada de armazenamento de 12 quilos de hidrogênio. O protótipo com peso bruto de 7,2 toneladas foi testado na Europa, confirmando autonomia de 350 quilômetros, carga útil de três toneladas e tempo de reabastecimento de 15 minutos. Enquanto o eDaily BEV, também lançado no IAA, é mais adequado para viagens curtas, o eDaily FCEV será uma opção ideal para entregas mais longas. O Nikola TRE, caminhão elétrico a célula de hidrogênio fruto de uma parceria entre a Iveco, a FPT Industrial e a fabricante de veículos elétricos norte-americana Nikola, é outra atração do estande. O pesado que pode ser abastecido em tomadas deve chegar aos primeiros clientes selecionados nos Estados Unidos no próximo ano. O pesado S-Way – cotado para estar na Fenatran, evento de transporte de cargas que acontecerá na capital paulista, em novembro – também estava na mostra alemã.
Scania
A Scania passa a oferecer uma ampla gama de soluções eletrificadas para caminhões HEV (veículo elétrico híbrido) e BEV (veículo elétrico a bateria) de até 64 toneladas. A Nova Geração de caminhões elétricos a bateria da Scania, com emissão zero, será oferecida nas cabines R ou S, para várias aplicações. São dois níveis de potência disponíveis: 40 na opção de cabines do tipo R ou S com 400 kW (544 cavalos), e 45 R ou S com 450 kW (612 cavalos). Os dois níveis de potência estão disponíveis com até 624 kWh de baterias instaladas, significando que um caminhão de 40 toneladas pode alcançar uma autonomia de até 350 quilômetros. Os caminhões eletrificados Scania já podem ser encomendados na Europa, com a produção se iniciando no quarto trimestre de 2023. A marca exibiu também dois novos motores a biogás – uma opção de motorização já vendida no Brasil – de 13 litros para caminhões, de 420 e 460 cavalos. Outra novidade é o Scania Super, um nova linha de caminhões com um trem de força movido a diesel e biocombustíveis e equipado com sistema de pós-tratamento Twin SCR que promete uma economia de combustível de oito por cento para longas distâncias. O novo motor chega ao mercado brasileiro em 2023 e estará na Fenatran, em novembro.
Ford
A fabricante norte-americana mostra no IAA uma Transit com novos faróis de leds ligados por um filete horizontal e uma grade redesenhada. Atrás, as lanternas também foram renovadas. Não está definido quando as alterações chegarão aos modelos produzidos no Uruguai, que abastecem o mercado brasileiro. Mas o destaque da marca em Hannover é a E-Transit Custom, uma versão menor, furgão, com propulsão totalmente elétrica, já comercializada na Europa e que deve chegar ao Brasil em 2023. A E-Transit Custom tem bateria de 74 kWh e oferece uma autonomia de até 380 quilômetros. A recarga em carregadores rápidos, de até 125 kWh, pode ser feita em 40 minutos. Com capacidade para até 1,1 tonelada de carga útil, o modelo tem duas opções de motor, com potências de 136 cavalos e 271 cavalos. O torque, de 42,3 kgfm, é igual em ambos. Segundo a Ford, o início das vendas da E-Transit Custom na Europa será em 2024.
ZF
A multinacional alemã de sistemas automotivos ZF mostra suas mais recentes soluções automatizadas, conectadas e de eletromobilidade. Entre os destaques está o supercomputador para veículos comerciais ProAI. Sua proposta é fornecer inteligência veicular para todas as plataformas, aplicativos de software e arquiteturas de sistemas elétrico-eletrônicos. Compacto, mais eficiente em termos energéticos e mais potente do que a geração anterior, ele suporta todos os níveis de automação, desde ADAS – sistemas avançados de assistência ao motorista – até a condução autônoma de Nível 5. O poder de processamento do ProAI é de até um quatrilhão de operações por segundo, e está previsto para ser lançado na China a partir de 2023. A ZF também revelou seu novo acionamento central elétrico CeTrax 2, que permite às montadoras oferecerem sistemas de “driveline” convencionais e elétricos em uma única plataforma de veículo, com alta potência e torque, menor peso e maior eficiência. Outra novidade da empresa é a plataforma de frenagem mBSP ‘XBS’ de última geração.
Bosch
De acordo com as previsões da Bosch, a diversidade dos “powertrains” aumentará subsequentemente e, até 2035, metade de todos os veículos comerciais novos serão elétricos, movidos a bateria ou a hidrogênio. Por isso, a empresa alemã de sistemas automotivos tem 30 projetos de fabricação motores elétricos a bateria e também tem planos para modelos elétricos abastecidos por célula de combustível. A Bosch investe ainda no desenvolvimento nos motores H2 – um tipo de motor de combustão interna movido a hidrogênio, que é “queimado” como se fosse diesel, gasolina ou etanol.
por Luiz Humberto Monteiro Pereira, da AutoMotrix
em parceria com o Grupo Carbono Zero
Fotos: Divulgação
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