A edição que celebra os 25 anos da CBR 1000RR Fireblade se destaca pela potência ampliada para 191,7 cavalos, peso reduzido para apenas 178 quilos e, sobretudo, pela eletrônica embarcada. Muitas das novidades são originárias das tecnologias desenvolvidas nas pistas. A Honda deseja ocupar novamente espaço no segmento top das superbikes, no qual brigam BMW S 1000RR, Kawasaki ZX10-R, Suzuki GSX-R 1000 e Ducati 959 Panigale.
É verdade que o segmento não tem números muito significativos e representa menos de 1% das vendas de motocicletas no mercado brasileiro. “Mas essas motos são vitrine e precisam estar presentes para mostrar do que a marca é capaz”, justifica o diretor da Honda, Alexandre Cury. Por isso, a Honda decidiu entrar na briga e aproveitar a boa imagem de suas motos nas pistas, tanto lá fora quanto aqui no Brasil, aonde Eric Granado usa uma CBR 1000RR Fireblade no Superbike Brasil e ganha tudo o que disputa por aqui.
A CBR 1000RR Fireblade foi apresentada no Salão Duas Rodas 2017, e é óbvio dizer que foi uma das maiores sensações do grande espaço ocupado pela marca no São Paulo Expo. O projeto tem 90% de componentes totalmente novos em relação ao modelo anterior, com destaque aos novos conjuntos ciclísticos e mecânicos derivados da RC213V-S – versão de rua do modelo RC213, a moto de Marc Márquez e Dani Pedrosa na equipe Repsol Honda Team da MotoGP.
A nova Fireblade está com uma relação peso/potência 14% melhor, 15 quilos mais leve, 11 cavalos mais potente e com a embreagem requerendo 17% menos força de acionamento em sua operação. Na prática, isso significa que são 191,7 cavalos (13.000 rpm), 11,82 kgfm de torque (a 11.000 rpm), 13,0:1 de taxa de compressão (antes era 12,3:1), 171 quilos a seco e itens em magnésio ou titânio, como tanque de combustível (16 litros) e escape, que contribuíram para a redução de peso.
A CBR 1000RR já está disponível nas lojas Honda Dream em duas versões e preços distintos. A STD custa R$ 69.900 e está à venda na cor vermelha, enquanto a CBR 1000RR Fireblade SP (comercializada pela primeira vez no Brasil) sai por R$ 79.900 e está disponível nas cores de competição HRC (branco, azul e vermelho).
Quem estiver disposto a investir R$ 10 mil a mais poderá levar para casa (ou para pista) uma experiência mais profunda em pilotagem esportiva, graças às exclusividades da versão SP: suspensão ajustável Öhlins com seis níveis de ajuste, sendo três manuais e outros três automáticos, selecionados eletronicamente por meio do painel totalmente digital com setups personalizáveis; pinças de freio assinadas pela Brembo; câmbio com quickshifter de 6 marchas e o uso de uma bateria de Li-On, que propicia baixa taxa de descarga e vida útil maior. É possível também gerenciar os cinco modos de pilotagem ou nove níveis de controle de tração.
Impressões ao pilotar
Estilo hi-tech
Mogi Guaçu/SP – A Honda proporcionou um test-ride com as duas versões da nova Fireblade na pista do autódromo Vello Cittá, em Mogi Guaçu (SP). O teste permitiu algumas voltas com ambas as versões, ajustadas em níveis opostos de intervenção eletrônica. Em um primeiro momento, com o nível mais alto, ou seja, para pilotos menos experientes, em que a entrega de potência é mais lenta, o controle de tração, o acelerador eletrônico e o freio motor estão no nível máximo. Bastou uma volta para perceber que apesar de ser uma superbike, a moto se comporta como uma clássica, não permitindo ao piloto qualquer ousadia e intervindo sempre que essa tentativa aconteça.
Contudo, na segunda volta com a mesma moto em situação inversa, com o nível de intervenção quase no mínimo, a situação mudou completamente e a ousadia foi permitida quase sem limites, exigindo muito mais atenção e habilidade, já que o motor cresce muito mais rápido (e a velocidade também), admitindo até deixar escorregar a roda traseira nas frenagens mais fortes, dependendo, claro, da habilidade do piloto. Mesmo motociclistas que não são fãs das esportivas se sentirão confortáveis e confiantes na nova Honda CBR Fireblade, porque a moto é realmente envolvente e favorece um ótimo encaixe no cockpit.
Um capítulo à parte é a versão SP da Fireblade, que além de muito bonita, oferece comportamento superior com seus freios Brembo, a suspensão dianteira Öhlins (semi-ativa, que se ajusta automaticamente ao nível de exigência) e a presença do quickshifter, três itens que fazem enorme diferença no desempenho da moto. Esse conjunto admite frenagens mais “dentro” das curvas, maior segurança para contorná-las e aceleração mais rápida nas saídas, além de ser mais sensível e preciso, dá ao piloto a chance de evoluir mais rápido na busca de aprimoramento de sua técnica e estilo.
Segundo o piloto Eric Granado, que estava presente no autódromo no dia do test-ride, só o quickshifter rende um ganho de quase 1 segundo no tempo de uma volta rápida. E nessa moto o piloto pode ainda programar para marcar seus tempos volta a volta para perceber sua evolução, tudo no belo e completo painel tipo “tablet” que equipa a moto e possibilita várias configurações de exibição das informações.
A moto exige quase um curso especial para aprender a lidar com toda a tecnologia eletrônica que tem: unidade de medição de inércia, acelerador eletrônico (TBW), cinco modos de pilotagem, nove níveis de controle de tração, três níveis de freio motor e configuração da suspensão dianteira em seis níveis. Tudo isso disponível em tempo integral e completamente ajustável. Um test-ride com a nova CBR 1000RR Fireblade na pista evoca uma simples pergunta: como era possível pilotar as motos esportivas do passado sem nada disso? Aí, passa-se a dar valor e a entender que, com a ajuda eletrônica, é possível melhorar muito o nível de pilotagem, porque os eventuais erros são corrigidos pela moto e dá para se encontrar o limite de cada piloto mais facilmente. Algo que antes vinha com uma queda.